São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Após acordo com a Arcelor, indiano se firma como empresário da globalização

DA FRANCE PRESSE

A fusão com a Arcelor é uma nova jogada de mestre do paladino da globalização Lakshmi Mittal, 55, na "velha" Europa. O empresário indiano construiu um verdadeiro império siderúrgico espalhado por todos os cantos do planeta em apenas 20 anos. O último feito acontecera em 2005, quando adquiriu o grupo americano ISG, o que tornou sua empresa a maior companhia da siderurgia mundial. Mais do que o precursor de uma nova geração de empresários de países emergentes que vêm chegando com força cada vez maior aos mercados ocidentais, Mittal poderia ser definido como um arauto da economia globalizada. Terceiro homem mais rico do mundo, de acordo com a revista "Forbes", ele vive em Londres, um dos centros do mundo financeiro, e controla usinas em todas as regiões do mundo, da Indonésia ao Canadá, passando por Trinidad e Tobago e pelo Cazaquistão. Desde que apresentou sua proposta de compra da Arcelor, em janeiro, vem sendo descrito simplesmente como comandante de uma empresa indiana, mas ele rechaça, ressaltando o caráter internacional do grupo, formalmente sediado na Holanda, com presença em 15 países e ações na Bolsa de Nova York. É certo que Mittal criou seu império com base na companhia de aço controlada por sua família no norte da Índia. Mas em 1976 sua família mudou para a Indonésia, onde ele fundou sua primeira sociedade de investimentos e começou a adquirir diversas empresas de capital aberto em dificuldades financeiras, que ele conseguiu resolver com surpreendente facilidade. Seu primeiro grande êxito aconteceu no final dos anos 80: em um ano conseguiu restabelecer a lucratividade de uma usina em Trinidad e Tobago que vinha sofrendo prejuízos de US$ 1 milhão ao dia. Em seguida, estendeu seus tentáculos a outros países e instalou unidades no México, no Canadá, na Irlanda, na Alemanha, no Cazaquistão, na Rússia e nos EUA, onde adquiriu empresas em Chicago, o que lhe valeu o título de "produtor siderúrgico do ano" em 96. Em discurso diante de colegas do setor siderúrgico, em Nova York, em junho do ano passado, Mittal pediu pelo "fim dos sentimentos nacionais que dominaram a história do setor de aço". Alguns meses mais tarde, quando sua proposta de aquisição da Arcelor gerou clara hostilidade na Europa, Mittal se recusou a abandonar suas idéias e praticamente se transformou em líder europeu da globalização. "A Europa está presa à sua tradição industrial, e no momento há poucos grupos europeus que possam ser considerados líderes mundiais. Essa operação mudará as coisas", disse. A oposição terminou por ceder diante do veredicto da Arcelor. Ainda assim, a globalização da Mittal assusta sindicatos, que temem reestruturações e cortes.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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