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Contas externas voltam a ter saldo positivo após 19 meses
Acumulado até abril, porém, segue negativo, e previsão para o ano também é de déficit
Desempenho da balança comercial, com a queda das importações, é o que mais ajudou no resultado positivo das contas externas em abril
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após um ano e meio de resultados negativos, as contas externas brasileiras voltaram a
ter superávit em abril. Graças a
uma melhora na balança comercial, a conta de transações
correntes -que contabiliza a
negociação de bens e serviços
com outros países- ficou positiva em US$ 146 milhões, segundo o Banco Central.
O resultado não foi suficiente
para reverter o saldo negativo
no acumulado do ano, já que o
déficit apurado entre janeiro e
abril ficou em US$ 4,874 bilhões. Além disso, nem o próprio BC diz esperar que o país
volte a ter superávit nessa conta nos próximos meses. "É um
resultado bom [o de abril], mas
não significa uma mudança de
tendência. A expectativa para
maio é de um déficit de US$ 2,3
bilhões", afirma o chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes.
O desempenho do comércio
exterior, um dos itens de maior
peso na conta de transações
correntes, foi um dos principais
responsáveis pelo resultado do
mês passado: entre março e
abril, o superávit da balança
passou de US$ 1,772 bilhão para US$ 3,712 bilhões.
Mesmo com números negativos esperados para os próximos meses, a expectativa é que
as contas externas tenham, em
2009, déficit menor que o registrado em 2008. Entre janeiro e abril deste ano, o saldo negativo acumulado (US$ 4,874
bilhões) é bem menor que os
US$ 13,304 bilhões do mesmo
período do ano passado.
Para Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco
WestLB, a explicação para esse
resultado está no desaquecimento da economia brasileira,
e nem mesmo a recente valorização do real deve reverter esse
quadro. "Não existe uma relação de curto prazo muito relevante entre câmbio e transações correntes, até porque um
influencia o outro. Essa conta é
mais sensível ao comportamento da renda, tanto interna
quanto externa", afirma.
Ou seja, por um lado a queda
do dólar tem consequências como o desestímulo à exportação
e o favorecimento às importações, o que ajudaria a aprofundar o déficit externo do país.
Porém, diz Padovani, isso
não deve ocorrer, pelo menos
no curto prazo, porque o desaquecimento da economia brasileira deve impedir uma alta
mais forte das importações. E a
recuperação, ainda que incerta,
de países como a China pode fazer com que os preços de commodities se mantenham em níveis razoavelmente elevados, o
que favoreceria as exportações
do Brasil mesmo num cenário
de real mais forte.
O BC estima que, neste ano, o
país deva ter um déficit em
transações correntes de US$ 16
bilhões, abaixo dos US$ 28,2 bilhões do ano passado. No mercado, a estimativa média é de
déficit de US$ 17,6 bilhões.
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