São Paulo, quarta-feira, 27 de maio de 2009

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Confiança dos americanos tem maior alta em seis anos

Índice de otimismo do consumidor atinge maior nível em 8 meses; Bolsa de NY sobe 2,37%

Dado supera a expectativa de analistas e ofusca notícia de que preços de residências sofreram maior queda trimestral em 21 anos


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Surpreendentemente, o principal indicador que mede a confiança dos consumidores nos Estados Unidos deu em maio o maior salto em seis anos e voltou a um patamar próximo ao da explosão da atual crise global, ainda que inferior.
A surpresa ocorreu ao mesmo tempo em que os preços dos imóveis no país continuam em queda livre, indicando uma ainda longa recessão.
O resultado da pesquisa feita pelo Conference Board sobre a confiança dos consumidores deu forte impulso à Bolsa de Valores de Nova York. No pregão, foram beneficiadas principalmente as empresas voltadas diretamente ao consumo, como Home Depot, Macy's e McDonald's. O Dow Jones subiu 2,37%; o S&P 500, 2,63%; e a Nasdaq, 3,45%.
Segundo o Conference Board, o indicador da confiança dos consumidores saltou de 40,8 pontos em abril para 54,9 pontos em maio -o maior nível em oito meses. A média dos analistas apostava em elevação para 42 pontos. Em setembro, mês que marca o início da fase aguda da crise, com a quebra do Lehman Brothers, o indicador estava em 61,4 pontos.
O aumento é o maior desde abril de 2003, quando os norte-americanos passaram a acreditar que a invasão dos EUA no Iraque seria resolvida rapidamente. De lá para cá, mais de 3.500 soldados norte-americanos morreram na guerra.
Nas últimas semanas, não apenas várias autoridades vêm insistindo na existência de "sinais de recuperação" como também a Bolsa de Nova York reagiu a uma esperança de que o pior tenha ficado para trás.
Como a maioria dos americanos que têm alguma poupança normalmente aplica seu dinheiro na Bolsa, o "efeito riqueza" entre eles deve ter aumentado e contribuído para se tornarem mais confiantes. Desde março, a Bolsa no país registra valorização de cerca de 20%.


Imóveis
A retomada da confiança dos consumidores obliterou a má notícia no mercado de imóveis, considerado também uma das maiores fontes de poupança de quem já tem uma residência ou está financiando uma.
Em março, o preço médio das residências em 20 grandes áreas metropolitanas caiu 18,7%. Na média do primeiro trimestre, o tombo foi de 19,1%, o maior em 21 anos, desde que a Standard & Poor's/Case Shiller começou a calcular o indicador.
Nos Estados onde a crise imobiliária (que detonou a atual recessão) começou mais cedo, como Califórnia, Flórida e Arizona, a queda nos preços continua bem acima da média.
"Há ainda uma estoque muito grande de casas à venda, o que continua colocando os preços dos imóveis em uma tendência de queda", diz Gary Thayer, do banco Wells Fargo.
Apesar da retomada da confiança dos consumidores, o preço dos imóveis nos EUA ainda é considerado "chave" para a recuperação da economia como um todo.
Tanto da situação financeira dos proprietários das casas como da saúde dos bancos -entupidos com os chamados "ativos tóxicos" gerados pela explosão da bolha imobiliária.


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