São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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Lula vai precisar remontar o Banco Central em 2010

De olho nas eleições do próximo ano, o presidente do BC, Henrique Meirelles, acertou prosseguir no cargo até março

Mário Mesquita e Alexandre Tombini são apontados para a sucessão na instituição; outros diretores devem sair dos cargos neste fim de ano


SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto Henrique Meirelles acertou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que poderá ficar na presidência do Banco Central até março de 2010 -mesmo se filiando a um partido ao longo deste ano, de olho numa possível candidatura na próxima eleição-, alguns diretores do BC organizam fila de saída para a virada do ano. Metade do comando da instituição pode ser remanejado.
Segundo a Folha apurou, os diretores Mário Torós (Política Monetária) e Antônio Gustavo Matos do Vale (Liquidações) são os primeiros da lista. Eles já indicaram que não querem ficar no cargo até o final do governo Lula, em 2010. Mas, como preferem fazer uma transição tranquila, deixarão para Meirelles organizar o melhor momento, o que deve acontecer no final deste ano.
O diretor Mário Mesquita (Política Econômica) também engrossa a fila de saída. No entanto, poderá ficar para suceder Meirelles na presidência, a partir de abril de 2010, ou se o cenário econômico piorar muito. Ele é um dos nomes cotados para comandar o BC, caso o governo opte por uma solução caseira. Não é o preferido, porém, do resto da equipe econômica.
Alexandre Tombini, diretor de Normas e funcionário de carreira, tem mais apoio no Ministério da Fazenda e no Palácio do Planalto. É visto como nome técnico de bom trânsito entre os petistas, que poderá cumprir bem a função nos últimos nove meses de governo.
Mas Lula ainda não bateu o martelo de que um sucessor do próprio BC é a melhor alternativa. Nas últimas vezes em que o tema foi discutido com o presidente, foi colocada a dificuldade de conseguir um nome no mercado para assumir o BC no período eleitoral.

Sem partido
Meirelles negociou com o presidente sua manutenção no cargo para ganhar tempo. Primeiro, ele ainda não tem o seu projeto político pessoal definido. Segundo, não quer sair por baixo, vinculando sua imagem como a do presidente do BC que deixou o governo com uma das piores taxas de crescimento da economia dos últimos anos.
A expectativa da equipe econômica é encerrar 2009 com um crescimento em torno de zero. As projeções variam de 0,3% a 0,8% -esta última é o número oficial do BC. No mercado financeiro, porém, fala-se em retração de até 0,6%.
Deixando para se afastar em março, ele avalia que sairá num momento em que o país estará em franca recuperação.
Sem partido, Meirelles é cortejado por legendas como o PP e o PTB. Terá de optar no máximo até o início de outubro, um ano antes da eleição, como exige a lei. Se ficar no comando do BC, realizará um feito. Não é comum o presidente do banco ter vinculação partidária.
O governo usa o argumento de que Gustavo Franco, que presidiu a instituição entre 1997 e 1999, era filiado ao PSDB. Mas, diferentemente de Meirelles, Franco não alimentava ambições políticas e já tinha vinculação partidária quando foi escolhido.
O problema de Henrique Meirelles não é apenas a falta de partido. Ele não quer entrar numa disputa ao governo de Goiás enfrentando Íris Resende (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB). Suas chances seriam reduzidas. Nesse caso, restaria a candidatura ao Senado.
O sonho de Meirelles era aproveitar um vácuo de poder e se viabilizar politicamente para disputar a sucessão de Lula, nem que fosse como vice-presidente na chapa do governo. No entanto, está vendo que suas chances são quase nulas.


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