São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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FRAUDES DO CAPITAL

Responsabilidade da empresa no exame da WorldCom livra setor de auditoria de suspeita generalizada

Andersen leva a culpa de novo e traz alívio

ADRIAN MICHAELS
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK

"Há algum conforto a ser extraído do fato de que as auditorias da WorldCom eram responsabilidade da Andersen, e não de uma das demais quatro grandes empresas do setor", diz Art Bowman, um respeitado comentarista de contabilidade norte-americano.
A Andersen, uma empresa de auditoria caída em desgraça e praticamente falida, tinha forte presença nos ramos de energia e telecomunicações, duas áreas que vêm sofrendo vigilância intensa devido a uma série de escândalos relacionados à prestação de contas financeiras adulteradas.
Entre os clientes de energia da Andersen estavam Enron, Dynergy e Halliburton. Em telecomunicações, atendia WorldCom, Qwest e Global Crossing. Todos esses nomes surgem na lista, cada vez mais longa, de empresas que vêm sendo investigadas devido a problemas contábeis.
A Andersen, que foi considerada culpada de obstrução à Justiça no caso da investigação criminal sobre a Enron, está fechando as portas de seus escritórios de auditoria nos EUA, e o resultado é que boa parte de seu trabalho agora está sendo questionado.
Se a fraude aparentemente maciça que a WorldCom praticou tivesse sido auditada por um dos grandes rivais da Andersen -PricewaterhouseCoopers, Ernst & Young, KPMG ou Deloitte Touche Tohmatsu-, todo o setor de auditoria estaria sob suspeita agora.

Defesa
A Andersen tentou se apresentar como vítima da administração da WorldCom.
"Nosso trabalho para a WorldCom esteve a todo momento de acordo com as normas da Securities and Exchange Commission [SEC, a CVM dos Estados Unidos] e as práticas profissionais", afirmou a empresa em declaração divulgada terça à noite. "Preocupa-nos que informações importantes quanto aos custos operacionais tenham sido sonegadas aos auditores da Andersen pelo diretor financeiro da WorldCom."
Ainda assim a SEC e outras agências de investigação ainda assim estudarão o papel da empresa de auditoria no caso da WorldCom.


Tradução de Paulo Migliacci

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