São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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HERANÇA DOS PLANOS

Em ação, CUT obteve pagamento maior do que de acordo

Sindicato quer nova correção de FGTS

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Advogados que representam sindicatos beneficiados na ação civil pública que garante o pagamento da correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) referente aos planos Verão (1989) e Collor 1 (1990) recorreram à Justiça para pedir que a Caixa Econômica Federal convoque todas as entidades beneficiadas na ação para firmar o mesmo acordo assinado com a CUT.
A Caixa fez acordo com 52 sindicatos cutistas que prevê o pagamento da correção de 16,64% do Plano Verão e de 44,8% do Plano Collor 1, além da aplicação da TR (Taxa Referencial) e mais 3% ao ano. Hoje, mais 31 sindicatos da CUT firmarão acordo com a CEF.
Só têm direito às correções os trabalhadores que tinham conta no fundo com saldo em janeiro de 1989 e/ ou abril de 1990 e não assinaram o termo de adesão proposto pelo governo.
"Por que a Caixa fechou acordo com 52 sindicatos da CUT quando existem mais de 3.000 habilitados nos 39 volumes desse processo?", questiona o advogado João José Sady. Ele representa, na ação civil pública, o sindicato dos trabalhadores em processamento de dados nas estatais da capital.
O advogado entrou com pedido de liminar no TRF (Tribunal Regional Federal) de São Paulo no último dia 18 para pedir que a Caixa publique um edital convocando "todas as entidades habilitadas no processo para que venham a aderir ao acordo [feito com a CUT]" e que estenda a todas elas os mesmos benefícios firmados com os sindicatos da central.
Para Sady, é preciso lembrar que "não foi só a CUT que entrou com a ação" que pedia a correção das perdas do FGTS. Em sua petição ao desembargador federal André Nabarrete, relator do processo que determina o pagamento dos expurgos, o advogado afirma que "não se pode acusar a Caixa, sob gestão petista, de estar privilegiando os filiados à CUT, sabidamente ligada ao PT. Mas o banco oficial adotaria uma atitude mais justa se estendesse os termos a todos os trabalhadores aos quais ainda é devido o FGTS. Afinal, o Sol deve nascer para todos".
A Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo, entidade que reúne cerca de 60 sindicatos, também recorreu ao TRF com o mesmo pedido. "O propagado "acordo da CUT" deve obrigatoriamente ser estendido a todos os trabalhadores", informa, em sua petição, o advogado Hedair de Arruda Falcão Filho, que representa a federação dos comerciários.
O gerente de FGTS em São Paulo, Gildásio Freitas Silveira, representante da Caixa nos acordos firmados com os sindicatos, nega que tenha havido qualquer favorecimento à CUT. "Foi a central que nos procurou. Qualquer sindicato que esteja habilitado nessa ação pode nos procurar para fazer um acordo nesses moldes."
Ele afirmou que "vários acordos" -não soube precisar quantos- foram firmados, antes mesmo do assinado com a CUT, com sindicatos ligados a outras centrais ou independentes. Citou o dos ferroviários, o dos engenheiros e o dos eletricitários.


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