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VIZINHO
É a 2ª anulação em três meses
Argentina cancela novo contrato de privatização
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
A Argentina cancelou ontem o
contrato de concessão da empresa francesa Thales Spectrum, que
controlava o espaço radioelétrico
do país desde 1997, e decidiu reestatizar o serviço.
É a segunda vez em três meses
que o presidente argentino Néstor Kirchner anula um contrato
de privatização feito nos anos 90,
durante o governo Carlos Menem
(1989-99) -a primeira foi em novembro do ano passado, contra a
empresa Correos Argentinos.
A principal justificativa para a
decisão foi o fato de a empresa
não ter realizado investimentos
no valor de US$ 300 milhões, previstos no contrato de licitação.
"A leitura que se deve fazer é
que o Estado argentino, por meio
de seus organismos de controle,
está firmemente disposto a fazer
cumprir os contratos de concessão, fundamentalmente em matéria de serviços públicos", afirmou
o ministro do Planejamento, Julio
de Vido.
O governo alega que a empresa
descumpriu cerca de 70% do contrato, causando prejuízos ao Estado de 300 milhões de pesos.
Além disso, segundo De Vido, a
empresa apresentou uma arrecadação "que excede a taxa de rentabilidade" média das empresas
de serviço público da Argentina.
Para o economista Jose Luis Espert, a decisão é de fundo ideológico. "Este governo está nas antípodas ideológicas do governo dos
anos 90 e o modelo adotado então
está sendo revisado na sua totalidade", afirmou. "Não descarto
que tenha havido descumprimentos da lei, mas que sejam da
magnitude para justificar o que
está fazendo o governo é uma coisa completamente diferente."
O contrato firmado com a Thales Spectrum, no valor de US$ 500
milhões, valia por 15 anos. Além
de exercer controle para evitar
"pirataria", a empresa administrava o espaço que utilizam as ondas de rádio, telefones celulares,
radiotáxis, radioamadores e todos os serviços de telecomunicações que não utilizam cabos.
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