São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

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Renda extra do consumidor vai para dívida

Recursos adicionais de fim de ano, como 13º salário, são usados para pagar impostos por 40% dos brasileiros, diz FGV

Despesas com dívidas, tributos e educação afetam em especial os mais pobres, que gastam menos o ganho extraordinário com lazer


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Sondagem da Confiança do Consumidor, da Fundação Getulio Vargas, investigou pela primeira vez o destino da renda extra dos brasileiros no fim do ano. Segundo a pesquisa, 40,3% dos entrevistados usaram os recursos para pagar dívidas.
Segundo o levantamento, 65,1% dos entrevistados receberam algum tipo de remuneração complementar no fim do ano. A grande maioria (79,3%) recebeu o 13º salário, mas, para 6,9%, a renda adicional no fim do ano foi decorrente de maior movimentação nos negócios, especialmente para empresários e pequenos comerciantes.
O emprego temporário foi a fonte de remuneração de 2% dos entrevistados.
A maior proporção de registros do 13º salário (85%) ocorreu na classe média (renda familiar de R$ 4.800 a R$ 9.600). A renda complementar proveniente de negócios foi mais citada entre famílias com rendimento acima de R$ 9.600.
Os dados da pesquisa mostram que as dívidas pesaram mais no orçamento dos mais pobres. Quase metade (48%) dos consumidores com renda familiar até R$ 2.100 usou o dinheiro extra para quitar dívidas. Entre os mais ricos (renda familiar acima de R$ 9.600), o percentual foi de 24,1%.
De modo geral, o consumidor empregou 23,6% de sua renda adicional de fim de ano no pagamento de impostos. A compra de bens representou só 7,6% do montante recebido.
"Os resultados [da pesquisa] confirmam que o 13º salário contribui para aumentar a confiança no fim do ano, mas não atinge as faixas de renda de forma igual", disse o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo.
Somando a quitação de dívidas, o pagamento de impostos e os gastos com matrícula e material escolar, verifica-se que os mais pobres comprometeram cerca de 83% da renda extra com essas despesas. Só 5,3% do ganho foi usado para lazer.
Entre os mais ricos, a parcela comprometida com impostos, dívidas e despesas escolares foi da ordem de 53%. As famílias com renda superior a R$ 9.600 gastaram 26% da renda com lazer e compra de bens.
Já o indicador do mercado de trabalho caiu 9,8%. Sem perspectiva de melhora, a parcela de consumidores dispostos a viajar nas férias atingiu 22,9%, o menor nível da série.


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