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Após 6 trimestres de queda, Reino Unido cresce e sai da recessão
Expansão entre outubro e dezembro foi de apenas 0,1%; retração em 2009 chega a 4,8%
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Após um ano e meio em contração, o Reino Unido saiu da
recessão no último trimestre,
embora com uma taxa de crescimento mais modesta do que o
esperado. Segundo os dados
preliminares do Banco da Inglaterra, a economia cresceu
0,1% de outubro a dezembro.
O Reino Unido é assim a última das grandes economias a
sair da recessão (o Canadá não
divulgou seu PIB do terceiro
trimestre ainda). E, apesar de
ter voltado ao azul, a retração
4,8% acumulada em 2009 é a
maior desde que a série passou
a ser registrada, em 1949. Nos
seis trimestres de recessão, o
PIB britânico encolheu 6,1%
O crescimento apático de
0,1% no trimestre também decepcionou analistas, que esperavam um avanço em torno de
0,4%, segundo o "Financial Times". Ainda assim, a expectativa é que a retomada se mantenha amparada sobretudo no setor de serviços.
"Parece que a economia do
Reino Unido está ganhando fôlego de uma forma mais sustentável", disse à Folha Chris Williamson, da consultoria Markit, em Londres. "Entramos em
2010 bem colocados no cenário
internacional, com um bom
equilíbrio entre indústria manufatureira e serviços." Ambos
avançaram 0,1% segundo o dado oficial.
Williamson afirma que a estimativa preliminar subestimou
o crescimento e deve ser revisada para cima no futuro, sobretudo devido a um desempenho
acima do registrado no setor de
serviços, puxado por transportes, comunicação e hotéis/restaurantes. Apenas o setor financeiro continuou a encolher,
com recuo de 0,8%.
"A manutenção da recuperação ainda vai depender muito
dos gastos de setor público, e
este é um ano eleitoral", disse.
O analista acredita, no entanto, que a fragilidade da recuperação vai impedir que um eventual governo do Partido Conservador (a oposição é favorita
para vencer o pleito em maio
ou junho) mude imediatamente a política econômica ou retire os estímulos fiscais implementados pelo trabalhista Gordon Brown, amparados em
uma redução do equivalente ao
brasileiro ICMS.
Com o crescimento tímido,
também há pouca expectativa
de que os juros subam.
Um obstáculo será voltar a
atrair investimento externo direto. Segundo dados da Unctad
(braço da ONU para comércio e
desenvolvimento), o Reino
Unido foi o país que mais perdeu recursos no ano passado
entre os mais ricos, um mergulho de quase 93%. Em contrapartida, a queda da libra esterlina (hoje a 0,87 para o euro) deve ajudar as exportações.
Segundo Williamson, o segundo semestre de 2011 reserva mais apreensão aos britânicos do que o ano corrente. "Será
quando o impacto da eleição terá se consolidado e as políticas
começarão a mudar."
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