São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2004

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Grupo brasileiro toma US$ 40 bi emprestados à véspera da crise

DA REPORTAGEM LOCAL

A Parmalat Participações do Brasil, uma das holdings que controla os negócios do grupo italiano no país, captou US$ 40 milhões com dois bancos internacionais e refinanciou uma dívida de US$ 18,08 milhões, às vésperas da crise da matriz, deflagrada em novembro. A dívida total do grupo no Brasil chega a R$ 1,8 bilhão.
Os empréstimos -contratados em setembro e outubro- têm como garantias notas promissórias emitidas pela holding brasileira que contam com aval da Parmalat SpA, a controladora italiana. Segundo analistas, diante da crise da matriz, o aval não vale mais nada.
Andrea Ventura, representante da Parmalat SpA no Brasil e administrador da holding local, disse à Folha, por telefone, da Itália, que "não houve movimentação de dinheiro nessas operações, são apenas refinanciamentos de dívida". Segundo Ventura, "nos últimos anos a Parmalat Participações tem gerenciado os vencimentos de dívida do grupo".
No entanto, de acordo com os registros na Junta Comercial de São Paulo, duas das operações são empréstimos novos, contratados em setembro e outubro.
Um dos empréstimos, de US$ 20 milhões, foi concedido pela agência de Nova York do banco japonês UFJ Bank Ltd. A Parmalat deverá pagar uma taxa de juros de 2,31% ao ano mais a Libor.
Os recursos seriam destinados ao financiamento de importações e exportações e foram liberados no final de setembro, segundo informação registrada na Junta Comercial. O empréstimo vence em setembro deste ano.
No entanto, diante da crise do grupo, o UFJ Bank já começa a costurar um acordo com a Parmalat Participações do Brasil, segundo informou a representação do banco em Nova York. O banco informou, ainda, que vem mantendo contato com outros bancos brasileiros, credores da Parmalat.
O segundo empréstimo, também no valor de US$ 20 milhões, foi obtido pela Parmalat Participações do Brasil em outubro, com o Standard Chartered Bank, com sede em Londres.
Os recursos seriam destinados ao financiamento de capital de giro da empresa, e a taxa de juros contratada foi de 3,25% ao ano, mais a Libor, segundo registro na Junta Comercial. A assessoria de imprensa do Standard Chartered informou que o banco tem uma política de privacidade e não faz comentários sobre seus clientes.
Já o refinanciamento diz respeito a uma captação externa, feita por meio de emissão de títulos de dívida da empresa. O agente responsável pela emissão, colocação e pagamento dos títulos é o Bank Boston N.A. Trata-se da agência do FleetBoston no Brasil -controlador do BankBoston. O banco não comenta a operação.
(SANDRA BALBI)


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