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Votorantim se queixa a Lula de energia cara
Empresa diz que, com elevação de custo, tem optado por produzir em outros países; em seis anos, tarifa avançou 68%
Indústria reclama que tarifa alta afeta a competitividade do país no mercado externo; para CNI, tributo excessivo contribui para o aumento
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Administração do grupo Votorantim, Carlos Ermírio de Moraes, reclamou do preço da
energia em encontro com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Ele disse que, por conta
da elevação desse custo, o grupo tem optado por produzir em
outros países. Citou como
exemplo a produção de zinco
no Peru e de alumínio em Trinidad Tobago.
De agosto de 2003 a agosto
de 2009 a tarifa de energia cobrada da indústria aumentou
de R$ 140,39 por MWh (megawatt-hora) para R$ 236,11, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). O reajuste foi de 68%, ante uma inflação acumulada de 36%.
"A oferta de energia não é
problema. O problema são os
custos", disse o executivo, ao
sair da reunião com Lula. Segundo Ermírio de Moraes, a
mudança do perfil da matriz
energética brasileira tem causado preocupação, devido ao
aumento da participação de
fontes mais caras, como as termelétricas a gás natural.
Na avaliação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o país está perdendo competitividade no mercado internacional. "Está havendo uma
erosão da competitividade por
um aumento totalmente injustificado da energia", disse
Eduardo Carlos Spalding,
membro do comitê de infraestrutura da entidade.
Segundo Spalding, a tarifa
subiu, em dólar, 21,6% entre
2002 e 2007. Ele avalia que os
encargos embutidos na tarifa
(que sustentam subsídios, como a tarifa de baixa renda) contribuem para esse aumento.
O governo tem tido dificuldade em licitar hidrelétricas, devido à falta de projetos e ao
complicado processo de licenciamento ambiental das obras.
Por isso, termelétricas a óleo,
carvão ou gás têm gerado mais
energia. A participação da fonte
hidrelétrica (mais barata e menos poluente) deverá cair de
79,6% para 71% até 2017, segundo estudos do governo.
Mercado livre
De acordo com Roberto Pereira D'Araújo, pesquisador da
Coppe/UFRJ, as tarifas de
energia têm subido muito para
todos os tipos de consumidores
por conta do modelo adotado
durante a privatização do setor.
Ele ressalta, no entanto, que a
indústria tem uma vantagem
ante o consumidor residencial:
pode comprar energia barata
no mercado livre. "Por conta
das chuvas, os preços no mercado livre têm estado muito
baixos. A parte da indústria que
fica no mercado cativo, no entanto, está pagando caro."
No mercado cativo, o consumidor é atendido por distribuidoras de energia e não pode
mudar de fornecedor. No livre,
do qual só podem participar
grandes consumidores, a indústria pode comprar diretamente das geradoras, a preço
menor (ontem, a cotação do
MWh estava em R$ 12,80).
Investimentos
Carlos Ermírio de Moraes informou ao presidente que que o
plano de investimento 2007-2012 da empresa está praticamente cumprido: dos R$ 26 bilhões previstos, R$ 20 bilhões
já foram investidos. Nos próximos dois anos, afirmou, serão
aplicados mais R$ 10 bilhões.
Em 2009, o Banco do Brasil
comprou o banco Votorantim.
O grupo, que perdeu R$ 2,2 bilhões com operações financeiras, teve ajuda do BNDES para
comprar a Aracruz.
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