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COLAPSO ARGENTINO
Segundo governo, porém, Fundo prometeu adiar pagamento de US$ 2,8 bi que vencem no dia 9
Para FMI, país ainda não cumpriu exigências
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) considera que o governo argentino ainda não cumpriu exigências suficientes para começar a negociar um novo acordo,
mas já teria prometido adiar por
um ano o pagamento da dívida de
US$ 2,8 bilhões que vence no dia 9
de setembro com o objetivo de
dar mais tempo para o país cumprir essas exigências.
As informações foram divulgadas pelo ministro Roberto Lavagna (Economia), que recebeu ontem a resposta da vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger,
para o esboço de carta de intenções elaborado por ele mesmo e
enviado a Washington há cerca de
10 dias.
Em um relatório de quatro capítulos, Krueger também teria prometido pedir ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
que libere um empréstimo de US$
200 milhões já acertado com a Argentina.
Para iniciar as negociações do
acordo, Krueger exige a elaboração de um plano mais detalhado
para acabar com a fuga de depósitos do "corralito" (nome dado pelos argentinos às restrições aos saques bancários vigentes desde dezembro) por meio de processos
judiciais. Essa medida seria uma
pré-condição para que, posteriormente, o país acabe também com
o próprio "corralito".
O Fundo também pede o reforço da independência do Banco
Central e avanços na restruturação do sistema financeiro. Para
verificar possíveis avanços, o FMI
enviará outra missão ao país nesta
semana além daquela que chegou
ontem a Buenos Aires.
Contramão
Para Lavagna, as recentes derrotas do governo no Congresso e na
Justiça mostram que o país "marcha na contramão" de um acordo
com o FMI.
Entre os recentes empecilhos
para o acordo, estão duas leis de
caráter temporário aprovadas no
Congresso há 10 dias que proíbem
a correção de empréstimos bancários pela inflação e a desapropriação de bens de devedores
bancários que não paguem os
compromissos.
Outro problema apontado por
Lavagna foi a decisão da Corte Suprema de derrubar a redução de
13% no salário dos servidores públicos e aposentados, estipulada
há um ano.
A medida terá um impacto
anual de 2 bilhões de pesos nas
contas públicas e deve dificultar o
cumprimento da meta de superávit primário de 2,5 bilhões de pesos que o país prometeu ao FMI
para este ano.
Lavagna não quis comentar as
recentes divergências com o presidente do BC, Aldo Pignanelli,
sobre uma possível flexibilização
do "corralito".
Apesar de ter ameaçado renunciar durante o fim de semana, Pignanelli atendeu ontem a pedido
do presidente Eduardo Duhalde
para permanecer no cargo. Além
disso, o presidente do BC desistiu
de viajar a Washington para se
reunir com funcionários do FMI,
o que, para Lavagna, atrapalharia
as negociações.
Indicadores
O governo argentino divulgou
ontem uma série de números que
mostram a queda na atividade
produtiva e no comércio em julho. Segundo o Indec (o IBGE local), a atividade no setor de construção registrou em julho uma
queda de 4,4% na comparação
com junho e de 37,2% em relação
a julho do ano passado.
O organismo também informou que as vendas do supermercados caíram 1,4% na comparação entre junho e julho. A exceção
foram as vendas dos shoppings,
que cresceram 2,4% no período.
Nos últimos dias, Lavagna tem
repetido que a "Argentina se encontrava no quinto subsolo, mas
agora já está no quarto". Para o
ministro, já haveria sinais de recuperação econômica apesar de o
nível de atividade permanecer
muito baixo.
Lavagna prometeu ao Fundo
Monetário Internacional que o
PIB teria uma queda de 11% neste
ano, após recuar 16,3% no primeiro trimestre.
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