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Suíça Nestlé adota Nordeste do "bom" Lula
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
"Lula, bom presidente",
diz sorrindo o belga Paul
Bulcke, em um portunhol
mais que razoável, adquirido
em seus tempos de Chile.
Para a Nestlé, da qual Bulcke é o vice-presidente-executivo para as Américas, é
um presidente tão bom que
estará presente à inauguração da 512ª fábrica da portentosa multinacional, em
Feira de Santana, na Bahia.
Será dentro de duas semanas, com o que a Nestlé (que
vendeu US$ 70 bilhões em
produtos alimentícios em
2005) completa a nova estratégia que desenhou para o
Brasil, decorrente de uma
das "bondades" do "bom presidente Lula".
O aumento no consumo de
alimentos pelos mais pobres,
em especial no Nordeste, levou a Nestlé a criar um comando específico para a região. Tem autonomia para
usar a fatia do orçamento
que lhe corresponde e para
decidir estratégias de marketing e de distribuição, levando em conta as peculiaridades nordestinas.
Exemplo concreto: a propaganda tem muito mais foco em rádio do que acontece
no restante do Brasil, porque, no Nordeste, rádio continua sendo fonte de informação vital.
Exemplo dois: a distribuição tem que ser mais diversificada do que em São Paulo.
"Não há tantos Pão de Açúcar", justifica Bulcke.
A fábrica de Feira de Santana permitirá melhor "mix"
de produtos, mais de acordo
com o gosto local.
Bulcke está feliz da vida
não só com o presidente Lula
mas com os negócios de sua
companhia no Nordeste. "O
resultado tem sido nos últimos anos o dobro da média
conseguida no Brasil", diz.
Não obstante, o empresário não foge à realidade. "O
crescimento poderia ser
maior", afirma, ecoando
pensamento de 11 de cada 10
empresários. Mas, apressa-se a emendar, "a estabilidade
é um bem precioso que deve
ser mantido".
Bulcke diz que a Nestlé,
com o investimento na nova
fábrica na Bahia, está fazendo a sua parte, mas queixa-se
de que "o grande problema é
a infra-estrutura" do país, sabidamente precária.
(CLÓVIS ROSSI)
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