NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central anunciou ontem que pretende, nesta semana, vender US$ 100 milhões por dia aos bancos, que deverão repassar os recursos aos exportadores. Até sexta-feira, quando terão sido vendidos US$ 500 milhões nesta semana, o BC deve avaliar os resultados dessa venda diária e decidirá se mantém ou não a estratégia nas próximas semanas.
A intenção do BC é aumentar em, pelo menos, US$ 2 bilhões a oferta de linhas de crédito destinadas a financiar empresas exportadoras. O BC já colocou US$ 300 milhões no mercado por meio desse mecanismo -US$ 200 milhões na sexta-feira passada e US$ 100 milhões ontem.
Os dólares, que saem das reservas internacionais do país, são vendidos por meio de leilões. Não há prazo para que os US$ 2 bilhões cheguem às mãos dos exportadores. Ao final desta semana o BC já terá vendido US$ 700 milhões.
Pelo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), as intervenções no mercado de câmbio, que incluem a venda de dólares para os exportadores, não podem superar US$ 3 bilhões num período de 30 dias corridos. As intervenções neste mês já estão em cerca de US$ 1,5 bilhão.
As primeiras ofertas ocorreram na sexta-feira passada. A operação ocorre em duas etapas. Primeiro o BC vende dólares aos bancos. Os bancos têm 180 dias para pagar o BC por esses dólares, acrescido de uma taxa de juros fixada no leilão. Na oferta de ontem, os juros ficaram entre 4,30% e 4,81%.
Os bancos, por sua vez, têm até cinco dias para repassar, em reais, os recursos para os exportadores. Caso isso não ocorra, os dólares precisam ser devolvidos ao BC. Com os três leilões já realizados, os bancos vão repassar R$ 932 milhões aos exportadores, o equivalente a US$ 300 milhões.
Embora tenha se comprometido a ofertar US$ 100 milhões por dia ao mercado nesta semana, o BC informou que não irá efetivamente vender essa quantia caso considere que os juros oferecidos pelos bancos sejam muito baixos.

Crédito
Exportadores precisam de crédito para financiar a produção e o embarque de suas mercadorias. Mesmo com a oferta adicional de recursos, o dinheiro oferecido pelo pacote do governo não chega necessariamente às empresas que mais precisam de financiamento.
Como mostrou a Folha no domingo, alguns exportadores têm muito dinheiro em caixa e tomam esses empréstimos para poder aplicar em títulos do governo, que rendem juros elevados, em vez de financiar suas operações.
A queda no crédito aos exportadores é consequência da desconfiança do mercado em relação à economia brasileira.


Texto Anterior: ABN Amro empresta US$ 200 milhões à VCP
Próximo Texto: Eletropaulo vai renovar maior parte de dívida
Índice