São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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Desemprego e política turbulenta reduzem confiança do consumidor

DA SUCURSAL DO RIO

A confiança do consumidor caiu pelo terceiro mês seguido e voltou ao patamar registrado no final do ano passado, revela o Índice de Confiança do Consumidor, calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
De março para abril, a confiança teve queda de 3,4% e passou de 107,1 para 103,5. Em termos percentuais, o resultado representa a maior queda desde o início da série histórica, em setembro do ano passado. De acordo com a FGV, o recuo na confiança foi mais intenso entre os mais pobres, com renda familiar até R$ 2.100.
Segundo Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa, três fatores justificam o pessimismo do consumidor em relação ao futuro e a insatisfação com a situação atual: a piora do mercado de trabalho, a crise política -citada espontaneamente pelos entrevistados durante a coleta de dados- e a sazonalidade da pesquisa.
"São apuradas as manifestações dos entrevistados e houve um aumento expressivo de reações ao ambiente político. A turbulência política aumenta a incerteza", disse Campelo. Segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego em março, último dado disponível, subiu para 10,4%.
A avaliação do consumidor em relação ao mercado de trabalho caiu 4,4% de março para abril. Para 88,2% dos entrevistados, não está fácil arranjar emprego. A percepção em relação à situação econômica do país recuou 7,3%, a maior queda desde novembro.
O quesito que mais influenciou o resultado foi a deterioração das expectativas em relação à economia local. De março para abril, o indicador teve queda de 7,2%, a maior queda desde setembro do ano passado. As expectativas em relação à situação financeira da família nos próximos seis meses recuaram 2,4%.
As análises em relação ao momento presente da economia e às finanças pessoais também revelam cautela. De março para abril, a avaliação da situação econômica local registrou queda de 2,7%, e a da situação financeira familiar, recuo de 3,9%.
O único indicador com desempenho positivo foi o que mostra a intenção do consumidor de realizar compras de bens duráveis. O indicador teve alta de 1,3%. Segundo Campelo, ainda não é possível identificar se ele reflete uma perspectiva de melhora no futuro ou se é só uma questão estatística.
"A economia desacelerou, a taxa de desemprego voltou a subir e houve aumento da inadimplência nos últimos meses. Pode ser que o consumidor ainda esteja cauteloso em relação a compras", analisa Campelo, para concluir: "Não há otimismo com a economia".
(JANAINA LAGE)


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