|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Investimentos externos dobram em abril
Estrangeiro aplica mais recursos no setor produtivo e no mercado financeiro do Brasil atraído por resistência maior à crise e juro alto
Recurso externo para o setor produtivo somou US$ 3,4 bi em abril; acumulado do ano, porém, está 31% abaixo do 1º quadrimestre de 2008
NEY HAYASHI DA CRUZ
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de um primeiro trimestre ainda marcado por incertezas, investidores estrangeiros retomaram suas aplicações no Brasil, com recursos direcionados tanto ao setor produtivo quanto ao mercado financeiro. Segundo dados do
Banco Central, em alguns casos
os números de abril para cá já
se aproximam dos níveis observados antes do agravamento da
crise, em setembro.
Os investimentos estrangeiros diretos, operações que envolvem tanto a compra de empresas brasileiras por multinacionais quanto a expansão da
capacidade produtiva já instalada no país, somaram US$
3,409 bilhões no mês passado,
mais que o dobro de março.
Por outro lado, o saldo acumulado no ano até abril continua abaixo do visto no mesmo
período de 2008. Entre janeiro
e abril, o fluxo de investimentos diretos para o setor produtivo foi de US$ 8,751 bilhões,
queda de 31% em relação aos
primeiros quatro meses de
2008. Os dados de maio indicavam, até ontem, o ingresso líquido de US$ 2,5 bilhões.
Do lado das aplicações no
mercado financeiro, a alta foi
mais forte. No mês passado, os
investimentos estrangeiros em
ações na Bolsa foram de US$
630 milhões, e neste mês, segundo dado parcial fechado ontem, já chegavam a US$ 2,365
bilhões. Caso não haja uma saída maior de recursos até o final
da semana, o resultado de maio
será o melhor já registrado pelo
BC desde abril do ano passado.
Os números calculados pelo
BC se referem a recursos que
efetivamente entraram e saíram do país por causa de operações com ações, e diferem dos
balanços feitos pela Bovespa
porque, neste caso, a Bolsa considera só operações em que estrangeiros compraram ou venderam ações, sem, necessariamente, entrar ou sair do país.
Os números do mercado de
renda fixa também parecem
confirmar a volta dos investidores estrangeiros ao país. No
segmento, as aplicações somaram só US$ 66 milhões em
abril, mas chegam a US$ 811
milhões na parcial deste mês.
Para Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco
WestLB, o aumento nos investimentos estrangeiros deve se
manter pelos próximos meses,
graças a uma confiança maior
dos mercados no Brasil. Ele diz
não acreditar que o nível da taxa de juros do país seja um fator
muito determinante no maior
ingresso de dólares.
"Se fosse só por causa dos juros, haveria uma migração forte para a renda fixa, e o mercado acionário estaria afundando. Não é o que está acontecendo", afirma.
Para André Saccorato, da
consultoria Tendências, os investimentos diretos no Brasil
devem se manter até o fim do
ano, mas não no mesmo nível
de abril. Segundo ele, os US$
3,4 bilhões em investimentos
estrangeiros para o setor produtivo foram uma surpresa para o mercado e o BC.
"A tendência é que os investimentos diretos girem em torno
de US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões por mês. É um valor robusto, mas menor que no ano
passado. Isso porque as empresas que começaram projetos de
longo prazo não podem parar
no meio. Mas será difícil aparecerem projetos novos", afirma.
Já Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, diz
que o mercado de ações e renda
fixa continuarão atrativos aos
estrangeiros ao longo do ano.
Ele disse que já era esperado
aumento de recursos nessas
áreas, já que a Bolsa voltou a se
recuperar e a taxa de juros "cai
em doses homeopáticas". Para
ele, mesmo que a taxa básica
-hoje em 10,25% ao ano- fique abaixo dos 9%, ainda será
"um dos melhores investimentos do mundo".
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Aplicações de estrangeiros na Bolsa chegam a R$ 4 bi neste mês Índice
|