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FRAUDES DO CAPITAL
CVM dos EUA tentará evitar que documentos sejam destruídos, como ocorreu no caso da Enron
WorldCom responderá a processo por fraude
DA REDAÇÃO
A SEC (Securities and Exchange
Commission, órgão federal dos
EUA que fiscaliza o mercado acionário) abriu ontem um processo
contra a WorldCom acusando a
companhia de fraude contábil. O
Departamento de Justiça também
poderá processar a empresa de telecomunicações.
Anteontem à noite, a WorldCom, cuja contabilidade já estava
sob investigação das autoridades
dos EUA, informou que uma auditoria interna revelou fraude de
US$ 3,8 bilhões. Despesas e outros
gastos operacionais da companhia foram anotados nos balanços como investimentos, inflando
os resultados de modo irregular.
Scott Sullivan, que desde 1994
era o diretor financeiro da corporação, foi demitido. A empresa refará todos os balanços dos últimos cinco trimestres, períodos
em que o golpe teria ocorrido.
A fraude está entre as maiores já
ocorridas nos EUA. Segundo a
SEC, o esquema fez com que a
companhia registrasse um ganho
de US$ 2,393 bilhões no ano passado, quando o correto seria lançar perdas de US$ 662 milhões.
No primeiro trimestre do ano, deveria ser anotado um prejuízo de
US$ 557 milhões, no lugar de ganhos de US$ 240 milhões.
Sullivan teria sido o grande
mentor da expansão da WorldCom, que surgiu em 1983 como
uma modesta empresa de serviços de telecomunicações. Nas última décadas, a companhia fez
cerca de 60 aquisições (entre elas a
norte-americana MCI e a Embratel), impulsionada pela bolha de
investimentos em tecnologia.
A SEC vai tentar obter uma ordem judicial para evitar que arquivos e documentos sejam destruídos, como acabou acontecendo no caso Enron. Além disso, o
órgão vai obrigar os executivos
das mil maiores empresas dos
EUA a atestar a veracidade dos
comunicados financeiros feitos
por eles no último ano.
Ao maquiar os resultados, o objetivo da WorldCom era permanecer dentro das expectativas dos
analistas do mercado financeiro.
Senão, as ações da empresa poderiam cair ainda mais e seria mais
difícil levantar crédito.
As suspeitas sobre a WorldCom
se aprofundaram em março,
quando a SEC começou a examinar os números da tele. A confiança na empresa desabou, e
com ela as ações. Em abril, Bernard Ebbers, um de seus fundadores, acabou pedindo demissão
da presidência do grupo.
Ponta do iceberg
Longe de ser um caso isolado, a
energética Enron parece cada vez
mais apenas a ponta do iceberg. A
derrocada da companhia energética, que era a maior do setor no
planeta, expôs uma cultura de
manipulação de balanços comum
entre algumas das principais empresas dos EUA.
A Enron era tida como exemplar e mantinha laços estreitos
com o centro do poder norte-americano. Mas, quando surgiram dúvidas sobre a contabilidade da empresa, as ações começaram a desabar, e a concordata
veio em dezembro passado.
Ontem, a Adelphia Communications, empresa de TV a cabo,
entrou em concordata. Caso a
WorldCom quebre, o contágio
pode ser ainda maior.
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