|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil teme mais barreiras da Argentina
Após restrição a talheres, governo acompanha cinco processos "antidumping" que podem atingir empresas brasileiras
Relações comerciais entre os
países pioram após crise
internacional; com déficit,
Argentina cria dificuldades
para exportador brasileiro
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupado com o aumento
de restrições a produtos brasileiros -o último caso envolve a
Tramontina-, o governo brasileiro acompanha de perto outros cinco processos "antidumping" em curso na Argentina
que poderão atingir empresas
do Brasil.
Todos esses processos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, estão na chamada
fase de investigação, em que o
país avalia se o setor ou a empresa praticam "dumping"
(vendas a preço abaixo do custo
do produto). As investigações
são nos setores de fios acrílicos
(para a indústria têxtil), pneus
de bicicleta, tecidos de poliéster, multiprocessadores (um
artigo de linha branca) e aparelhos sanitários.
Na maioria dos casos, a investigação começou no final do
ano passado e, portanto, ainda
deve levar mais um ano para o
governo adotar as taxas maiores. Mas o processo contra os
fabricantes de pneus de bicicleta poderá ser concluído na metade deste ano.
Em relação à Tramontina, fabricante de talheres de aço brasileira, que passou a sofrer taxa
adicional, o governo vai defender a empresa. A disputa será
primeiro levada à comissão bilateral de discussão comercial
entre os países. Se a Argentina
não retirar a sobretaxa, o Brasil
poderá recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio).
Procurada, a Tramontina
afirmou que não iria comentar
o caso. Segundo reportagem
publicada no "Valor" de ontem,
a empresa foi taxada em mais
413%, e os fabricantes de talheres chineses, em 1.450%. A sobretaxa é resultado de um processo "antidumping" aberto
em abril do ano passado a pedido da empresa argentina Iteca.
O aumento do imposto vale por
quatro meses.
O secretário do Comércio
Exterior, Welber Barral, disse
que o Ministério do Desenvolvimento tem como política defender todas as empresas brasileiras que sofrem com processos "antidumping", inclusive
aqueles que já são mais antigos,
e tentar acordos -em último
caso, recorrendo à OMC.
Desde a piora da crise financeira internacional, as relações
comerciais entre os dois países
se deterioraram. A Argentina
sofre com um déficit comercial
em relação ao Brasil, o que dá
internamente ao governo Cristina Kirchner argumento para
aumentar medidas protecionistas ou criar dificuldades para as exportações brasileiras.
Em reunião ministerial em
Brasília na semana passada, o
governo vizinho deu declaração clara de que as medidas
protecionistas serão mantidas.
Texto Anterior: Foco: Consumidor endividado opta por empréstimo para poder quitar suas dívidas Próximo Texto: Inflação: Preços no atacado puxam alta no IGP-M Índice
|