São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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Multinacionais anunciam 75 mil demissões

Caterpillar e Pfizer lideram lista de cortes no mundo; segundo estimativas, EUA perdem 600 mil empregos por mês

Na Europa, cortes de ontem ultrapassam 16 mil; diante dos anúncios, Obama pede novamente aprovação de pacote de US$ 825 bilhões


DA REDAÇÃO

A crise global, nascida no mercado financeiro, deu ontem mais um sinal de que já se estabeleceu na economia "real".
Importantes companhias americanas e europeias, algumas com filiais no Brasil, anunciaram que vão demitir mais de 75 mil funcionários pelo mundo ao longo de 2009.
A primeira da lista é a americana Caterpillar, maior fabricante mundial de equipamentos de construção e motores para veículos pesados, que cortará 20 mil funcionários. A Caterpillar afirmou que 2009 será um de seus anos mais fracos desde a Segunda Guerra.
O grupo farmacêutico Pfizer, que anunciou a aquisição da rival Wyeth, planeja cortar, segundo o jornal "Financial Times", 15% da força de trabalho combinada das duas empresas -ou 19 mil trabalhadores-, informação não confirmada pela assessoria de imprensa da marca no Brasil.
Também nos Estados Unidos, a Sprint Nextel, terceira maior operadora de telefonia celular americana, divulgou plano de 8.000 demissões (14% do quadro). A Home Depot, a maior cadeia de lojas de material de construção nos Estados Unidos, afirmou que cortará 7.000 funcionários.
A General Motors divulgou que demitirá 2.000 operários em duas de suas linhas de montagem nos Estados Unidos. Já a fabricante de computadores IBM cortou 1.400 postos na semana passada. Na Texas Instruments, que produz aparelhos celulares, as demissões chegam a 3.400.
O presidente Barack Obama afirmou que os cortes mostram a urgência de seu programa de estímulo econômico. O pacote, de US$ 825 bilhões, incluiria redução de impostos, benefícios sociais de emergência e investimentos públicos. "Não se trata apenas de números em uma página", disse Obama. "Como no caso dos milhões de empregos perdidos em 2008, estamos falando de homens e mulheres cujas vidas foram perturbadas e cujos sonhos terão de ser adiados."
A economia americana eliminou 2,6 milhões de empregos desde o início da recessão, em dezembro de 2007 -o pior resultado bruto desde 1945. A taxa de desemprego no país subiu para 7,2% em dezembro. Os economistas se preocupam com a possibilidade de que a economia esteja perdendo até 600 mil empregos ao mês. Os pedidos de seguro-desemprego haviam subido a 589 mil na semana encerrada em 17 de janeiro, repetindo o recorde de dezembro.

Europa
O banco holandês ING anunciou, ontem, que demitirá 7.000 de seus 130 mil funcionários em todo o mundo. A também holandesa Philips, que opera no setor de eletrônica, anunciou o corte de 6.000 empregos à medida que acelera seus planos de reestruturação.
No balanço publicado ontem, a empresa admitiu um prejuízo de 1,47 bilhão no último trimestre de 2008. A Corus, siderúrgica britânica controlada pelo grupo indiano Tata, anunciou o corte de 3.500 do seu total de 41 mil funcionários.
Alemanha, Reino Unido, França e Espanha registraram queda acentuada na produção industrial. Na sexta-feira, o governo espanhol anunciou que a taxa de desemprego do país chegou a 13,91% no último trimestre -a maior taxa na zona do euro. (MAURÍCIO MORAES)


Com "Financial Times" e "New York Times"

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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