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BC facilita crédito para bancos menores
Governo dará garantia de até R$ 20 mi para títulos emitidos pelas pequenas instituições ao captarem recursos no mercado
Estimativa é que medida ajude os bancos a conseguir cerca de R$ 40 bilhões para emprestar a seus clientes pagando taxas menores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de liberar parte do dinheiro retido no Banco Central
e autorizar que os grandes bancos comprem títulos e carteiras
de crédito de instituições de
menor porte, o governo decidiu
agora oferecer uma garantia a
papéis emitidos por bancos pequenos e médios que continuam com dificuldades para
conseguir dinheiro no mercado
financeiro.
Pelas contas do governo, a
medida permitirá que os bancos menores consigam cerca de
R$ 40 bilhões para emprestar a
seus clientes pagando taxas
menores que as praticadas hoje
no mercado financeiro.
"Teremos uma oferta de crédito maior. Esses bancos [de
menor porte] vão captar a taxas
mais baixas. Vão poder cobrar
taxas menores [dos clientes]",
disse o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Boa parte dos empréstimos
para micro e pequenas empresas e para a compra de automóveis usados e motocicletas é feita por bancos pequenos. Daí a
preocupação do governo em facilitar e baratear as captações
dessas instituições para que o
financiamento à compra desses
bens possa ser retomado.
A solução encontrada pelo
governou foi autorizar o FGC
-o fundo formado com contribuições dos bancos que cobre
depósitos no valor de R$ 60 mil
por cliente em caso de quebra
de instituições financeiras- a
dar uma garantia de até R$ 20
milhões para a empresa ou pessoa física que comprar títulos
emitidos por esses bancos.
Dessa forma, se a instituição
quebrar ou sofrer intervenção
do BC, quem comprou os papéis recebe o dinheiro de volta.
Qualquer banco poderá recorrer à garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito),
mas, na prática, o governo acredita que o instrumento servirá
mesmo aos bancos pequenos e
médios. Isso porque foi estabelecido um limite máximo de
emissão de R$ 5 bilhões. Esse
valor é considerado baixo para
as instituições de grande porte.
Para ter direito à garantia, a
instituição financeira terá que
pagar até 1% sobre o valor dos
papéis ao FGC. O vencimento
da operação não poderá ser inferior a seis meses.
O BC já havia tentado restabelecer as condições de crédito
aos bancos pequenos por meio
da liberação de depósitos compulsórios, da compra de carteiras de crédito dessas instituições financeiras por grandes
bancos, além do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e até pelo próprio FGC. Mas
nada funcionou.
"A liberação de compulsórios
restabeleceu a liquidez a esses
bancos. Agora, procuramos
restabelecer o "funding" [condições de captação]. São medidas
complementares", disse o diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini.
Devido às dificuldades que os
bancos de menor porte ainda
enfrentam para captar recursos no mercado, o BC prorrogou ontem a validade da medida que dá desconto no compulsório a ser recolhido por grandes instituições financeiras que
injetem dinheiro em seus concorrentes pequenos e médios.
As medidas fizeram com que
as ações dos pequenos bancos
fossem destaque na Bolsa de
Valores ontem. A ação preferencial do BicBanco puxou o
segmento, com valorização de
10,57%. Logo atrás apareceram
Daycoval PN, com alta de
7,74%, ABC Brasil ON (6,60%),
e Indusval, que subiu 6,48%.
Juros do BNDES
O CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu ontem
manter em 6,25% ao ano a
TJLP, taxa de juros cobrada pelo BNDES em seus financiamentos e que é inferior aos juros de mercado.
O BNDES também recebeu
autorização do governo para
continuar com aplicações em
ações acima do limite estabelecido para os demais bancos do
país. O BC limita a 50% do patrimônio o total que cada instituição financeira pode ter aplicado em ações.
Colaborou a Reportagem Local
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