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ANTONIO GIL
TI: escolha para vencer
Ao incentivar as exportações, o governo deu ao setor de TI uma opção para participar da competição global já
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A NOVA política industrial e tecnológica do governo, anunciada em maio, trouxe uma
medida valiosa para as empresas de
tecnologia da informação (TI). A redução de 20% para 10% da contribuição ao INSS sobre a folha salarial,
na proporção do que for exportado,
coloca as empresas brasileiras no jogo global da terceirização de serviços de TI. Esse será um mercado de US$ 70 bilhões em 2008 e nele o
grande destaque é a Índia, com exportações de US$ 50 bilhões.
O Brasil tem elevada competência
em TI, mas os encargos trabalhistas
são muito altos. Como o custo médio da mão-de-obra representa 70%
do faturamento de uma empresa de
software, a incidência desses encargos torna nossas empresas pouco
competitivas. O incentivo do governo reduz o "custo Brasil", mas tem
sido criticado por alguns na imprensa e até por algumas vozes do setor
de TI.
São duas as correntes críticas. A
primeira condena políticas setoriais; a segunda se opõe ao foco dado
às exportações. Ambas se equivocam.
Talvez o primeiro grupo de críticos estivesse certo em sua defesa de
políticas horizontais se o mundo
fosse total e irremediavelmente plano. Mas não é. Neste exato momento, há uma guerra fiscal global pela
atração dos contratos de TI. São US$
300 bilhões potencialmente em disputa no mundo, segundo consultorias especializadas e o Banco Mundial.
Podem os críticos das escolhas pelo governo acertar no tocante a não
se criar muletas para os empresários
competirem. Mas não podem eles
ignorar o bem que a "escolha" do governo da Índia fez para os indianos e
a economia daquele país, ao criar
um exército de 1,6 milhão de programadores que ganham a vida vendendo TI para o mundo. Agora, China,
Rússia, México, Argentina, Filipinas
e outros mais oferecem incentivos e
têm programas para TI. Por que o
Brasil deveria ficar alheio a isso?
Não há razão para o Brasil ficar à
margem. Temos 45 anos de investimento nesse setor, programadores
de qualidade, tradição em serviços
financeiros e governo eletrônico e
temos também um ótimo posicionamento em termos de fuso horário,
relativamente aos EUA e à Europa.
Ademais, o mundo procura uma alternativa viável à alta concentração
dos negócios de TI na Índia.
A outra vertente crítica alega que
o foco em exportações privilegia as
grandes empresas. Sustenta que
sem um vigoroso mercado interno e
uma ampla base de pequenas empresas não há como exportar. Para a
Brasscom, não há oposição entre
mercado interno e mercado externo. É preciso sim ter um mercado
interno robusto e pequenas empresas vicejantes. Mas o jogo global de
TI envolve capacidade de entrega,
escala. A Índia tem um mercado interno menor do que o do Brasil, mas
é líder em exportações. Conseguiu
isso com empresas de TI que, hoje,
valem bilhões nas Bolsas de Nova
York.
Diante de um mercado cada vez
mais disputado, se o Brasil não competir globalmente, seu mercado interno e suas empresas é que serão alvo. Em nome de não se escolher
"vencedores", o que poderia de fato
acontecer é eleger-se um "perdedor" em área tão sensível. Com o incentivo às exportações, o governo
deu ao setor de TI uma opção para
participar da competição global já.
Agora, nossas empresas estão mais
bem preparadas para enfrentar o
desafio de aumentar as exportações
de US$ 800 milhões para US$ 5 bilhões, criando 100 mil postos de trabalho até 2011. O Brasil quer e pode
ser uma das três melhores opções
em TI no mundo.
ANTONIO GIL , engenheiro, é presidente da Associação
Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicações (Brasscom).
Excepcionalmente, hoje, a coluna de LUIZ CARLOS
MENDONÇA DE BARROS não é publicada.
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