São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Brasil teme mais barreiras da Argentina

Após restrição a talheres, governo acompanha cinco processos "antidumping" que podem atingir empresas brasileiras

Relações comerciais entre os países pioram após crise internacional; com déficit, Argentina cria dificuldades para exportador brasileiro

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado com o aumento de restrições a produtos brasileiros -o último caso envolve a Tramontina-, o governo brasileiro acompanha de perto outros cinco processos "antidumping" em curso na Argentina que poderão atingir empresas do Brasil.
Todos esses processos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, estão na chamada fase de investigação, em que o país avalia se o setor ou a empresa praticam "dumping" (vendas a preço abaixo do custo do produto). As investigações são nos setores de fios acrílicos (para a indústria têxtil), pneus de bicicleta, tecidos de poliéster, multiprocessadores (um artigo de linha branca) e aparelhos sanitários.
Na maioria dos casos, a investigação começou no final do ano passado e, portanto, ainda deve levar mais um ano para o governo adotar as taxas maiores. Mas o processo contra os fabricantes de pneus de bicicleta poderá ser concluído na metade deste ano.
Em relação à Tramontina, fabricante de talheres de aço brasileira, que passou a sofrer taxa adicional, o governo vai defender a empresa. A disputa será primeiro levada à comissão bilateral de discussão comercial entre os países. Se a Argentina não retirar a sobretaxa, o Brasil poderá recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio).
Procurada, a Tramontina afirmou que não iria comentar o caso. Segundo reportagem publicada no "Valor" de ontem, a empresa foi taxada em mais 413%, e os fabricantes de talheres chineses, em 1.450%. A sobretaxa é resultado de um processo "antidumping" aberto em abril do ano passado a pedido da empresa argentina Iteca. O aumento do imposto vale por quatro meses.
O secretário do Comércio Exterior, Welber Barral, disse que o Ministério do Desenvolvimento tem como política defender todas as empresas brasileiras que sofrem com processos "antidumping", inclusive aqueles que já são mais antigos, e tentar acordos -em último caso, recorrendo à OMC.
Desde a piora da crise financeira internacional, as relações comerciais entre os dois países se deterioraram. A Argentina sofre com um déficit comercial em relação ao Brasil, o que dá internamente ao governo Cristina Kirchner argumento para aumentar medidas protecionistas ou criar dificuldades para as exportações brasileiras.
Em reunião ministerial em Brasília na semana passada, o governo vizinho deu declaração clara de que as medidas protecionistas serão mantidas.


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