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Globo já negocia exclusividade no futebol
Empresa prevê derrota no Cade e busca acordo para que concorrentes na TV paga possam ter acesso a campeonatos
Associação de operadoras
reivindica há cinco anos
acesso ao canais SporTV 1 e
SporTV2 e às transmissões
"pay-per-view", da Globosat
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A exclusividade do sistema
Net na transmissão dos jogos
dos campeonatos de futebol está com os dias contados. A Globo negocia acordo com o Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica) para que
todas as operadoras de TV paga
possam ter acesso aos campeonatos de futebol, e não apenas
as afiliadas do sistema Net.
A negociação acontece após
cinco anos de disputa com a Associação NeoTV, cooperativa
que reúne 54 empresas de TV
por assinatura. Na próxima
quarta-feira, está previsto o julgamento do processo administrativo aberto pela NeoTV em
2001, no qual ela reivindica o
acesso ao canais SporTV 1 e 2 e
às transmissões ""pay-per-view", da Globosat.
A Globo, internamente, dá
como certo que o Cade vai proibi-la de continuar limitando a
venda dos canais SporTV aos
afiliados do sistema Net e acelerou as tratativas para o acordo. Mas a NeoTV reclama de
não participar da negociação.
Sinal
Para executivos da Globo, a
decisão tomada, anteontem,
pelo Cade, de proibir o grupo
News (controlador da Sky) de
negociar canais exclusivos sinalizou que os conselheiros devem seguir o mesmo caminho
no julgamento do processo
aberto pela NeoTV.
O Cade impôs várias restrições ao grupo News (do magnata mundial Rupert Murdoch)
para aprovar a fusão da Sky
com a DirecTV. A News está
proibida, por cinco anos, de discriminar os concorrentes com
conteúdos exclusivos e de exercer direito de exclusividade sobre os cinco maiores campeonatos de futebol de maior interesse no Brasil (Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil,
Paulista e Carioca).
A medida afeta a Fox (empresa da News), mas não atinge a
Globo, que também é acionista
da Sky. Por decorrência, não
afeta a Globosat nem a Net Serviços, que comercializa os canais Globosat.
Para o diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, o
Cade não se referiu à Globo nas
restrições relativas à exclusividade de programação na Sky
porque tratará do assunto no
julgamento de quarta-feira. O
grupo espera fechar o acordo
antes, o que resultaria no fim
do processo administrativo,
mas não informa as condições
que estão sendo discutidas.
Só os esportivos
A diretora-geral da NeoTV,
Neusa Risette, antecipou que a
entidade não aceitará comprar
todo o pacote de canais da Globosat para ter acesso à programação esportiva.
""Nosso pedido é para comprar apenas os canais de esporte, que têm relevância concorrencial. Não podemos impor
um pacote inteiro aos assinantes", afirmou.
De acordo com ela, muitos
associados da NeoTV compravam canais da Globosat antes
de a empresa adotar a política
de exclusividade, em 2000. ""A
Globo rompeu os contratos, e
elas tiveram muita dificuldade
para construir um novo produto e continuar sobrevivendo."
Muda o mercado
Numa coisa a NeoTV e a Globo concordam: as restrições
impostas pelo Cade para aprovar a fusão Sky/DirecTV mudaram o cenário da competição
no mercado de TV por assinatura. ""Foi um avanço", resumiu
a diretora da NeoTV.
Para Alberto Pecegueiro, se o
Cade proibir a Globo de manter
a exclusividade dos canais Globosat para o sistema Net, começará uma nova era para a TV
paga na próxima semana, em
que a competição entre as operadoras deixará de ser determinada pela exclusividade do conteúdo de programação.
Ele diz que a mudança já começou. Há um mês, depois de
muitos anos de disputa e discussão, a TVA assinou acordo
de distribuição do Canal Brasil,
produzido pela Globo, e negocia a compra dos canais Telecine. ""Está acontecendo um processo de distensão no mercado", diz o diretor da Globosat.
A exclusividade de programação começou com a TVA,
nos anos 90, quando ela se associou à ESPN e à HBO. As Organizações Globo imitaram
prática mais tarde.
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