São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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"PROJETO CARNAVAL"

Estudo do Bear Stearns mostra que os preços da mexicana em 2003 superavam os de outros líderes

Tarifa da Telmex é a mais mais alta da AL

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A apreensão pela Polícia Federal de documentos com indícios de um eventual acordo entre as teles fixas para o "alinhamento" de tarifas de telefonia pelo "teto" evidencia os potenciais danos da concentração de mercado.
Mas a própria Telmex, que hoje disputa com o consórcio Calais o controle da Embratel, já foi acusada em passado recente de usar o monopólio para estabelecer maiores ganhos. Em 2003, o banco norte-americano Bear Stearns, com base em dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), apurou que as tarifas praticadas pela Telmex no México, nos serviços de telefonia residencial e comercial, eram as mais altas entre as principais empresas do setor na América Latina.
De acordo com o relatório, as tarifas das assinaturas residenciais e comerciais da Telmex são em média 65% e 44,5%, respectivamente, mais caras do que as de outras telefônicas que mantêm posições líderes em seus países.
Segundo o banco, o custo de instalação de uma linha residencial pela Telmex é 31,6% maior do que a média das demais. No caso de linhas comerciais, a discrepância era ainda maior: 167%. Para fazer o estudo, o Bear Stearns considerou os preços cobrados pelas brasileiras Telemar e Brasil Telecom, pela CTC (Companhia de Telecomunicações do Chile), pela Telecom Argentina e pela VNT (Companhia Nacional de Telefones da Venezuela).
No levantamento, os ingressos mensais pela assinatura residencial na Telmex eram de US$ 14,01, ou 128,2% a mais do que a média de US$ 6,14 das demais.
Para assinaturas comerciais, a cota mensal, de US$ 17,72, era 99,5% mais alta que as das demais companhias comparadas -cujo custo médio era de US$ 8,88.
Ainda de acordo com o relatório, para instalar uma linha comercial a Telmex cobrava US$ 313,40 -pelo menos oito vezes o preço médio das demais empresas consideradas. Para as linhas residenciais, cobrava US$ 101,12 contra a média de US$ 30,80 do restante do continente.

Concorrência
A enorme diferença de preços se explica em grande parte pela ausência de concorrência (e pela situação de monopólio que ainda perdura no México), a despeito do desembarque de rivais de peso, como a espanhola Telefónica.
Segundo a Comissão Federal de Telecomunicações do México, 16,3 milhões de linhas (residenciais e comerciais) estavam em funcionamento no país ao final do ano passado. Desse total, 96% estavam em poder da Telmex.


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