São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Tensão no mercado divide especialistas

A turbulência que atingiu ontem os mercados financeiros pode não ser tão passageira como a que sacudiu o mundo em fevereiro. Os economistas estão divididos. A única certeza é que o país, hoje, está mais preparado para enfrentar a crise com o colchão de reservas de US$ 160 bilhões que formou nos últimos anos.
Pessimista, o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica da Fazenda, acha que a crise é grave e que não vai passar tão cedo. Já Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, diz que se trata de um fenômeno financeiro que pode ser temporário.
Independentemente da extensão da crise, o fato é que, já há algum tempo, grandes instituições, como o FMI e o BIS, e renomados economistas, como o ex-presidente do Fed Alan Greenspan e o atual, Ben Bernanke, já vinham alertando de que os períodos de euforia e de prosperidade poderiam estar perto do fim.

"A turbulência é financeira"

O economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio-diretor da Mauá Investimentos, diz que a turbulência é, por enquanto, um fenômeno financeiro que pode gerar um impacto na economia real dependendo de sua extensão. Otimista, ele acha que a crise não deverá provocar um impacto relevante na economia, nem nos Estados Unidos nem no resto do mundo.
Para ele, os problemas foram localizados em algumas empresas nos EUA e em alguns fundos na Austrália e só tiveram impacto porque os mercados estão muito nervosos e com receio de que ocorra um problema maior. "O que houve foi um processo de contágio dos mercados por conta desse receio."
Figueiredo diz que a crise de ontem tem muitas semelhanças com a que ocorreu em fevereiro, embora tenha sido mais aguda. O importante, no entanto, é que o Brasil tem hoje condições de sofrer menos do que nas outras crises. Os fundamentos do país são muito mais sólidos, principalmente em relação ao setor externo. O país não precisa captar dinheiro para saldar compromissos e ainda tem US$ 160 bilhões em reservas para enfrentar a crise. "Trabalho há 27 anos no mercado financeiro e nunca vi o Brasil em uma situação tão confortável para enfrentar uma crise."

"A crise é grave e deve durar"

Júlio Sérgio Gomes de Almeida acha a crise grave por quatro motivos. Em primeiro lugar, o fato de a economia americana mostrar sinais perigosos de desaceleração, que, segundo ele, beiram a recessão. Ao mesmo tempo, os EUA também enfrentam os problemas de crédito no setor imobiliário com potencial de contagiar o resto da economia.
Um terceiro fator diz respeito ao superaquecimento da China, que enfrenta problemas de inflação, puxada pela alta dos preços dos alimentos. O quarto é a alta do preço do petróleo. "Não é mais uma crisezinha, como foi o espirro chinês do início do ano."
Ele acha que os bancos centrais têm instrumentos para combater a crise, mas a dúvida é se serão eficazes. Os mercados mundiais, a seu ver, enfrentam um processo complicado que pode vir a gerar um quadro de dificuldades para as economias de todos os países.
Para o economista, o Brasil também irá sofrer com a crise. Em contrapartida, o país está hoje muito mais protegido para ela do que antes. Será a hora de o país testar os mecanismos de proteção que desenvolveu nos últimos anos.
"O Brasil tem hoje uma gordura que não tinha antes para queimar."

Empresa muda seguro voltado para executivos

A Chubb Seguros acaba de reformular o seguro de responsabilidade civil para executivos, também conhecido como D&O (Directors and Officers), contratado pelas empresas para proteger seus executivos de processos que possam sofrer.
A empresa reformulou a apólice e adaptou-a aos termos da legislação nacional. Além disso, oferece cobertura para indisponibilidade de bens, para executivos com bens bloqueados pela Justiça, que assegura o pagamento de todas as suas dívidas de ordem pessoal.

CAMPANHA CAMARADA

O ex-presidente da antiga União Soviética Mikhail Gorbatchov é um dos novos garotos-propaganda da campanha da Louis Vuitton que será lançada em setembro. Gorbatchov foi fotografado por Annie Leibovitz. Há uma década, o ex-presidente estrelou a campanha da Pizza Hut -fato considerado um dos pontos mais baixos de sua carreira. Leibovitz fotografou ainda os ex-tenistas Andre Agassi e Steffi Graf, em um quarto de hotel, e a atriz francesa Catherine Deneuve.

NA MIRA
Duas grandes empreiteiras já estão trabalhando há mais de dois meses em projetos para a construção de mais um aeroporto em São Paulo, uma a pedido do governo estadual de São Paulo e outra para a Infraero. Um dos locais considerados mais propícios fica na região sul, no bairro de Parelheiros. Outra opção discutida foi a de Ibiúna, onde existe muita neblina.

AGENDA
A crise aérea abalou o turismo, mas não chegou a prejudicar congressos e feiras em São Paulo em agosto. Segundo Orlando de Souza, presidente da diretoria executiva do São Paulo Convention&Visitor Bureau, o tempo é muito curto para desmarcar eventos de grande porte. Ele diz, no entanto, que a crise prejudicou a ocupação dos hotéis "em 10%".

ESTRADA
Com a crise nos aeroportos, as locadoras de veículos aqueceram suas operações. A Hertz Rent A Car criou um desconto para locação em São Paulo, Campinas e Rio.

JETSONS
A Elef Tecnologia anuncia na próxima semana, com a Microsoft Brasil, o lançamento do Check Mate, aparelho que reúne tecnologias de celular e notebook. No primeiro ano, a Elef espera comercializar aproximadamente 30 mil unidades. A expectativa da empresa é crescer em média 40% ao ano até 2011.

INTELIGÊNCIA
A MicroStrategy, especializada em "business intelligence", realizará o Simpósio Latino-Americano, na terça e na quarta, em São Paulo. Haverá sessões técnicas e apresentações de cases como os da Avon, Anvisa e GM. Os produtos MicroStrategy Integrity Manager e MicroStrategy Mobile serão lançados durante o evento.

ESPORTISTA
Para a coleção 2008, a Fila levará ao mercado cerca de 300 itens. A empresa investiu US$ 1 milhão nos pontos-de-venda. A expectativa é que a linha responda por 10% do faturamento da Fila, que em 2007 espera fechar em R$ 145 milhões.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA


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