|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Calote em veículos gera novo recorde de inadimplência
Atraso de pessoas físicas atinge 8,3%, diz BC; Serasa aponta alta de 29% em calote de empresas
Para analista, aumento no desemprego e no custo do crédito reforçam tendência; Mantega minimiza alta e põe culpa nos impostos
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Impulsionado pelos calotes
nos financiamentos de veículos, o nível de inadimplência
nos empréstimos concedidos a
pessoas físicas atingiu o nível
mais elevado em quase sete
anos, segundo o Banco Central.
No mês passado, as parcelas
com pagamentos atrasados por
mais de 90 dias representavam
8,3% da carteira de crédito dos
bancos, proporção mais elevada desde maio de 2002.
Outra pesquisa divulgada ontem, pela Serasa, que usa metodologia diferente, mostrou um
aumento ainda maior da inadimplência, agora entre as empresas. Em janeiro, ela subiu
12,5%, quando comparada com
dezembro de 2008. Na comparação com janeiro de 2008, o levantamento mostra que houve
uma elevação de 28,9% na inadimplência das pessoas jurídicas.
Enquanto o BC classifica como inadimplência as prestações com 90 dias de atraso, a
Serasa mostra a variação do total das dívidas não pagas pelas
empresas em todo o país. A pesquisa abrange o total de cheques sem fundos, de títulos
protestados e de dívidas com os
bancos.
Já o levantamento do BC
mostra que o atraso nos pagamentos não tem afetado tanto
os empréstimos a empresas e
aponta que, entre pessoas físicas, a inadimplência começou a
aumentar com maior velocidade no segundo semestre do ano
passado. Em junho, por exemplo, a inadimplência atingia 7%
dos empréstimos a pessoas físicas e 1,7% a pessoas jurídicas.
Em dezembro, essas proporções haviam chegado, respectivamente, a 8% e a 1,8%.
O governo minimiza o significado desses números, muito
influenciados pelos atrasos nos
financiamentos de veículos,
que foram a 4,7% do total, contra 3,1% um ano antes.
Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o aumento na inadimplência nesta
época do ano já era esperado.
"É normal que em janeiro e fevereiro haja isso. Você tem vencimentos de pagamentos de IPTU, IPVA, sei lá mais o quê. Isso
não significa nenhuma deterioração importante da economia
brasileira."
Por outro lado, o economista
Roberto Luis Troster, sócio da
consultoria Integral Trust, diz
que o atraso nos pagamentos
reflete as dificuldades que a
economia brasileira tem enfrentado nos últimos meses,
pois fatores como o aumento
no custo do crédito e o maior
desemprego favorecem o crescimento da inadimplência.
"As pessoas estão se endividando no cheque especial e no
cartão de crédito para pagar outras dívidas. Isso só agrava o
problema da inadimplência",
diz Troster.
Para Bruno Rocha, analista
da Tendências Consultoria, a
expectativa é que a inadimplência permaneça em alta no
curto prazo. "Com um mercado
de trabalho que continua ruim,
juros mais altos e prazos mais
curtos, é bem provável que [o
nível de atrasos] volte a subir
nos próximos meses", afirma.
Colaborou a Folha Online
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Wolfgang Münchau: Crise no leste pode devastar a zona do euro Índice
|