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Desemprego e política turbulenta reduzem confiança do consumidor
DA SUCURSAL DO RIO
A confiança do consumidor
caiu pelo terceiro mês seguido e
voltou ao patamar registrado no
final do ano passado, revela o Índice de Confiança do Consumidor, calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
De março para abril, a confiança
teve queda de 3,4% e passou de
107,1 para 103,5. Em termos percentuais, o resultado representa a
maior queda desde o início da série histórica, em setembro do ano
passado. De acordo com a FGV, o
recuo na confiança foi mais intenso entre os mais pobres, com renda familiar até R$ 2.100.
Segundo Aloisio Campelo,
coordenador da pesquisa, três fatores justificam o pessimismo do
consumidor em relação ao futuro
e a insatisfação com a situação
atual: a piora do mercado de trabalho, a crise política -citada espontaneamente pelos entrevistados durante a coleta de dados- e
a sazonalidade da pesquisa.
"São apuradas as manifestações
dos entrevistados e houve um aumento expressivo de reações ao
ambiente político. A turbulência
política aumenta a incerteza", disse Campelo. Segundo os dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego em março, último dado
disponível, subiu para 10,4%.
A avaliação do consumidor em
relação ao mercado de trabalho
caiu 4,4% de março para abril. Para 88,2% dos entrevistados, não
está fácil arranjar emprego. A percepção em relação à situação econômica do país recuou 7,3%, a
maior queda desde novembro.
O quesito que mais influenciou
o resultado foi a deterioração das
expectativas em relação à economia local. De março para abril, o
indicador teve queda de 7,2%, a
maior queda desde setembro do
ano passado. As expectativas em
relação à situação financeira da
família nos próximos seis meses
recuaram 2,4%.
As análises em relação ao momento presente da economia e às
finanças pessoais também revelam cautela. De março para abril,
a avaliação da situação econômica local registrou queda de 2,7%, e
a da situação financeira familiar,
recuo de 3,9%.
O único indicador com desempenho positivo foi o que mostra a
intenção do consumidor de realizar compras de bens duráveis. O
indicador teve alta de 1,3%. Segundo Campelo, ainda não é possível identificar se ele reflete uma
perspectiva de melhora no futuro
ou se é só uma questão estatística.
"A economia desacelerou, a taxa de desemprego voltou a subir e
houve aumento da inadimplência
nos últimos meses. Pode ser que o
consumidor ainda esteja cauteloso em relação a compras", analisa
Campelo, para concluir: "Não há
otimismo com a economia".
(JANAINA LAGE)
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