São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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TRANSPORTES
Sindicato diz que 45% da categoria aderiu à greve contra alta do pedágio e situação das estradas
Caminhoneiros iniciam paralisação

da Sucursal do Rio,

da Agência Folha e das Regionais

Caminhoneiros iniciaram uma greve ontem em várias rodovias do país. A paralisação, que bloqueou alguns trechos, prejudicando o tráfego, foi um protesto contra o reajuste dos pedágios e as condições das estradas, entre outras reivindicações.
O sindicalista Nélio Botelho, designado porta-voz do Movimento União Brasil Caminhoneiro, que lidera a paralisação da categoria, disse que cerca de 45% do 1,5 milhão de caminhoneiros do país aderiram à proposta de parar por uma semana.
Botelho, que é presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, afirmou que a quase totalidade da adesão foi de motoristas que atuam no tráfego de longa distância, correspondentes à metade da categoria.
A outra metade, que atua no transporte em centros urbanos, praticamente não aderiu, disse.
Segundo o sindicalista, o movimento era mais forte ontem nas estradas do interior de São Paulo. do Sul do país e do Rio de Janeiro.Botelho disse que nem o Movimento União Brasil Caminhoneiro nem o sindicato que ele preside têm vinculação com as centrais sindicais existentes no país.
As principais reivindicações dos caminhoneiros são: criação de uma tarifa de fretes com base em planilhas de custos, pedágio de R$ 1,00 por eixo em todo o país, perda de pontos por infração de trânsito diferenciada, recuperação de rodovias e incentivo à renovação da frota.
Botelho reclamou que o ministros dos Transportes, Eliseu Padilha, que estava ontem no Rio, não fez contato com a categoria.
O ministro disse que não foi procurado pelos caminhoneiros e que está aberto ao diálogo. Afirmou também estar preocupado com os efeitos da greve sobre a abastecimento.
Sobre a recuperação das estradas, Padilha disse que, embora o orçamento do ministério tenha caído de R$ 4,1 bilhões para menos de R$ 2 bilhões de 98 para 99, os recursos para conservação e sinalização de estradas aumentaram de R$ 36 milhões no ano passado para R$ 312 milhões em 99.
Caminhoneiros gaúchos que aderiram ao movimento promoveram ontem bloqueio em diversas rodovias federais no Rio Grande do Sul.
Na BR-386, conhecida como "estrada da produção", que liga a região metropolitana ao norte do Estado, houve pelo menos quatro pontos de bloqueio.
Cerca de 4.000 caminhoneiros paralisaram ontem suas atividades em 11 trechos no Paraná.
Os caminhoneiros paravam seus veículos no acostamento e obrigavam colegas a aderir.
Na cidade portuária de Paranaguá, que tem grande concentração de caminhoneiros de todas as parte dos país, a paralisação formou uma fila de três quilômetros em ambos os sentidos da estrada.
Em São Paulo, um protesto de pelo menos 250 caminhoneiros provocou congestionamento de 34 quilômetros no sentido interior-capital da rodovia Anhanguera, entre Sumaré e Limeira (156 km da capital). No sentido capital-interior, a pista ficou nove quilômetros paralisada, segundo a Polícia Rodoviária.
Na região de Ribeirão Preto, perto da cidade de Porto Ferreira (230 km de São Paulo), cerca de 3.000 caminhões pararam na rodovia Anhanguera.
Entre Ribeirão Preto e Bebedouro, também houve protesto. Uma fila de 3 quilômetros foi registrada no acostamento.
A AutoBAn, empresa responsável pela administração da rodovia reajustou em 8,09%, em média, as tarifas dos pedágios.
O diretor de tráfego da AutoBAn, Fábio Abrita, esteve no local do protesto e disse que o valor da tarifa está previsto na licitação das rodovias e que a pesagem dos caminhões é feita de acordo com o novo código de trânsito.
Motoristas chegaram a ficar parados na pista por mais de duas horas em razão do protesto.
A Associação Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (NTC), que reúne cerca de 12 mil transportadoras, divulgou nota sobre o protesto de caminhoneiros dizendo que considera justas as reivindicações.
A entidade, porém, não apóia a realização de bloqueios e aconselhou as empresas filiadas a evitar que funcionários participassem dos protestos.




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