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Indústria de suco pode pagar multa de R$ 100 mi
Fabricantes são acusados de praticar cartel e prejudicar produtores de laranja
Empresas entregaram
ontem proposta de acordo
ao governo, que só aceitará
encerrar processo com
pagamento da multa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigados por suposta
prática de cartel, os principais
produtores de suco de laranja
do Brasil serão obrigados a pagar R$ 100 milhões caso queiram firmar um acordo com o
governo para se livrar do processo administrativo que apura
as acusações de prática contra a
livre concorrência.
Tanto a multa quanto o valor
cobrado são inéditos na história antitruste do país.
A multa, que foi estipulada
pela SDE (Secretaria de Direito
Econômico) e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), é uma exigência
para dar início a negociações
para um acordo entre governo
e empresas.
A maior parte dos recursos
-R$ 85 milhões- será destinada a projetos de interesse de
produtores de laranja.
Ontem, as companhias acusadas de cartelização procuraram o governo e apresentaram
uma proposta de acordo, tecnicamente chamada de TCC
(Termo de Compromisso de
Cessação).
Nesse tipo de acordo, os envolvidos se comprometem a
abandonar a prática da qual estão sendo acusados. Isso permite o encerramento do processo administrativo.
Até agora, porém, as autoridades da defesa da concorrência nunca tinham celebrado um
TCC sob a exigência de pagamento de multa.
Na avaliação da presidente
do Cade, Elizabeth Farina, que
evita classificar o valor estipulado de multa, a cobrança é necessária pois trata-se de um
"caso grave".
A proposta de TCC deve ser
submetida a consulta pública
de dez dias com o objetivo de
colher sugestões. O governo
quer opiniões especialmente
sobre as obrigações que a indústria da laranja deverá assumir para garantir que não violará a Lei de Defesa da Concorrência no futuro.
Em nota, a Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos) diz que propôs ao Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência a negociação de acordo para encerrar o processo administrativo.
A entidade, porém, considerou as condições impostas pelo
Cade e pela SDE "muito rigorosas", especialmente pela exigência do pagamento de R$ 100
milhões.
"Embora substancial parte
desse valor se destine a atividades do próprio setor, em benefício do pequeno produtor, as
empresas estão surpresas com
esse valor e, nos próximos dias,
buscarão negociar redução
substancial desse montante",
afirma a nota.
A Abecitrus nega a prática de
cartel na indústria e diz ter proposto o acordo para "pacificar o
setor", que contribui com mais
de US$ 1,5 bilhão em exportação.
(JULIANNA SOFIA)
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