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Governo desbloqueia R$ 4,8 bi e previsão de gasto com pessoal aumenta R$ 1,6 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Devido ao crescimento da arrecadação, o governo decidiu
desbloquear gastos de R$ 4,8
bilhões do Orçamento deste
ano. Nos próximos dias, um decreto do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva definirá as áreas
beneficiadas pelos recursos.
Trata-se de um relaxamento
do contingenciamento -no
jargão tecnocrático, a proibição
temporária da execução de parte do Orçamento- de R$ 14,2
bilhões imposto em maio para
assegurar o cumprimento da
meta de superávit primário (a
economia de receitas destinada
ao abatimento da dívida pública) de 4,25% do PIB.
Tanto o contingenciamento
inicial quanto o desbloqueio
gradual dos gastos ao longo do
ano fazem parte da rotina do
governo. O que chama a atenção, desta vez, é o volume da liberação de dinheiro. Como
comparação, em julho do ano
passado o total liberado foi de
apenas R$ 509 milhões.
Segundo o Ministério do Planejamento, a justificativa para
o volume atípico é o atraso recorde na aprovação do Orçamento deste ano, só sancionado por Lula em maio.
Cerca de R$ 2 bilhões da verba agora liberada se referem a
gastos já autorizados por medidas provisórias -o expediente
heterodoxo adotado pelo Executivo para contornar a demora do Congresso na votação da
lei orçamentária. Também entra nessa conta a MP editada
neste mês para liberar emergencialmente R$ 100 milhões
para a segurança pública no Estado de São Paulo.
Mas o relatório oficial do ministério traz dados mais difíceis
de explicar. A estimativa de receita para o ano foi elevada para
R$ 549,4 bilhões, alta de R$ 5,9
bilhões sobre o cálculo de maio
-mais do que todos os benefícios tributários incluídos na
chamada "MP do Bem", transformada em lei no ano passado
com renúncia fiscal calculada
em R$ 5,3 bilhões neste ano.
O dado confirma outra tradição do Executivo: subestimar
de início a arrecadação prevista
para o ano, seja para justificar
cortes de gastos incluídos por
parlamentares no Orçamento,
seja para mascarar o aumento
da carga tributária.
O governo elevou ainda em
R$ 1,6 bilhão as previsões para
gastos com pessoal, em razão
do pacote de reajustes salariais
editado no mês passado como
parte da estratégia eleitoral de
Lula. O total estimado para o
ano passou a R$ 106,7 bilhões.
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