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Juro bancário tem maior alta em 7 anos
Levantamento do Banco Central mostra que taxa média dos empréstimos disparou 3,5 pontos percentuais em janeiro
Custo do crédito bate em 37,3% ao ano, e elevação é mais intensa para pessoas físicas; cenário externo e IOF explicam movimento, diz BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados nos empréstimos bancários tiveram,
em janeiro, a maior alta em
quase sete anos.
Segundo levantamento feito
pelo Banco Central, a taxa média dos financiamentos chegou
a 37,3% ao ano, aumento de 3,5
pontos percentuais em relação
a dezembro.
Desde julho de 2001 o custo
do crédito não subia nessa velocidade de um mês para outro.
A alta foi mais forte nos financiamentos para pessoas físicas. Nesse segmento, a taxa
média passou de 43,9% ao ano
para 48,8%.
No crédito pessoal, uma das
modalidades de empréstimo
mais populares, os juros subiram de 59,1% ao ano para
67,3%.
Mesmo nos empréstimos
com desconto em folha de pagamento, que costumam ser a
opção mais barata de financiamento para pessoas físicas, os
juros subiram: passaram de
28,1% ao ano para 29,3%.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, credita esse movimento ao
aumento nas alíquotas do IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) das instituições financeiras, o que teria pressionado
o custo dos empréstimos.
O aumento nos tributos fez
parte de conjunto de medidas
adotadas pelo governo no mês
passado para compensar o fim
da CPMF.
"Além disso, a volatilidade
externa fez com que os bancos
ficassem um pouco mais criteriosos na concessão do crédito", afirma Lopes. Ou seja,
diante das incertezas do mercado, as instituições financeiras
teriam se preparado para um
eventual aumento dos juros básicos da economia -a taxa Selic
está inalterada em 11,25% ao
ano desde setembro do ano
passado.
Já o presidente do Banco do
Brasil, Antônio Lima Neto, afirma que as instituições financeiras buscaram, neste início de
ano, ajustar-se a projeções de
inflação mais alta para 2008,
devido aos índices de preços ligeiramente mais elevados do
que o esperado no final de
2007. "Com uma expectativa
de inflação mais alta, o mercado projetou que poderia haver
um aumento nos juros [básicos]", diz o executivo.
Para Marcelo Moura, professor do Ibmec São Paulo, o aumento no custo dos empréstimos poderia ter sido evitado
caso o governo tivesse optado
por outras medidas para compensar o fim da CPMF. "O primeiro equívoco foi não aproveitar a oportunidade para reduzir gastos. Além disso, optou-se por taxar de forma concentrada um setor pouco competitivo, que pode repassar aumento de custos aos clientes."
Por outro lado, o diretor-executivo do IDV (Instituto para o
Desenvolvimento do Varejo),
Emerson Kapaz, afirma discordar da avaliação de que a maior
carga tributária é a responsável
pela elevação dos juros bancários. "Foi uma surpresa muito
desagradável. Não tem como
explicar isso pelo IOF, já que
esse aumento foi de um pouco
mais de um ponto percentual."
Kapaz afirma também que o
encarecimento do crédito pode
se transformar em um obstáculo ao crescimento da economia,
especialmente em setores como o varejo, que têm sido impulsionados justamente pela
maior oferta de empréstimos.
"Eles [bancos] estão dando um
tiro no pé, mas o problema é
que o pé não é deles, é nosso."
Ao longo de 2007, o volume
de crédito disponível na economia cresceu 27,7%, encerrando
o ano em R$ 935,831 bilhões.
Em janeiro, um crescimento de
0,9% levou esse saldo para R$
944,216 bilhões, o que equivale
a 34,8% do PIB (Produto Interno Bruto), mesma proporção
observada em dezembro.
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