São Paulo, quarta-feira, 27 de maio de 2009

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Contas externas voltam a ter saldo positivo após 19 meses

Acumulado até abril, porém, segue negativo, e previsão para o ano também é de déficit

Desempenho da balança comercial, com a queda das importações, é o que mais ajudou no resultado positivo das contas externas em abril


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após um ano e meio de resultados negativos, as contas externas brasileiras voltaram a ter superávit em abril. Graças a uma melhora na balança comercial, a conta de transações correntes -que contabiliza a negociação de bens e serviços com outros países- ficou positiva em US$ 146 milhões, segundo o Banco Central.
O resultado não foi suficiente para reverter o saldo negativo no acumulado do ano, já que o déficit apurado entre janeiro e abril ficou em US$ 4,874 bilhões. Além disso, nem o próprio BC diz esperar que o país volte a ter superávit nessa conta nos próximos meses. "É um resultado bom [o de abril], mas não significa uma mudança de tendência. A expectativa para maio é de um déficit de US$ 2,3 bilhões", afirma o chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes.
O desempenho do comércio exterior, um dos itens de maior peso na conta de transações correntes, foi um dos principais responsáveis pelo resultado do mês passado: entre março e abril, o superávit da balança passou de US$ 1,772 bilhão para US$ 3,712 bilhões.
Mesmo com números negativos esperados para os próximos meses, a expectativa é que as contas externas tenham, em 2009, déficit menor que o registrado em 2008. Entre janeiro e abril deste ano, o saldo negativo acumulado (US$ 4,874 bilhões) é bem menor que os US$ 13,304 bilhões do mesmo período do ano passado.
Para Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB, a explicação para esse resultado está no desaquecimento da economia brasileira, e nem mesmo a recente valorização do real deve reverter esse quadro. "Não existe uma relação de curto prazo muito relevante entre câmbio e transações correntes, até porque um influencia o outro. Essa conta é mais sensível ao comportamento da renda, tanto interna quanto externa", afirma.
Ou seja, por um lado a queda do dólar tem consequências como o desestímulo à exportação e o favorecimento às importações, o que ajudaria a aprofundar o déficit externo do país.
Porém, diz Padovani, isso não deve ocorrer, pelo menos no curto prazo, porque o desaquecimento da economia brasileira deve impedir uma alta mais forte das importações. E a recuperação, ainda que incerta, de países como a China pode fazer com que os preços de commodities se mantenham em níveis razoavelmente elevados, o que favoreceria as exportações do Brasil mesmo num cenário de real mais forte.
O BC estima que, neste ano, o país deva ter um déficit em transações correntes de US$ 16 bilhões, abaixo dos US$ 28,2 bilhões do ano passado. No mercado, a estimativa média é de déficit de US$ 17,6 bilhões.


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