|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Renda extra do consumidor vai para dívida
Recursos adicionais de fim de ano, como 13º salário, são usados para pagar impostos por 40% dos brasileiros, diz FGV
Despesas com dívidas, tributos e educação afetam em especial os mais pobres, que gastam menos o ganho extraordinário com lazer
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Sondagem da Confiança do
Consumidor, da Fundação Getulio Vargas, investigou pela
primeira vez o destino da renda
extra dos brasileiros no fim do
ano. Segundo a pesquisa, 40,3%
dos entrevistados usaram os
recursos para pagar dívidas.
Segundo o levantamento,
65,1% dos entrevistados receberam algum tipo de remuneração complementar no fim do
ano. A grande maioria (79,3%)
recebeu o 13º salário, mas, para
6,9%, a renda adicional no fim
do ano foi decorrente de maior
movimentação nos negócios,
especialmente para empresários e pequenos comerciantes.
O emprego temporário foi a
fonte de remuneração de 2%
dos entrevistados.
A maior proporção de registros do 13º salário (85%) ocorreu na classe média (renda familiar de R$ 4.800 a R$ 9.600).
A renda complementar proveniente de negócios foi mais citada entre famílias com rendimento acima de R$ 9.600.
Os dados da pesquisa mostram que as dívidas pesaram
mais no orçamento dos mais
pobres. Quase metade (48%)
dos consumidores com renda
familiar até R$ 2.100 usou o dinheiro extra para quitar dívidas. Entre os mais ricos (renda
familiar acima de R$ 9.600), o
percentual foi de 24,1%.
De modo geral, o consumidor
empregou 23,6% de sua renda
adicional de fim de ano no pagamento de impostos. A compra de bens representou só
7,6% do montante recebido.
"Os resultados [da pesquisa]
confirmam que o 13º salário
contribui para aumentar a confiança no fim do ano, mas não
atinge as faixas de renda de forma igual", disse o coordenador
da pesquisa, Aloísio Campelo.
Somando a quitação de dívidas, o pagamento de impostos e
os gastos com matrícula e material escolar, verifica-se que os
mais pobres comprometeram
cerca de 83% da renda extra
com essas despesas. Só 5,3% do
ganho foi usado para lazer.
Entre os mais ricos, a parcela
comprometida com impostos,
dívidas e despesas escolares foi
da ordem de 53%. As famílias
com renda superior a R$ 9.600
gastaram 26% da renda com lazer e compra de bens.
Já o indicador do mercado de
trabalho caiu 9,8%. Sem perspectiva de melhora, a parcela
de consumidores dispostos a
viajar nas férias atingiu 22,9%,
o menor nível da série.
Texto Anterior: Alimentos: Mercado externo derruba lucro da Perdigão Próximo Texto: Após 7 meses, cai confiança do brasileiro Índice
|