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Dia de nervosismo pressiona juro futuro
Dólar em rota de alta pode contaminar inflação e interromper processo de queda da taxa básica no país, dizem especialistas
Com a piora do humor
dos investidores, Tesouro
cancela leilão de títulos
públicos pela primeira vez
desde maio do ano passado
DA REPORTAGEM LOCAL
O turbulento dia que atravessou o mercado financeiro ontem fez com que os juros futuros tivessem altas imprevistas.
E, se o cenário negativo não se
dissipar, pode gerar dificuldades para o Banco Central definir a Selic na próxima reunião.
Analistas avaliam que é cedo
para fazer projeções para o Copom. Mas uma deterioração do
cenário internacional pode
atrapalhar e interferir no ritmo
de queda dos juros. "Se o dólar
segue se apreciando, acaba tendo impacto na inflação. E o controle da inflação é fundamental
para os juros continuarem em
queda", diz Newton Rosa, da
Sul América Investimentos.
Ontem o BC divulgou a ata da
última reunião do Copom. O
documento mostrou que o banco está bem atento ao cenário
internacional e seus reflexos
(leia texto à pág. B6).
Na BM&F, os contratos de
juros futuros terminaram o
pregão de ontem projetando
taxas mais elevadas. No contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence na virada do ano,
a taxa subiu de 11,03% para
11,14%. No DI mais negociado,
com resgate daqui a 30 meses, a
taxa saltou de 10,93% para
11,28%. As taxas projetadas nos
contratos DI refletem as expectativas futuras para os juros.
Quando essas taxas sobem
muito, indicam que os investidores contam com a possibilidade de juros mais elevados.
Com a deterioração das condições de mercado, o Tesouro
Nacional cancelou leilão de títulos públicos (LTN e NTN-F)
que estava agendado. Segundo
nota, levou em conta "as condições vigentes no mercado financeiro". A última vez em que
houve um cancelamento foi em
maio do ano passado.
Em sua última reunião, o Copom cortou a Selic em 0,50
ponto, para 11,5% anuais. A expectativa predominante no
mercado é a de que haja diminuição no ritmo de corte da taxa básica, para 0,25 ponto.
Alexandre Póvoa, diretor da
Modal Asset, ainda prevê no
mínimo três cortes de 0,25
ponto na Selic até o fim do ano,
o que levaria a taxa a 10,75%.
"Se o nervosismo continuar,
mas sem contágio relevante na
cotação das commodities, pode
ser sinal de que a crise está circunscrita ao âmbito financeiro,
sem atingir ainda as boas perspectivas hoje existentes para a
economia real", avalia Póvoa.
A disparada do risco-país,
que foi a 222 pontos, ameaça
tornar mais distante a chance
de o Brasil alcançar o esperado
"grau de investimento", concedido aos países de menor risco
pelas agências internacionais.
Apesar disso, Lisa Schineller,
analista de ratings soberanos
da Standard & Poor's, diz que a
turbulência dos mercados globais não deve desviar o Brasil
da rota para obter essa classificação. Para ela, o país aproveitou a farta liquidez global e hoje
está mais preparado para lidar
com problemas externos.
(FABRICIO VIEIRA)
Com a Reuters
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