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LUÍS NASSIF
Miro quer competição
O ministro das Comunicações, Miro Teixeira, sustenta que não pretende modificar contratos de concessão, agora que começa a ser discutida a
sua renovação. Sua pretensão é
instituir, para valer, a competição no setor.
No caso da telefonia fixa, diz
ele, há um monopólio, um serviço concedido e um consumo
obrigatório. Além disso, se têm
preços indexados ao IGP-DI.
Qual a única maneira de combater o monopólio e a indexação? A competição, diz ele.
Para impedir o monopólio, a
lei prevê que um prestador de
serviços alugue e pague pelo
compartilhamento da rede existente -o chamado "umbundling". A dificuldade é que a companhia telefônica pode pedir preços impraticáveis, a fim
de impedir a competição. A discussão da renovação dos contratos de concessão é o momento para arbitrar preço de compartilhamento, diz Miro.
Nos EUA, esse modelo não
funcionou, alerta o consultor
Virgilio Freire. Em sete anos, as
novas entrantes só conseguiram
11% do mercado de locais, com
as empresas de telefonia fixa
criando toda sorte de problemas.
Na semana passada, a Anatel
de lá (FCC) começou a discutir o
fim do "umbundling". Em seu
lugar, querem que as empresas
de telefonia fixa se dividam em
duas, uma de serviços, outra de
cabo. A de cabo alugaria sua
"última milha" (a entrada na
casa do cliente) para todo mundo, inclusive para a sua correspondente em serviços. Quem encabeça as discussões, aliás, é Michael Powell, filho de Colin Powell.
A falta de competição fez com
que, no ano passado, nos EUA,
as assinaturas de linhas locais
registrassem queda pela primeira vez desde a crise de 29. Pessoas estão deixando de comprar
telefones fixos e ficando só com
o celular.
O segundo ponto é uma resistência enorme da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a novas tecnologias e serviços, que possam ampliar a competição. O caso Vésper é exemplar. A empresa opera com tecnologia WLL, de celular fixo,
padrão CDMA. Em dezembro
passado a empresa comprou licenças em oito Estados para
operar serviços móveis. Na época, a Anatel julgava que o Brasil
caminharia para o padrão GSM
de tecnologia móvel. Com a
compra da TCO pela Telesp, o
CDMA se fortaleceu. Por conta
dessa disputa de padrões, a
Anatel vem sistematicamente se
negando a autorizar a Vésper a
operar na frequência pedida.
Ontem mesmo Miro enviou
um ofício à Anatel, estranhando
que a agência se meta em uma
disputa entre padrões de tecnologia.
Um segundo exemplo -talvez ainda não do conhecimento
do ministro- é o de uma pequena empresa nacional que
desenvolvia sistemas de computação para empresas de telefonia celular. A empresa se deu conta de que as companhias
operam com apenas 35% da capacidade. Entrou com pedido
na Anatel para comprar capacidade disponível das empresas e
montar seu próprio serviço de
celular segmentado.
A Anatel vem empurrando
com a barriga faz tempo. Se o
modelo der certo, surgirão centenas de pequenas empresas de
telefonia celular, melhorando a
competição, mas conseguindo
funcionar sem passar pela burocracia da Anatel. E isso significaria perda de poder.
Net
A Telefônica volta a se mexer
para adquirir a Net.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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