|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRAUDES DO CAPITAL
Responsabilidade da empresa no exame da WorldCom livra setor de auditoria de suspeita generalizada
Andersen leva a culpa de novo e traz alívio
ADRIAN MICHAELS
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK
"Há algum conforto a ser extraído do fato de que as auditorias da
WorldCom eram responsabilidade da Andersen, e não de uma das
demais quatro grandes empresas do setor", diz Art Bowman, um respeitado comentarista de contabilidade norte-americano.
A Andersen, uma empresa de auditoria caída em desgraça e praticamente falida, tinha forte presença nos ramos de energia e telecomunicações, duas áreas que
vêm sofrendo vigilância intensa devido a uma série de escândalos
relacionados à prestação de contas financeiras adulteradas.
Entre os clientes de energia da Andersen estavam Enron,
Dynergy e Halliburton. Em telecomunicações, atendia WorldCom, Qwest e Global Crossing. Todos esses nomes surgem na lista, cada vez mais longa, de empresas que vêm sendo investigadas devido a problemas contábeis.
A Andersen, que foi considerada culpada de obstrução à Justiça
no caso da investigação criminal sobre a Enron, está fechando as
portas de seus escritórios de auditoria nos EUA, e o resultado é que
boa parte de seu trabalho agora está sendo questionado.
Se a fraude aparentemente maciça que a WorldCom praticou tivesse sido auditada por um dos grandes rivais da Andersen -PricewaterhouseCoopers,
Ernst & Young, KPMG ou Deloitte Touche Tohmatsu-, todo o
setor de auditoria estaria sob suspeita agora.
Defesa
A Andersen tentou se apresentar como vítima da administração da WorldCom.
"Nosso trabalho para a WorldCom esteve a todo momento de
acordo com as normas da Securities and Exchange Commission
[SEC, a CVM dos Estados Unidos] e as práticas profissionais", afirmou a empresa em declaração divulgada terça à noite. "Preocupa-nos que informações importantes quanto aos custos operacionais tenham sido sonegadas aos auditores da Andersen pelo diretor financeiro da WorldCom."
Ainda assim a SEC e outras agências de investigação ainda assim estudarão o papel da empresa de auditoria no caso da WorldCom.
Tradução de Paulo Migliacci
Texto Anterior: Comentário: O mundo pós-WorldCom Próximo Texto: Grandes bancos ficam em situação delicada Índice
|