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agrofolha
Produtores e indústrias dizem que, para continuar exportando 10% da produção, é preciso a retirada de IPI, PIS e Cofins
Estudo do Irga indica que, com a exportação de 10% do volume produzido no RS, o preço dos 90% que ficam no mercado interno subiria 10%
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O setor de arroz começou a
exportar de forma regular em
2004, o volume cresce ano a
ano e produtores e indústrias
não querem perder essa nova
opção de desova de produto.
As condições do mercado externo se modificaram e a continuidade das vendas externas
depende de uma ajuda do governo. Por isso, o setor quer
uma desoneração tributária,
como as retiradas do IPI, do
PIS e da Cofins.
Essa ajuda é necessária porque o Brasil não é um mercado
exportador tradicional, segundo Rubens Silveira, diretor comercial do Irga (Instituto Rio
Grandense do Arroz). A meta é
exportar 10% da produção ou
um valor equivalente ao que é
importado do Mercosul -praticamente todo o arroz importado pelo país vem dessa região.
Estudo do Irga indica que a
exportação de 10% do volume
produzido no Rio Grande do
Sul dá uma garantia de pelo
menos 10% a mais no preço dos
90% que ficam no mercado interno. Essa sustentação de preços é importante porque o varejo está cada vez mais concentrado nas mãos de poucas redes
de supermercados, diz Silveira.
"Sem o mercado externo, o
setor fica muito dependente
dos supermercados, que hoje
comercializam 90% da produção gaúcha de arroz", diz ele.
As exportações de 2008/9 foram boas, mas neste ano o cenário é bem diferente. Exportar
arroz em 2008, quando a tonelada de produto chegou a US$
1.000 era fácil, mas os preços
internacionais recuaram e o
câmbio torna o produto brasileiro 30% menos competitivo.
"O mercado externo agora é
mais profissional e o acesso é
muito complicado", segundo o
diretor comercial do Irga.
Mas as exportações são necessárias, segundo Silveira. O
país coloca arroz de qualidade,
e com maior valor agregado, no
mercado externo e importa
produto de menor valor para
algumas regiões específicas, como o Nordeste.
Além de incentivos à exportação, o setor solicita ao governo a utilização de mecanismos
de garantia, que poderiam ser
leilões de opções, PEP (Prêmio
para Escoamento de Produto) e
Prop (Prêmio de Risco de Opção Privada de Venda).
O Orçamento federal está
curto e alguns produtos, como
o milho, estão com preço de
mercado inferior ao valor mínimo, o que não ocorre com o arroz, admite Silveira.
Apesar disso, o setor quer
sensibilizar o governo a destinar uma parte dos recursos para dar sustentação ao arroz.
Ajustado
A colheita avança no Rio
Grande do Sul e está próxima
dos 80% da área semeada. O
avanço mostra que a produtividade deste ano não atingirá os
patamares de 2009 devido ao
excesso de chuva nas lavouras
provocado pelo "El Niño".
A avaliação do Irga é que a safra deste ano fique próxima de
7 milhões de toneladas, 1 milhão a menos do que em 2009.
A quebra seria de 12,5%, percentual dentro da média de
anos anteriores em que ocorreu esse fenômeno.
A quebra de safra no Sul fará
com que o mercado fique ajustado entre oferta e demanda. E
esse ajuste ocorre também porque houve quebra nos demais
países do Mercosul. Os estoques da região, que normalmente ficam entre 2,5 milhões
e 3 milhões de toneladas, estão
em 1,8 milhão, afirma Silveira.
Varejo e indústria já estão fazendo a leitura dessa redução e
os preços do mercado interno
começam a subir aos poucos.
Enquanto o preço mínimo estipulado pelo governo é de R$
25,80 por saca, o mercado pratica cerca de R$ 29 no Sul. Silveira não acredita, no entanto,
que o produto tenha muito espaço para altas. "Não deve subir
acima de R$ 32." A partir daí, o
produto fica próximo da paridade internacional e o Brasil se
tornaria um atrativo para os exportadores asiáticos.
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