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POLÍTICA MONETÁRIA
Copom se reúne amanhã e Selic pode cair; descompasso de investidor e BC dificulta projeção
Cauteloso, mercado vê juro de 20,5%
da Reportagem Local
da Sucursal de Brasília
Queda de cerca de 0,5 ponto
percentual e manutenção do
"viés de baixa" para a taxa de juros. Esse é o cenário esperado pelo mercado financeiro para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), amanhã.
O Copom é formado pela diretoria do Banco Central. Os juros
de mercado (taxa Selic) estão em
21% ao ano hoje.
"O BC deve ser cauteloso. Não
houve avanços consideráveis nos
ajustes internos e há um quadro
externo preocupante", disse Carlos Aírton Biasetto, diretor do
Hexabanco.
Os fatores externos mais preocupantes são a instabilidade na
Argentina e a possibilidade de aumento na taxa de juros dos EUA.
"Tudo o que o BC tem mostrado e falado, como na projeção de
metas de inflação, indica que teremos uma queda de cerca de
0,50 ponto percentual", afirmou
Joaquim Paulo Kokudai, diretor
de renda fixa do Lloyds Bank.
Manter o "viés de baixa" (mecanismo que permite ao BC abaixar os juros, sem a necessidade de
convocar o Copom) seria uma
forma de demonstrar compromisso com a redução da taxa.
"O viés é fundamental para
manter a tranquilidade, mesmo
que ele não seja utilizado", disse
Dilson Del Cima, do Banco BBM.
Ele também acredita numa redução para 20,5%. "Desde uma
manutenção até uma pequena
queda, tudo está dentro do previsto. Uma queda maior seria
inoportuna", afirmou.
"O BC deve manter o viés de
baixa até para não agravar a situação do mercado", afirmou Biasetto, do Hexabanco.
Na última reunião do Copom,
em 23 de junho, houve a manutenção do "viés de baixa", mas o
BC não o utilizou.
O descompasso entre a visão do
Banco Central e a do mercado sobre a conjuntura econômica faz
da decisão sobre os juros uma das
mais difíceis.
Pelo diagnóstico do BC, os juros, hoje de 21% ao ano, podem e
devem cair. Já o mercado tem cobrado taxas acima das atuais para
comprar títulos do governo.
O primeiro argumenta que, por
sua nova linha de atuação, o único critério para fixar os juros é a
meta de inflação fixada para este
ano, de 8%, e, pensando mais a
longo prazo, a de 2000, de 6%.
Como não se vê risco de descumprimento das metas (há uma
tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo), os
juros devem cair.
Não há mais motivo, na nova filosofia do BC, para elevar os juros
com o objetivo de atrair capital
externo. O papel de cobrir os buracos das contas externas cabe
agora ao câmbio flutuante, que o
país adota desde janeiro.
No entanto, as dúvidas quanto
à possibilidade de continuar reduzindo os juros refletem justamente dúvidas quanto ao sistema
de metas inflacionárias e ao regime de câmbio flutuante.
Especula-se, por exemplo, se o
câmbio é tão flutuante assim. Se
as cotações do dólar subirem
muito, os importados podem ficar caros a ponto de comprometer o controle da inflação.
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