São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2004

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TRABALHO

Taxa tem 2ª queda seguida e vai a 19,1% em junho, aponta pesquisa Seade/Dieese; rendimento sobe pela 1ª vez no ano

Desemprego recua e renda aumenta em SP

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego recuou na região metropolitana de São Paulo pelo segundo mês consecutivo -passou de 19,7% em maio para 19,1% da PEA (População Economicamente Ativa) em junho. Indústria, comércio e serviços criaram mais postos de trabalho do que fecharam, e a maior parte das contratações foi com carteira assinada. O salário cresceu pela primeira vez no ano.
Os resultados positivos, segundo revela pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), mostram que o mercado de trabalho já reage aos sinais de recuperação da economia.
A queda do desemprego em junho foi puxada pela criação de 107 mil postos de trabalho -quase metade (51 mil) com carteira assinada. As vagas abertas foram suficientes para absorver as pessoas que tentaram um posto no mercado (58 mil) e para reduzir, em parte, o total de desempregados. Estima-se que o total de desempregados na Grande São Paulo seja de 1,911 milhão.
O nível de ocupação foi o maior desde que a pesquisa foi iniciada, em 1985 -chegou em junho a 8,095 milhões. A PEA (soma de todos os que estão no mercado de trabalho, empregados ou não) também registrou recorde histórico -foi de 10,006 milhões no mês passado.
O recuou da taxa de desemprego em junho foi de 1,2 ponto percentual em relação ao mesmo mês de 2003, quando o índice atingiu 20,3%. Com esse resultado, igualou-se a níveis registrados em janeiro deste ano e em dezembro do ano passado (19,1%).
"A redução já era esperada. Se for confirmada a tendência de retomada do crescimento, que já se observa com a alta do consumo interno e a recuperação da atividade econômica, a queda do desemprego deve se acentuar nos próximos meses", diz Clemente Ganz Lucio, coordenador do Dieese. As exportações também sustentam a melhora, avalia o técnico. "Mas os indicadores também mostram recuperação, com queda da capacidade ociosa e diminuição dos estoques", diz.
A maior criação de postos de trabalho em junho se concentrou em serviços (56 mil vagas), com destaque para os segmentos de serviços especializados (consultorias de contabilidade, jurídicas e técnicas) e de crédito.
Na indústria, foram criadas 28 mil vagas, a maior parte em empresas gráficas (13 mil) e de vestuário e têxtil (16 mil). Na avaliação de Sinésio Pires Ferreira, diretor da Fundação Seade, o crescimento de vagas na indústria está relacionado a fatores temporários -como as eleições, que estimulam o setor gráfico, e a coleção primavera-verão, com impacto no vestuário. Houve ainda expansão de vagas no comércio (18 mil) e nos serviços domésticos (5.000).
A expansão do emprego também se deve à redução da jornada semanal de trabalho -de 44 horas, em junho, passou a 43, em maio- e das horas extras, segundo informam os técnicos.

Bolso mais cheio
Os sinais de melhora da economia chegaram pela primeira vez no ano ao bolso do trabalhador. Após três meses em queda, o rendimento médio dos ocupados cresceu 3,2% -passou de R$ 944 em abril para R$ 975 em maio. No caso dos assalariados, o crescimento foi de 1,9% -de R$ 1.019, em abril, subiu para R$ 1.038.
Negociações coletivas com resultados mais favoráveis, antecipação de campanhas salariais e queda na inflação são alguns fatores que explicam essa melhora, de acordo com os especialistas.
Na massa salarial dos ocupados (soma dos rendimentos), também houve impacto desses fatores. Em maio, ela cresceu 5,4% ante abril -melhor resultado para o período (maio/abril) desde 1991.
A alta da inflação em junho pode atrapalhar o processo de recuperação na renda, de acordo com os técnicos.


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