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Agrofolha
BID e irmão de Bush vão lançar pacote pró-etanol
Banco e comissão de ex-governador criarão bases para um mercado regional
Autor de estudo sobre o tema acha que região, foco mais estável em energia,
vai virar o "golfo Pérsico dos biocombustíveis"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O Banco Interamericano de
Desenvolvimento e a Comissão
Interamericana do Etanol lançam na segunda-feira, em Washington (EUA), a pedra fundamental para a formação de um
mercado latino-americano de
biocombustíveis.
A base para que esse mercado
regional floresça será o investimento privado; entidades como o banco regional e a comissão multinacional entrariam
apenas com amparo nas pesquisas e parcerias em projetos
de melhoria de infra-estrutura.
O anúncio será feito pelo colombiano Luis Alberto Moreno, do BID, o ex-governador da
Flórida Jeb Bush (irmão mais
novo do presidente norte-americano) e o ex-ministro da Agricultura brasileiro Roberto Rodrigues na palestra "Em direção a um mercado hemisférico
de biocombustíveis - O caminho à frente para o investimento privado", no banco regional.
Os três criaram a comissão
em dezembro último. Na ocasião, o trio divulga ainda amplo
estudo encomendado pelo BID
à Garten Rothkopf, empresa de
consultoria baseada na capital
norte-americana e comandada
por David Rothkopf, ex-assessor econômico de Bill Clinton.
Intitulado "A Blueprint for
Green Energy in the Americas"
(Um Plano para a Energia "Verde" nas Américas), o relatório
ainda está sendo mantido em
sigilo, mas foi considerado por
quem o leu como o mais amplo
até agora já realizado sobre o
assunto. Nele, a empresa faz
um levantamento atual da situação da indústria latino-americana do biocombustível,
indica como esse mercado deve
estar em 2020 e faz recomendações estratégicas para que o
setor cresça e se mantenha
competitivo até lá.
Alguns dados já se tornaram
públicos. O estudo estima, por
exemplo, o total de investimento que será necessário para que
o mercado avance globalmente,
e quais países são candidatos
prováveis para o novo dinheiro.
No primeiro campo, a cifra foi
revelada pelo próprio autor.
Segundo David Rothkopf, será preciso investir US$ 200 bilhões até 2020 para que os biocombustíveis consigam responder por 5% do mercado global de combustíveis -hoje, essa
fatia não chega a 1%.
Para efeito de comparação, o
plano anunciado no começo do
ano pelo norte-americano
George W. Bush, batizado "20
em 10", prevê que 20% de toda
a gasolina consumida nos Estados Unidos tenha sido substituída por biocombustíveis até
2010 (leia texto nesta página).
De acordo com o levantamento, desde que feitos os ajustes necessários, a região mais
propícia a receber esse investimento será a América Latina.
De novo, o próprio Rothkopf
deu dicas recentes sobre essa
conclusão. "Nesse sentido, a
América Latina será o golfo
Pérsico dos biocombustíveis,
com a diferença, é claro, de que
a região é um foco muito mais
estável de energia", comparou
o analista durante reunião
anual do BID, há alguns dias, na
cidade da Guatemala.
De 50 países pesquisados, a
consultoria diz que a maioria
(39) já possui leis específicas
que beneficiam algum tipo de
biocombustível e mais da metade (27) conta com legislação
prevendo a mistura do produto
à gasolina, como no Brasil.
Fundo para etanol
Moreno deve anunciar que
revisará a estratégia do BID para energias renováveis e o planejamento do trabalho do banco em países com grande potencial bioenergético, especialmente pequenos países latino-americanos.
Na reunião da Guatemala,
Moreno havia adiantado que
estudava a criação de um fundo
especial para financiamento de
projetos de biocombustíveis.
"Vemos que nosso papel é
apoiar projetos de infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento", afirmou então.
O alvo são principalmente os
países da América Central e do
Caribe. Há um interesse estratégico do BID e de outras instituições multilaterais de barrar
o avanço de Hugo Chávez numa região que tem despertado
o interesse do venezuelano.
Já Jeb Bush deve defender
mais uma vez a derrubada da
tarifa de importação que os
EUA cobram do etanol brasileiro, de R$ 0,30 por litro, em vigor até 2009.
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