São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2010

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agrofolha

Produtores e indústrias dizem que, para continuar exportando 10% da produção, é preciso a retirada de IPI, PIS e Cofins

Estudo do Irga indica que, com a exportação de 10% do volume produzido no RS, o preço dos 90% que ficam no mercado interno subiria 10%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O setor de arroz começou a exportar de forma regular em 2004, o volume cresce ano a ano e produtores e indústrias não querem perder essa nova opção de desova de produto.
As condições do mercado externo se modificaram e a continuidade das vendas externas depende de uma ajuda do governo. Por isso, o setor quer uma desoneração tributária, como as retiradas do IPI, do PIS e da Cofins.
Essa ajuda é necessária porque o Brasil não é um mercado exportador tradicional, segundo Rubens Silveira, diretor comercial do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz). A meta é exportar 10% da produção ou um valor equivalente ao que é importado do Mercosul -praticamente todo o arroz importado pelo país vem dessa região.
Estudo do Irga indica que a exportação de 10% do volume produzido no Rio Grande do Sul dá uma garantia de pelo menos 10% a mais no preço dos 90% que ficam no mercado interno. Essa sustentação de preços é importante porque o varejo está cada vez mais concentrado nas mãos de poucas redes de supermercados, diz Silveira.
"Sem o mercado externo, o setor fica muito dependente dos supermercados, que hoje comercializam 90% da produção gaúcha de arroz", diz ele.
As exportações de 2008/9 foram boas, mas neste ano o cenário é bem diferente. Exportar arroz em 2008, quando a tonelada de produto chegou a US$ 1.000 era fácil, mas os preços internacionais recuaram e o câmbio torna o produto brasileiro 30% menos competitivo.
"O mercado externo agora é mais profissional e o acesso é muito complicado", segundo o diretor comercial do Irga.
Mas as exportações são necessárias, segundo Silveira. O país coloca arroz de qualidade, e com maior valor agregado, no mercado externo e importa produto de menor valor para algumas regiões específicas, como o Nordeste.
Além de incentivos à exportação, o setor solicita ao governo a utilização de mecanismos de garantia, que poderiam ser leilões de opções, PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) e Prop (Prêmio de Risco de Opção Privada de Venda).
O Orçamento federal está curto e alguns produtos, como o milho, estão com preço de mercado inferior ao valor mínimo, o que não ocorre com o arroz, admite Silveira.
Apesar disso, o setor quer sensibilizar o governo a destinar uma parte dos recursos para dar sustentação ao arroz.

Ajustado
A colheita avança no Rio Grande do Sul e está próxima dos 80% da área semeada. O avanço mostra que a produtividade deste ano não atingirá os patamares de 2009 devido ao excesso de chuva nas lavouras provocado pelo "El Niño".
A avaliação do Irga é que a safra deste ano fique próxima de 7 milhões de toneladas, 1 milhão a menos do que em 2009. A quebra seria de 12,5%, percentual dentro da média de anos anteriores em que ocorreu esse fenômeno.
A quebra de safra no Sul fará com que o mercado fique ajustado entre oferta e demanda. E esse ajuste ocorre também porque houve quebra nos demais países do Mercosul. Os estoques da região, que normalmente ficam entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas, estão em 1,8 milhão, afirma Silveira.
Varejo e indústria já estão fazendo a leitura dessa redução e os preços do mercado interno começam a subir aos poucos. Enquanto o preço mínimo estipulado pelo governo é de R$ 25,80 por saca, o mercado pratica cerca de R$ 29 no Sul. Silveira não acredita, no entanto, que o produto tenha muito espaço para altas. "Não deve subir acima de R$ 32." A partir daí, o produto fica próximo da paridade internacional e o Brasil se tornaria um atrativo para os exportadores asiáticos.


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