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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Tensão no mercado divide especialistas
A turbulência que atingiu ontem os mercados financeiros
pode não ser tão passageira como a que sacudiu o mundo em
fevereiro. Os economistas estão divididos. A única certeza é
que o país, hoje, está mais preparado para enfrentar a crise
com o colchão de reservas de
US$ 160 bilhões que formou
nos últimos anos.
Pessimista, o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida,
ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, acha que a
crise é grave e que não vai passar tão cedo. Já Luiz Fernando
Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, diz que se trata de
um fenômeno financeiro que
pode ser temporário.
Independentemente da extensão da crise, o fato é que, já
há algum tempo, grandes instituições, como o FMI e o BIS, e
renomados economistas, como
o ex-presidente do Fed Alan
Greenspan e o atual, Ben Bernanke, já vinham alertando de
que os períodos de euforia e de
prosperidade poderiam estar
perto do fim.
"A turbulência é financeira"
O economista Luiz Fernando
Figueiredo, sócio-diretor da
Mauá Investimentos, diz que a
turbulência é, por enquanto,
um fenômeno financeiro que
pode gerar um impacto na economia real dependendo de sua
extensão. Otimista, ele acha
que a crise não deverá provocar
um impacto relevante na economia, nem nos Estados Unidos nem no resto do mundo.
Para ele, os problemas foram
localizados em algumas empresas nos EUA e em alguns fundos na Austrália e só tiveram
impacto porque os mercados
estão muito nervosos e com receio de que ocorra um problema maior. "O que houve foi um
processo de contágio dos mercados por conta desse receio."
Figueiredo diz que a crise de
ontem tem muitas semelhanças com a que ocorreu em fevereiro, embora tenha sido mais
aguda. O importante, no entanto, é que o Brasil tem hoje condições de sofrer menos do que
nas outras crises. Os fundamentos do país são muito mais
sólidos, principalmente em relação ao setor externo. O país
não precisa captar dinheiro para saldar compromissos e ainda
tem US$ 160 bilhões em reservas para enfrentar a crise. "Trabalho há 27 anos no mercado financeiro e nunca vi o Brasil em
uma situação tão confortável
para enfrentar uma crise."
"A crise é grave e deve durar"
Júlio Sérgio Gomes de Almeida acha a crise grave por
quatro motivos. Em primeiro
lugar, o fato de a economia
americana mostrar sinais perigosos de desaceleração, que, segundo ele, beiram a recessão.
Ao mesmo tempo, os EUA também enfrentam os problemas
de crédito no setor imobiliário
com potencial de contagiar o
resto da economia.
Um terceiro fator diz respeito ao superaquecimento da
China, que enfrenta problemas
de inflação, puxada pela alta
dos preços dos alimentos. O
quarto é a alta do preço do petróleo. "Não é mais uma crisezinha, como foi o espirro chinês
do início do ano."
Ele acha que os bancos centrais têm instrumentos para
combater a crise, mas a dúvida
é se serão eficazes. Os mercados mundiais, a seu ver, enfrentam um processo complicado
que pode vir a gerar um quadro
de dificuldades para as economias de todos os países.
Para o economista, o Brasil
também irá sofrer com a crise.
Em contrapartida, o país está
hoje muito mais protegido para
ela do que antes. Será a hora de
o país testar os mecanismos de
proteção que desenvolveu nos
últimos anos.
"O Brasil tem hoje uma gordura que não tinha antes para
queimar."
Empresa muda seguro voltado para executivos
A Chubb Seguros acaba de
reformular o seguro de responsabilidade civil para executivos, também conhecido
como D&O (Directors and
Officers), contratado pelas
empresas para proteger seus
executivos de processos que
possam sofrer.
A empresa reformulou a
apólice e adaptou-a aos termos da legislação nacional.
Além disso, oferece cobertura para indisponibilidade de
bens, para executivos com
bens bloqueados pela Justiça, que assegura o pagamento de todas as suas dívidas de
ordem pessoal.
CAMPANHA CAMARADA
O ex-presidente da antiga União Soviética Mikhail Gorbatchov é um dos novos garotos-propaganda da campanha da Louis Vuitton que será lançada em setembro. Gorbatchov foi fotografado por Annie Leibovitz. Há uma década, o ex-presidente estrelou a campanha da Pizza Hut
-fato considerado um dos pontos mais baixos de sua carreira. Leibovitz fotografou ainda os ex-tenistas Andre Agassi e Steffi Graf, em um quarto de hotel, e a atriz francesa Catherine Deneuve.
NA MIRA
Duas grandes empreiteiras já estão trabalhando há
mais de dois meses em projetos para a construção de
mais um aeroporto em São
Paulo, uma a pedido do governo estadual de São Paulo
e outra para a Infraero. Um
dos locais considerados
mais propícios fica na região
sul, no bairro de Parelheiros.
Outra opção discutida foi a
de Ibiúna, onde existe muita
neblina.
AGENDA
A crise aérea abalou o turismo, mas não chegou a
prejudicar congressos e feiras em São Paulo em agosto.
Segundo Orlando de Souza,
presidente da diretoria executiva do São Paulo Convention&Visitor Bureau, o tempo é muito curto para desmarcar eventos de grande
porte. Ele diz, no entanto,
que a crise prejudicou a ocupação dos hotéis "em 10%".
ESTRADA
Com a crise nos aeroportos, as locadoras de veículos
aqueceram suas operações.
A Hertz Rent A Car criou um
desconto para locação em
São Paulo, Campinas e Rio.
JETSONS
A Elef Tecnologia anuncia
na próxima semana, com a
Microsoft Brasil, o lançamento do Check Mate, aparelho que reúne tecnologias
de celular e notebook. No
primeiro ano, a Elef espera
comercializar aproximadamente 30 mil unidades. A
expectativa da empresa é
crescer em média 40% ao
ano até 2011.
INTELIGÊNCIA
A MicroStrategy, especializada em "business intelligence", realizará o Simpósio
Latino-Americano, na terça
e na quarta, em São Paulo.
Haverá sessões técnicas e
apresentações de cases como os da Avon, Anvisa e GM.
Os produtos MicroStrategy
Integrity Manager e MicroStrategy Mobile serão
lançados durante o evento.
ESPORTISTA
Para a coleção 2008, a Fila
levará ao mercado cerca de
300 itens. A empresa investiu US$ 1 milhão nos pontos-de-venda. A expectativa é
que a linha responda por
10% do faturamento da Fila,
que em 2007 espera fechar
em R$ 145 milhões.
com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA
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