São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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Após 6 trimestres de queda, Reino Unido cresce e sai da recessão

Expansão entre outubro e dezembro foi de apenas 0,1%; retração em 2009 chega a 4,8%

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Após um ano e meio em contração, o Reino Unido saiu da recessão no último trimestre, embora com uma taxa de crescimento mais modesta do que o esperado. Segundo os dados preliminares do Banco da Inglaterra, a economia cresceu 0,1% de outubro a dezembro.
O Reino Unido é assim a última das grandes economias a sair da recessão (o Canadá não divulgou seu PIB do terceiro trimestre ainda). E, apesar de ter voltado ao azul, a retração 4,8% acumulada em 2009 é a maior desde que a série passou a ser registrada, em 1949. Nos seis trimestres de recessão, o PIB britânico encolheu 6,1%
O crescimento apático de 0,1% no trimestre também decepcionou analistas, que esperavam um avanço em torno de 0,4%, segundo o "Financial Times". Ainda assim, a expectativa é que a retomada se mantenha amparada sobretudo no setor de serviços.
"Parece que a economia do Reino Unido está ganhando fôlego de uma forma mais sustentável", disse à Folha Chris Williamson, da consultoria Markit, em Londres. "Entramos em 2010 bem colocados no cenário internacional, com um bom equilíbrio entre indústria manufatureira e serviços." Ambos avançaram 0,1% segundo o dado oficial.
Williamson afirma que a estimativa preliminar subestimou o crescimento e deve ser revisada para cima no futuro, sobretudo devido a um desempenho acima do registrado no setor de serviços, puxado por transportes, comunicação e hotéis/restaurantes. Apenas o setor financeiro continuou a encolher, com recuo de 0,8%.
"A manutenção da recuperação ainda vai depender muito dos gastos de setor público, e este é um ano eleitoral", disse.
O analista acredita, no entanto, que a fragilidade da recuperação vai impedir que um eventual governo do Partido Conservador (a oposição é favorita para vencer o pleito em maio ou junho) mude imediatamente a política econômica ou retire os estímulos fiscais implementados pelo trabalhista Gordon Brown, amparados em uma redução do equivalente ao brasileiro ICMS.
Com o crescimento tímido, também há pouca expectativa de que os juros subam.
Um obstáculo será voltar a atrair investimento externo direto. Segundo dados da Unctad (braço da ONU para comércio e desenvolvimento), o Reino Unido foi o país que mais perdeu recursos no ano passado entre os mais ricos, um mergulho de quase 93%. Em contrapartida, a queda da libra esterlina (hoje a 0,87 para o euro) deve ajudar as exportações.
Segundo Williamson, o segundo semestre de 2011 reserva mais apreensão aos britânicos do que o ano corrente. "Será quando o impacto da eleição terá se consolidado e as políticas começarão a mudar."


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