São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Mercado também quer se informar sobre a ata da reunião do Copom, que manteve a taxa de juros

Feriados devem reduzir o giro da Bovespa

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois feriados na semana devem reduzir ainda mais o giro de negócios na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
O mercado vai operar prensado entre o dia de Corpus Christi, na quinta-feira, e o feriado de hoje nos Estados Unidos (Memorial Day), em que o país homenageia os mortos e veteranos de guerra.
A ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do último dia 22 e os índices de inflação devem concentrar a atenção de investidores na semana.
"O mercado está ávido para ler a ata porque os membros do Copom ficaram muito divididos na votação", afirma Valmir Celestino, gestor de renda variável do banco Safra.
"O Banco Central só faltou dizer que vai cortar a taxa de juros básica, a Selic, em junho", diz o diretor do ABN-Amro Asset Management Alexandre Póvoa.
O Banco Central informou que a decisão do Copom foi tomada por 5 votos a 3- "o que equivaleu a colocar um viés de baixa informal", completa Póvoa.
Analistas esperam que a ata do Copom enfatize a desaceleração da atividade econômica, sinalizando a queda da Selic na reunião marcada para o dia 19 de junho, o que beneficiaria a Bolsa.
A partir desta semana, a ata passa a ser divulgada por volta de 13h30 da quarta-feira seguinte ao Copom, e não mais na quinta-feira subsequente à reunião.
Os dias pós-Copom foram agitados. Na última quarta-feira o dólar atingiu sua maior cotação no ano, fechando em R$ 2,525, com alta de 1,73%, enquanto a Bovespa despencava 2,62%.
Na quinta-feira, foi a vez de o risco-país disparar, contagiado, segundo operadores, por perdas na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Ultrapassou o patamar dos mil pontos-base, mas acabou fechando o dia em alta de 1,36%, em 972 pontos.
Bancos tiveram que vender ativos para fazer caixa e compensar as perdas com transações no mercado futuro de cupom cambial.
Uma parcela de analistas afirma acreditar que os cupons tenham recuperado boa parte da queda que haviam sofrido principalmente no ano passado.
"É possível que um grande ajuste já tenha sido feito e que os cupons fiquem estáveis", diz o diretor de renda fixa do BNP Paribas, Marcelo Saddi Castro.
No último pregão da semana que passou, a Bolsa fechou estável e o câmbio recuou. O dólar registrou queda de 0,24% e a Bovespa subiu 0,14%.
"A Bovespa não acompanhou os maus resultados das Bolsas estrangeiras. Está obedecendo mais a fatores internos do que externos. Se fosse apostar, apostaria em uma ligeira melhora da Bovespa. Pode voltar aos 13 mil pontos, mas não tem tendência de alta", diz Póvoa.
Na sexta-feira, o superávit primário de abril, que atingiu o maior resultado mensal do ano (R$ 8,973 bilhões), ajudou a Bovespa a não mergulhar no pessimismo norte-americano.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, perdeu 1,10% e o Nasdaq (Bolsa eletrônica que reúne ações de alta tecnologia) caiu 2,13%.
Para alguns analistas, Wall Street reagiu exageradamente à primeira revisão do PIB norte-americano do primeiro trimestre, que subiu 5,6%, pouco abaixo da estimativa anterior, de 5,8%.
O rebaixamento do "rating" do setor de semicondutores pelo Goldman Sachs e a proximidade do Memorial Day ajudaram a reduzir os negócios do pregão, que foi o de menor volume deste ano na Bolsa de Nova York .
A agenda de amanhã destaca os índices de inflação: IPC-Fipe, IPCA-15 e IGP-M.


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