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Nossa Caixa já abre seus dados para o BB
Banco federal terá acesso a partir de hoje a informações sigilosas da instituição federal; previsão é fechar acordo em 3 meses
Para presidente da Assembléia Legislativa, aprovação de projeto para
a venda da Nossa Caixa poderá ocorrer em 30 dias
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em mais uma demonstração
de que descarta a hipótese de
realizar leilão para a venda da
Nossa Caixa, o governo de São
Paulo abre a partir de hoje os
dados sigilosos da instituição
para o Banco do Brasil.
A expectativa é que dentro de
três meses esteja fechado o
acordo entre o BB e o governo
de São Paulo. Fechado o negócio, a venda poderá acontecer
daqui a quatro meses, após
aprovação de projeto de lei na
Assembléia Legislativa.
Hoje, o BB assina em São
Paulo um termo de confidencialidade, comprometendo-se a
não divulgar nem fazer uso das
informações a que tiver acesso
durante o processo de negociação para a compra da Nossa
Caixa. Um vice-presidente do
banco desembarca em São Paulo para a assinatura.
A consultora Booz Allen Hamilton foi contratada pelo BB
para fazer a avaliação da Nossa
Caixa. Pelo Estado, foram contratados o Banco Fator e o Citibank. No governo, a estimativa
é que o processo de avaliação
consuma dois meses. Daí, serão
necessários mais 30 dias para
que BB e o governo paulista fechem negócio.
A partir de então, será encaminhado um projeto específico
para a Assembléia. Segundo o
presidente da Casa, Vaz de Lima (PSDB), a aprovação poderá
se dar em até 30 dias. "Se vier
redondo, votamos em até um
mês, sem atropelar."
Para viabilizar a operação, o
BB deverá incorporar 15 mil
funcionários da Nossa Caixa ao
quadro de servidores. Segundo
a Folha apurou, essa foi uma
condição apresentada pelo secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, ao presidente do
BB, Antônio Lima Neto, que a
teria aceitado informalmente.
A incorporação será oficializada na proposta do BB. Além
disso, o BB teria concordado
em negociar com os acionistas
minoritários da Nossa Caixa,
seja por meio de oferta de compra ou troca de ações.
A Folha apurou ainda que
não são só os depósitos judiciais -uma prerrogativa dos
bancos públicos- que transformam a negociação com o BB
mais atraente. Pela lei, só bancos públicos podem receber esses depósitos. Em caso de venda, o BB terá direito a R$ 14,9
bilhões em depósitos. Não é só.
Como o Estado só pode fazer
aplicações em bancos oficiais, o
BB poderá também administrar a bilionária disponibilidade de caixa de São Paulo.
Interessado em mais esse
atrativo, faria a melhor oferta.
Além da abertura dos dados
da Nossa Caixa como indício de
que refuta o leilão, o governador de São Paulo, José Serra,
reafirmou ontem a intenção de
venda para o BB. "O BB vai fazer uma avaliação para apresentar sua proposta. Se for um
bom preço, caminhamos para a
venda. Se não, não [há venda]."
Questionado se descarta o
leilão, Serra disse que sua opinião estava expressa nos jornais, segundo os quais a hipótese está fora de questão.
O governador insistiu que
"há um exagero em considerar
o negócio fechado". Tudo, frisou, "dependerá do preço".
Parte da arrecadação com a
venda alimentará o banco de
desenvolvimento do Estado. A
criação dessa instituição -com
até R$ 1 bilhão em fundo- depende de aprovação do Banco
Central.
Ontem, ao participar da
abertura da "Apas 2008 - 24º
Congresso de Gestão e Feira
Internacional de Negócios em
Supermercados", Serra defendeu investimentos para o Estado, uma das justificativas para
a venda do banco.
"O Estado está com as contas
arrumadas. Mas falta dinheiro
para investimentos. Precisamos mobilizar recursos para isso. Estamos fazendo um programa ambiciosíssimo de investimentos", discursou o governador, apresentando com
exemplos a recuperação de 12
mil quilômetros de estradas vicinais e previsão de R$ 17 bilhões em gastos com transportes sobre trilhos até 2010.
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