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COMBUSTÍVEIS
Ministro diz que distribuidor não exagera nos lucros e pode mandar a Petrobras voltar atrás em aumento
Formação do preço do gás poderá mudar
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo admitiu ontem mudar a política de formação de preços da Petrobras para o gás de cozinha após ser convencido pelas
distribuidoras de que não há exageros nas margens de lucro.
Depois de dizer por dois dias
que o problema do aumento do
preço do gás era devido a abusos
praticados nas distribuidoras e revendedoras, que haviam aumentado as margens de lucro, o ministro Francisco Gomide (Minas e
Energia) considerou as explicações das distribuidoras "convincentes". Agora, caso os preços não
baixem naturalmente, o próximo
passo é estudar modificações na
política da Petrobras.
O preço do gás de cozinha poderá deixar de acompanhar o valor
do mercado internacional.
De acordo com o ministro, o governo pode, inclusive, pedir para
que a Petrobras volte atrás no aumento de 9,2% aplicado em 1º de
junho. Gomide informou que, a
partir da semana que vem, haverá
uma série de reuniões do Ministério de Minas e Energia, ANP
(Agência Nacional do Petróleo) e
agentes do mercado para definir
qual será a medida para conter o
preço do gás de cozinha.
Ontem o governo se reuniu com
representantes das distribuidoras
de gás. Após a reunião, o ministro
disse que, se havia problema na
margem de lucro, era mais na revenda do que na distribuição.
Ainda de acordo com Gomide, os
empresários disseram que os preços podem cair sem interferência
do governo.
O preço do gás de cozinha começou a aumentar muito quando
o governo decidiu liberar o mercado de importação de derivados
de petróleo, no início do ano. Para
garantir que haveria competição
no mercado interno, os preços
precisam acompanhar o custo de
importação do produto. Ou seja,
estão ligados ao preço do gás de
cozinha no mercado internacional e do dólar.
Agora, se as margens de lucro
da revenda não estiverem distorcidas -muito altas- e o preço
não cair naturalmente, o governo
terá que desvincular o preço do
gás de cozinha das variações do
mercado internacional e do câmbio ou criar uma fórmula para
amortecer esse impacto.
O presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas
Distribuidoras de Gás Liquefeito
de Petróleo), José Carlos Guimarães de Almeida, disse, após a reunião com o ministro, que "seria
um retrocesso tabelar". Segundo
ele, o preço do gás de cozinha é liberado desde 1998 e os problemas
só começaram quando a Petrobras começou a reajustar o valor
do derivado de acordo com o
mercado internacional.
Outra frente na qual o governo
pretende atuar é na tributação.
Nesse caso, no entanto, o poder
do governo federal é limitado,
porque o ICMS é decidido pelos
governos dos Estados. O governo
poderia ainda tabelar o preço,
mas o valor teria que variar de
acordo com a região do país, por
causa do custo do transporte.
A Petrobras responsabilizou as
distribuidoras de gás pelo aumento do produto, informando que
elas ampliaram sua margem de
lucro. De acordo com a estatal R$
13,30 do preço final do produto
são referentes às margens de distribuição e revenda -ou 50% do
valor total do botijão de gás.
A estatal informou que neste
ano chegou até a reduzir os seus
ganhos com o GLP. Na média do
ano passado, ela era remunerada
com R$ 8,91 a cada bujão de 13 kg.
Hoje o valor é de R$ 9,31.
Colaborou a Sucursal do Rio
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