São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Dia de nervosismo pressiona juro futuro

Dólar em rota de alta pode contaminar inflação e interromper processo de queda da taxa básica no país, dizem especialistas

Com a piora do humor dos investidores, Tesouro cancela leilão de títulos públicos pela primeira vez desde maio do ano passado

DA REPORTAGEM LOCAL

O turbulento dia que atravessou o mercado financeiro ontem fez com que os juros futuros tivessem altas imprevistas. E, se o cenário negativo não se dissipar, pode gerar dificuldades para o Banco Central definir a Selic na próxima reunião.
Analistas avaliam que é cedo para fazer projeções para o Copom. Mas uma deterioração do cenário internacional pode atrapalhar e interferir no ritmo de queda dos juros. "Se o dólar segue se apreciando, acaba tendo impacto na inflação. E o controle da inflação é fundamental para os juros continuarem em queda", diz Newton Rosa, da Sul América Investimentos.
Ontem o BC divulgou a ata da última reunião do Copom. O documento mostrou que o banco está bem atento ao cenário internacional e seus reflexos (leia texto à pág. B6).
Na BM&F, os contratos de juros futuros terminaram o pregão de ontem projetando taxas mais elevadas. No contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence na virada do ano, a taxa subiu de 11,03% para 11,14%. No DI mais negociado, com resgate daqui a 30 meses, a taxa saltou de 10,93% para 11,28%. As taxas projetadas nos contratos DI refletem as expectativas futuras para os juros. Quando essas taxas sobem muito, indicam que os investidores contam com a possibilidade de juros mais elevados.
Com a deterioração das condições de mercado, o Tesouro Nacional cancelou leilão de títulos públicos (LTN e NTN-F) que estava agendado. Segundo nota, levou em conta "as condições vigentes no mercado financeiro". A última vez em que houve um cancelamento foi em maio do ano passado.
Em sua última reunião, o Copom cortou a Selic em 0,50 ponto, para 11,5% anuais. A expectativa predominante no mercado é a de que haja diminuição no ritmo de corte da taxa básica, para 0,25 ponto.
Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset, ainda prevê no mínimo três cortes de 0,25 ponto na Selic até o fim do ano, o que levaria a taxa a 10,75%.
"Se o nervosismo continuar, mas sem contágio relevante na cotação das commodities, pode ser sinal de que a crise está circunscrita ao âmbito financeiro, sem atingir ainda as boas perspectivas hoje existentes para a economia real", avalia Póvoa.
A disparada do risco-país, que foi a 222 pontos, ameaça tornar mais distante a chance de o Brasil alcançar o esperado "grau de investimento", concedido aos países de menor risco pelas agências internacionais.
Apesar disso, Lisa Schineller, analista de ratings soberanos da Standard & Poor's, diz que a turbulência dos mercados globais não deve desviar o Brasil da rota para obter essa classificação. Para ela, o país aproveitou a farta liquidez global e hoje está mais preparado para lidar com problemas externos.
(FABRICIO VIEIRA)


Com a Reuters


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