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FEBRE
Agricultura teme que focos da doença no Paraguai e na Bolívia atinjam rebanhos de MT e MS
Governo quer vizinhos no combate à aftosa
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
quer que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva convença os países
da América do Sul a investirem
anualmente, cada um, US$ 0,30
por cabeça de gado para erradicar
a febre aftosa no continente.
No caso do Brasil, dono de um
rebanho bovino de 186 milhões de
cabeças, o investimento seria de
US$ 55,8 milhões anuais, ou seja,
cerca de R$ 170 milhões.
Neste ano, o Mapa vai gastar
muito menos com a erradicação
da doença: R$ 34,6 milhões. O dinheiro é usado principalmente na
contratação de médicos veterinários, em barreiras de fiscalização,
na compra de combustível e carros para ir a campo.
Dos R$ 34,6 milhões, R$ 16,6
milhões foram repassados aos Estados do Norte e do Nordeste no
primeiro semestre deste ano. As
regiões não têm status de área livre da doença.
Mais R$ 18 milhões devem ser
liberados no segundo semestre.
Esse dinheiro está dentro da verba
extra de R$ 44 milhões que Lula,
por meio de uma medida provisória, liberou no início deste mês.
O secretário interino da Defesa
Agropecuária do Mapa, Cezar
Wilson Martins da Rocha, 62, disse que, para alcançar a meta de investir R$ 170 milhões ao ano, na
erradicação da aftosa, serão necessárias as participações da iniciativa privada e dos pecuaristas.
Na quinta-feira passada, o ministro José Dirceu (Casa Civil)
participou de uma reunião entre
os secretários estaduais da área de
agricultura no Mapa.
Segundo Rocha, Dirceu deve levar a Lula a proposta da campanha para erradicação da febre aftosa na América do Sul com investimento de US$ 0,30 por cabeça de gado.
Preocupa o Mapa principalmente a presença da doença na
Bolívia e no Paraguai. Esses países
têm fronteiras de mais de 1.000
km de extensão com Mato Grosso
e com Mato Grosso do Sul.
Os dois Estados brasileiros possuem ao menos 49 milhões de cabeças de gado. São áreas livres da
aftosa com vacinação, mas sofrem a ameaça vinda dos países
vizinhos e ainda não receberam
neste ano recursos para prevenir a
febre aftosa.
Dentro do território brasileiro,
o problema mais recente ocorreu
no Pará. No dia 17 de junho passado, foi confirmado um foco da febre aftosa em Monte Alegre. Por
conta disso, a Rússia e a Argentina
suspenderam a importação de
carne brasileira.
Os dois países revogaram o embargo no fim de junho e início
deste mês, mas os russos continuam sem aceitar a carne de Mato
Grosso, Estado vizinho do Pará.
O Brasil é o maior exportador
de carne bovina do mundo. As
vendas ao mercado externo renderam US$ 1,115 bilhão no ano
passado. Copiando o ministro
Roberto Rodrigues (Agricultura),
Rocha diz que a terceira guerra
mundial é conquistar espaço no
mercado e que casos de aftosa no
Brasil favorecem os concorrentes.
O secretário estadual da Produção de Mato Grosso do Sul, José
Antônio Felício, disse que, se o
presidente Lula lançar a campanha contra a aftosa na América do
Sul, pode haver cooperação entre
os governos brasileiro, boliviano e
paraguaio.
"Podemos montar uma ação
conjunta sem levar em conta as
fronteiras", afirmou Felício. De
Mato Grosso do Sul saem 45% da
carne exportada pelo Brasil.
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