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Lula vai precisar remontar o Banco Central em 2010
De olho nas eleições do próximo ano, o presidente do BC, Henrique Meirelles, acertou prosseguir no cargo até março
Mário Mesquita e Alexandre Tombini são apontados para a sucessão na instituição; outros diretores devem sair dos cargos neste fim de ano
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto Henrique Meirelles acertou com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que
poderá ficar na presidência do
Banco Central até março de
2010 -mesmo se filiando a um
partido ao longo deste ano, de
olho numa possível candidatura na próxima eleição-, alguns
diretores do BC organizam fila
de saída para a virada do ano.
Metade do comando da instituição pode ser remanejado.
Segundo a Folha apurou, os
diretores Mário Torós (Política
Monetária) e Antônio Gustavo
Matos do Vale (Liquidações)
são os primeiros da lista. Eles já
indicaram que não querem ficar no cargo até o final do governo Lula, em 2010. Mas, como preferem fazer uma transição tranquila, deixarão para
Meirelles organizar o melhor
momento, o que deve acontecer no final deste ano.
O diretor Mário Mesquita
(Política Econômica) também
engrossa a fila de saída. No entanto, poderá ficar para suceder Meirelles na presidência, a
partir de abril de 2010, ou se o
cenário econômico piorar muito. Ele é um dos nomes cotados
para comandar o BC, caso o governo opte por uma solução caseira. Não é o preferido, porém,
do resto da equipe econômica.
Alexandre Tombini, diretor
de Normas e funcionário de
carreira, tem mais apoio no Ministério da Fazenda e no Palácio do Planalto. É visto como
nome técnico de bom trânsito
entre os petistas, que poderá
cumprir bem a função nos últimos nove meses de governo.
Mas Lula ainda não bateu o
martelo de que um sucessor do
próprio BC é a melhor alternativa. Nas últimas vezes em que
o tema foi discutido com o presidente, foi colocada a dificuldade de conseguir um nome no
mercado para assumir o BC no
período eleitoral.
Sem partido
Meirelles negociou com o
presidente sua manutenção no
cargo para ganhar tempo. Primeiro, ele ainda não tem o seu
projeto político pessoal definido. Segundo, não quer sair por
baixo, vinculando sua imagem
como a do presidente do BC
que deixou o governo com uma
das piores taxas de crescimento
da economia dos últimos anos.
A expectativa da equipe econômica é encerrar 2009 com
um crescimento em torno de
zero. As projeções variam de
0,3% a 0,8% -esta última é o
número oficial do BC. No mercado financeiro, porém, fala-se
em retração de até 0,6%.
Deixando para se afastar em
março, ele avalia que sairá num
momento em que o país estará
em franca recuperação.
Sem partido, Meirelles é cortejado por legendas como o PP
e o PTB. Terá de optar no máximo até o início de outubro, um
ano antes da eleição, como exige a lei. Se ficar no comando do
BC, realizará um feito. Não é
comum o presidente do banco
ter vinculação partidária.
O governo usa o argumento
de que Gustavo Franco, que
presidiu a instituição entre
1997 e 1999, era filiado ao
PSDB. Mas, diferentemente de
Meirelles, Franco não alimentava ambições políticas e já tinha vinculação partidária
quando foi escolhido.
O problema de Henrique
Meirelles não é apenas a falta
de partido. Ele não quer entrar
numa disputa ao governo de
Goiás enfrentando Íris Resende (PMDB) e Marconi Perillo
(PSDB). Suas chances seriam
reduzidas. Nesse caso, restaria
a candidatura ao Senado.
O sonho de Meirelles era
aproveitar um vácuo de poder e
se viabilizar politicamente para
disputar a sucessão de Lula,
nem que fosse como vice-presidente na chapa do governo. No
entanto, está vendo que suas
chances são quase nulas.
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