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Crise limita ganho real em reajuste salarial
Aumentos nos acordos negociados até maio se concentram na faixa de até 0,5% acima do INPC, ante intervalo de 1% a 1,5% em 2008
Nos 5 primeiros meses deste ano, 96% das negociações
conseguiram zerar as perdas
com a inflação ou ter reajuste
maior; em 2008, foram 89%
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A instabilidade econômica
causada pela crise internacional não afetou os reajustes nos
salários de trabalhadores que
negociaram acordos entre janeiro e maio deste ano. Mas teve impacto no "tamanho" do
ganho real conquistado.
Entre os acordos salariais
que obtiveram ganhos acima da
inflação, o aumento se concentrou na faixa até 0,5% acima do
INPC -o índice mais usado pelos sindicatos para correção
dos salários. No ano passado, os
aumentos estavam no intervalo
de 1% a 1,5% acima do INPC.
Os resultados são apontados
em estudo do Dieese ao comparar o desempenho de cem negociações firmadas de janeiro a
maio deste ano com as feitas
em igual período de 2008. O
número de trabalhadores da
mostra não foi informado.
Nos cinco primeiros meses
deste ano, 96% das negociações
conseguiram zerar as perdas
com a inflação ou ter reajuste
maior. Em 2008, foram 89%.
"O ajuste das empresas em
resposta à crise ocorreu pela
demissão, principalmente no
setor industrial, e não pelos
reajustes", diz José Silvestre de
Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.
Somente entre novembro de
2008 a janeiro foram fechados
no país 797,5 mil empregos, segundo o Ministério do Trabalho. Apesar de o mercado de
trabalho ter reagido, as 282 mil
vagas criadas de fevereiro a
maio foram insuficientes para
repor os empregos eliminados.
"Quem sobreviveu às demissões conseguiu repor as perdas
nos salários porque a inflação
se manteve em queda durante o
ano e em patamar menor do
que em 2008, o que facilita as
negociações", diz Silvestre de
Oliveira. O INPC acumulado
nos últimos 12 meses encerrados em dezembro chegou a
7,20%. No acumulado de janeiro a maio deste ano, 5,83%.
O setor industrial, o mais
atingido pela crise, foi o único
em que a proporção de acordos
com reajustes acima da inflação recuou: passou de 86% em
2008 para 83% neste ano. Neste ano, 11% conseguiram zerar a
inflação e 5,6% tiveram reajustes inferiores ao INPC.
Metalúrgicos da Paraíba e
químicos de São Gonçalo e região (RJ) são categorias que
não conseguiram, por exemplo,
recuperar as perdas. Já os operários da construção civil de
São Paulo negociaram reajuste
escalonado por faixa salarial.
Os aumentos reais neste ano
também foram mais contidos
na indústria. Um em cada três
acordos firmados teve ganho
real de até 0,5% acima da inflação. Em 2008, um terço das negociações teve ganho entre
1,01% e 1,5% superior ao INPC.
Medidas como a redução do
IPI para o setor automotivo e
para produtos da linha branca
(geladeira, fogão) contribuíram
não só para que a indústria se
recuperasse mas também para
o desempenho positivo das negociações salariais no comércio
e no setor de prestação de serviços, segundo economistas.
A tendência para o próximo
semestre é de melhoria nas negociações e nos aumentos reais.
"Campanhas salariais serão antecipadas e negociadas por setor de forma conjunta entre as
centrais", diz João Carlos Gonçalves, da Força Sindical.
As centrais defendem jornada de 40 horas semanais e proibição de demissões imotivadas
para proteger o emprego e poder concentrar as negociações
na melhoria dos salários, diz
Ricardo Patah, da UGT.
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