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Copom indica novos cortes graduais
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das pressões que tem sofrido para acelerar a queda dos juros, o Banco Central deu sinais
ontem de que pretende continuar
com os cortes graduais que têm
sido feitos nos últimos meses. Na
semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC)
se reuniu e reduziu a taxa Selic de
18% ao ano para 17,25%.
Ontem, foi divulgada a ata dessa
reunião. No documento, a diretoria do BC traça um cenário razoavelmente tranqüilo para a economia neste ano. Segundo essa análise, a inflação aparenta estar sob
controle e deve ficar dentro das
metas do governo, o que afasta a
necessidade de manter os juros
no elevado nível de hoje.
Por outro lado, o BC também se
mostra confortável com o ritmo
de crescimento esperado para os
próximos meses. Logo, não seria
preciso reduzir a taxa de forma
mais acelerada, apesar da vontade
do governo de que a recuperação
da economia seja mais rápida
neste ano de eleições.
Combinadas, essas avaliações
ajudam a ilustrar o raciocínio dos
membros do Copom: os juros devem cair, mas não há urgência
nessa redução.
Para o economista Alexandre
Mathias, do Unibanco Asset Management, a ata indica que o juro
deve cair 0,75 ponto na próxima
reunião do Copom, dias 7 e 8 de
março. "É um cenário bastante
confortável [para 2006], com a
economia crescendo 3,75%, a Selic em 14,5% no final do ano e a inflação perto da meta."
Mathias diz concordar com a
análise do BC de que a economia
brasileira já está se recuperando,
mas afirma que o comportamento da inflação ainda precisa ser
acompanhado mais de perto. "Eu
seria menos complacente do que
o BC foi na ata", afirma o economista, ao se referir ao aumento
nas projeções médias do mercado
para o IPCA deste ano.
Segundo levantamento com
analistas feito pelo BC, a estimativa para a inflação deste ano subiu
de 4,5% para 4,58% entre as reuniões do Copom de dezembro e
janeiro. Mathias diz que é preciso
atenção para que essa alta não se
mantenha daqui para a frente.
A ata ressalta que, em 2005, a inflação ficou em 5,69%, a mais baixa desde que o país adotou o sistema de metas, em 1999. Para este
ano, o objetivo do governo é manter a alta do IPCA em 4,5%.
Relatório da LCA Consultores
aponta que, para o BC, a alta dos
preços ocorrida neste início de
ano é temporária e, por isso, não
chega a preocupar. "Essa aceleração da inflação decorre de pressões pontuais e não vem contaminando as projeções dos mercados
para horizontes mais longos."
Dias antes da reunião do Copom, o BC havia sido alvo de críticas do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Levy reclamava que a instituição não explicitava os riscos enfrentados pela
economia que justifiquem a manutenção dos juros, que estão entre as mais altos do mundo.
O secretário foi repreendido publicamente pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ainda assim, o documento divulgado ontem pelo BC não deixa de dar certa razão a Levy, já que poucas são
as ameaças citadas no texto.
Nas palavras dos membros do
Copom, o "cenário externo permanece favorável", a "atividade
econômica se posiciona em níveis
historicamente elevados", o "prêmio de risco Brasil registrou novo
mínimo histórico, reflexo da melhora consistente dos fundamentos da economia" e "continua se
configurando um cenário benigno para a evolução da inflação".
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