São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Folhainvest

Tesouro tenta tornar sistema mais amigável

Parceria com a Bolsa visa facilitar a negociação de títulos públicos por meio do "home broker"; início será em setembro

Para 10,1 mi de cotistas de fundos, há pouco mais de 153 mil cadastrados no Tesouro Direto; Bolsa já faz divulgação em seu site


TONI SCIARRETTA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais rentável aplicação de renda fixa do país, a negociação de títulos da dívida pública federal pelo Tesouro Direto ainda esbarra em um sistema pouco amigável, que não conversa com as plataformas das corretoras e que dificulta a sua popularização. Para piorar ainda mais, o produto concorre com os fundos de investimento e os CDBs dos grandes bancos -que não têm interesse em divulgar e vender os títulos públicos aos correntistas.
Atento ao potencial e ao apelo dos títulos do governo, o Tesouro Nacional decidiu firmar uma parceria com a BM&FBovespa para melhorar os sistemas das corretoras e difundir o produto entre os pequenos investidores, público-alvo do Tesouro Direto desde 2002.
O primeiro passo tem sido o processo de popularização, que já está sendo conduzido pela BM&FBovespa, por meio de eventos e divulgação em seu site. A próxima etapa, a mais importante, terá de esperar ao menos até setembro para entrar em funcionamento. A ideia é que os investidores possam utilizar o sistema de "home broker" das corretoras (destinado às compras de ações por meio da internet) para negociar títulos públicos.
Hoje, para começar a operar, além de preencher uma ficha de inscrição no site do Tesouro Direto, o investidor que não tem conta em uma corretora deve abri-la, processo cuja burocracia costuma envolver uma maratona de assinaturas de contratos -com a corretora, com a Bolsa, com a CBLC e da corretora com o Tesouro- antes de validá-lo e começar a operar. Não são raras as vezes que, até receber as duas senhas -da corretora e do Tesouro-, a saga demore mais de 30 dias.
O secretário-adjunto do Tesouro, Paulo Valle, reconhece as dificuldades para se investir nos títulos do Tesouro. "Estou com 45 anos, e desde os 20 anos aplico em Bolsa. Vou numa corretora, me cadastro e compro a ação. É a coisa mais simples. E título público, que era para ser mais simples ainda, nunca teve esse fácil acesso", disse.
Apesar do crescimento registrado ano a ano desde que foi lançado, o universo de aplicadores nos títulos do Tesouro ainda é relativamente pequeno. Para os fundos de investimento, existe 10,1 milhões de cotistas. No caso do Tesouro Direto, os aplicadores se restringem a pouco mais de 153 mil.
De acordo com Verdi Monteiro, diretor de fomento de negócios da BM&FBovespa, "a partir de setembro, um conjunto de 25 a 30 corretoras estarão aptas a oferecer os títulos do Tesouro via "home broker'". "A ideia é que as pessoas possam diversificar seus investimentos na mesma plataforma."
Para Mauro Halfeld, consultor financeiro e professor da Universidade Federal do Paraná, "a divulgação é uma iniciativa boa". "O produto é muito bom, mas a maior dificuldade está na distribuição. Os bancos acabam priorizando os produtos deles que são mais rentáveis. E as corretoras focam demais em ações e se esquecem do Tesouro Direto."
Vários usuários não entendem porque a compra é feita no site do Tesouro e o pagamento na corretora. O cliente envia o dinheiro para a corretora para fechar a compra no Tesouro.
Os críticos dizem que falta um esforço comercial do governo, da Bolsa e das corretoras para dar ao Tesouro Direto o lugar que merece entre as opções de investimento no país.
"Como governo, a gente acredita que nosso papel é criar e ter o melhor produto possível. O Tesouro Direto tem uma cara mais comercial, mas no fundo o que a gente está fazendo aqui é administrar a dívida pública. Nesse programa, são os mesmos títulos que a gente administra a dívida pública. Senão, daqui a pouco vou ter de [ter um departamento comercial] criar um super pré, pagar um bônus...", disse Valle.


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