|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Taxa tem 2ª queda seguida e vai a 19,1% em junho, aponta pesquisa Seade/Dieese; rendimento sobe pela 1ª vez no ano
Desemprego recua e renda aumenta em SP
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego recuou na região
metropolitana de São Paulo pelo
segundo mês consecutivo -passou de 19,7% em maio para 19,1%
da PEA (População Economicamente Ativa) em junho. Indústria, comércio e serviços criaram
mais postos de trabalho do que fecharam, e a maior parte das contratações foi com carteira assinada. O salário cresceu pela primeira vez no ano.
Os resultados positivos, segundo revela pesquisa da Fundação
Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos),
mostram que o mercado de trabalho já reage aos sinais de recuperação da economia.
A queda do desemprego em junho foi puxada pela criação de 107
mil postos de trabalho -quase
metade (51 mil) com carteira assinada. As vagas abertas foram suficientes para absorver as pessoas
que tentaram um posto no mercado (58 mil) e para reduzir, em
parte, o total de desempregados.
Estima-se que o total de desempregados na Grande São Paulo seja de 1,911 milhão.
O nível de ocupação foi o maior
desde que a pesquisa foi iniciada,
em 1985 -chegou em junho a
8,095 milhões. A PEA (soma de
todos os que estão no mercado de
trabalho, empregados ou não)
também registrou recorde histórico -foi de 10,006 milhões no
mês passado.
O recuou da taxa de desemprego em junho foi de 1,2 ponto percentual em relação ao mesmo
mês de 2003, quando o índice
atingiu 20,3%. Com esse resultado, igualou-se a níveis registrados
em janeiro deste ano e em dezembro do ano passado (19,1%).
"A redução já era esperada. Se
for confirmada a tendência de retomada do crescimento, que já se
observa com a alta do consumo
interno e a recuperação da atividade econômica, a queda do desemprego deve se acentuar nos
próximos meses", diz Clemente
Ganz Lucio, coordenador do
Dieese. As exportações também
sustentam a melhora, avalia o técnico. "Mas os indicadores também mostram recuperação, com
queda da capacidade ociosa e diminuição dos estoques", diz.
A maior criação de postos de
trabalho em junho se concentrou
em serviços (56 mil vagas), com
destaque para os segmentos de
serviços especializados (consultorias de contabilidade, jurídicas e
técnicas) e de crédito.
Na indústria, foram criadas 28
mil vagas, a maior parte em empresas gráficas (13 mil) e de vestuário e têxtil (16 mil). Na avaliação de Sinésio Pires Ferreira, diretor da Fundação Seade, o crescimento de vagas na indústria está
relacionado a fatores temporários
-como as eleições, que estimulam o setor gráfico, e a coleção
primavera-verão, com impacto
no vestuário. Houve ainda expansão de vagas no comércio (18 mil)
e nos serviços domésticos (5.000).
A expansão do emprego também se deve à redução da jornada
semanal de trabalho -de 44 horas, em junho, passou a 43, em
maio- e das horas extras, segundo informam os técnicos.
Bolso mais cheio
Os sinais de melhora da economia chegaram pela primeira vez
no ano ao bolso do trabalhador.
Após três meses em queda, o rendimento médio dos ocupados
cresceu 3,2% -passou de R$ 944
em abril para R$ 975 em maio. No
caso dos assalariados, o crescimento foi de 1,9% -de R$ 1.019,
em abril, subiu para R$ 1.038.
Negociações coletivas com resultados mais favoráveis, antecipação de campanhas salariais e
queda na inflação são alguns fatores que explicam essa melhora, de
acordo com os especialistas.
Na massa salarial dos ocupados
(soma dos rendimentos), também houve impacto desses fatores. Em maio, ela cresceu 5,4% ante abril -melhor resultado para o
período (maio/abril) desde 1991.
A alta da inflação em junho pode atrapalhar o processo de recuperação na renda, de acordo com
os técnicos.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Não há lugar para pessimismo, diz Lula Índice
|