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Folhainvest
Tesouro tenta tornar sistema mais amigável
Parceria com a Bolsa visa facilitar a negociação de títulos públicos por meio do "home broker"; início será em setembro
Para 10,1 mi de cotistas de
fundos, há pouco mais de
153 mil cadastrados no
Tesouro Direto; Bolsa já faz
divulgação em seu site
TONI SCIARRETTA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais rentável aplicação de
renda fixa do país, a negociação
de títulos da dívida pública federal pelo Tesouro Direto ainda esbarra em um sistema pouco amigável, que não conversa
com as plataformas das corretoras e que dificulta a sua popularização. Para piorar ainda
mais, o produto concorre com
os fundos de investimento e os
CDBs dos grandes bancos
-que não têm interesse em divulgar e vender os títulos públicos aos correntistas.
Atento ao potencial e ao apelo dos títulos do governo, o Tesouro Nacional decidiu firmar
uma parceria com a BM&FBovespa para melhorar os sistemas das corretoras e difundir o
produto entre os pequenos investidores, público-alvo do Tesouro Direto desde 2002.
O primeiro passo tem sido o
processo de popularização, que
já está sendo conduzido pela
BM&FBovespa, por meio de
eventos e divulgação em seu site. A próxima etapa, a mais importante, terá de esperar ao
menos até setembro para entrar em funcionamento. A ideia
é que os investidores possam
utilizar o sistema de "home
broker" das corretoras (destinado às compras de ações por
meio da internet) para negociar
títulos públicos.
Hoje, para começar a operar,
além de preencher uma ficha
de inscrição no site do Tesouro
Direto, o investidor que não
tem conta em uma corretora
deve abri-la, processo cuja burocracia costuma envolver uma
maratona de assinaturas de
contratos -com a corretora,
com a Bolsa, com a CBLC e da
corretora com o Tesouro- antes de validá-lo e começar a
operar. Não são raras as vezes
que, até receber as duas senhas
-da corretora e do Tesouro-, a
saga demore mais de 30 dias.
O secretário-adjunto do Tesouro, Paulo Valle, reconhece
as dificuldades para se investir
nos títulos do Tesouro. "Estou
com 45 anos, e desde os 20 anos
aplico em Bolsa. Vou numa corretora, me cadastro e compro a
ação. É a coisa mais simples. E
título público, que era para ser
mais simples ainda, nunca teve
esse fácil acesso", disse.
Apesar do crescimento registrado ano a ano desde que foi
lançado, o universo de aplicadores nos títulos do Tesouro
ainda é relativamente pequeno.
Para os fundos de investimento, existe 10,1 milhões de cotistas. No caso do Tesouro Direto,
os aplicadores se restringem a
pouco mais de 153 mil.
De acordo com Verdi Monteiro, diretor de fomento de negócios da BM&FBovespa, "a
partir de setembro, um conjunto de 25 a 30 corretoras estarão
aptas a oferecer os títulos do
Tesouro via "home broker'". "A
ideia é que as pessoas possam
diversificar seus investimentos
na mesma plataforma."
Para Mauro Halfeld, consultor financeiro e professor da
Universidade Federal do Paraná, "a divulgação é uma iniciativa boa". "O produto é muito
bom, mas a maior dificuldade
está na distribuição. Os bancos
acabam priorizando os produtos deles que são mais rentáveis. E as corretoras focam demais em ações e se esquecem
do Tesouro Direto."
Vários usuários não entendem porque a compra é feita no
site do Tesouro e o pagamento
na corretora. O cliente envia o
dinheiro para a corretora para
fechar a compra no Tesouro.
Os críticos dizem que falta
um esforço comercial do governo, da Bolsa e das corretoras
para dar ao Tesouro Direto o
lugar que merece entre as opções de investimento no país.
"Como governo, a gente acredita que nosso papel é criar e
ter o melhor produto possível.
O Tesouro Direto tem uma cara
mais comercial, mas no fundo o
que a gente está fazendo aqui é
administrar a dívida pública.
Nesse programa, são os mesmos títulos que a gente administra a dívida pública. Senão,
daqui a pouco vou ter de [ter
um departamento comercial]
criar um super pré, pagar um
bônus...", disse Valle.
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