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INDÚSTRIA PAULISTA
Vice José Alencar e senador Mercadante foram os articuladores do apoio do Planalto ao candidato
Cúpula do governo trabalhou por Skaf
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das negativas públicas, a
cúpula do governo trabalhou arduamente pela eleição do novo
presidente da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), Paulo Skaf.
Houve uma articulação a fim de
deixar claro para as principais lideranças empresariais da entidade que Skaf teria mais trânsito no
governo Luiz Inácio Lula da Silva
do que seu oponente.
No momento em que o governo
busca aprovar o projeto das PPPs
(Parcerias Público-Privadas), essa
sinalização teve muito peso. Por
meio das PPPs, o governo quer
parcerias com as empresas para
obras de infra-estrutura.
Os principais comandantes da
operação pró-Skaf foram o vice-presidente da República, José
Alencar, e o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Por
serem ministros, José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho
(Fazenda) foram mais discretos.
"Não tenho voto na Fiesp. Não
houve interferência do governo. É
um colégio eleitoral pequeno e
que forma suas opiniões sem
pressões", diz Mercadante, próximo do empresário Benjamin
Steinbruch, presidente da CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) e maior apoiador de Skaf. O
senador admite, porém, que Skaf
tem "uma visão mais propensa a
parcerias com o setor público" do
que Claudio Vaz, derrotado por
Skaf na Fiesp, de quem também
se disse amigo.
Presidente da Abit (Associação
Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção), Skaf investiu nos últimos anos numa aproximação
com o poder, na contramão da
gestão "independente" de Horacio Lafer Piva.
Próximo aos tucanos, Piva foi
um crítico duro do governo Fernando Henrique Cardoso em alguns momentos. Candidato de
Piva, Vaz, na visão da cúpula do
governo e do PT, além de mais
distante do poder seria mais próximo do tucanato.
Em 2000, no governo FHC, Piva
batia no PSDB, enquanto Skaf,
por exemplo, articulava a vinda
da modelo Gisele Bündchen a um
evento da indústria têxtil no Palácio da Alvorada. O vice José Alencar, um peso-pesado da indústria
têxtil, apoiou Skaf, presidente da
Abit, pela relação antiga que têm
como membros do mesmo setor.
Alencar disse ontem estar "satisfeito" com o resultado da eleição para a Fiesp e não escondeu
que o governo tinha mais simpatia pelo vencedor, mas afirmou
que não houve interferência no
resultado. "Graças a Deus, temos
liberdade de apoiar o candidato
que quisermos. Se o governo teve
simpatia por esse ou aquele candidato, é um direito legítimo. Mas
não houve interferência do governo nessa disputa", disse Alencar
ontem, ao participar da abertura
do 6º Congresso de Agribusiness
no Rio. Afirmou também que, na
sua avaliação, a Fiesp está "muito
bem entregue para o Paulo".
Mercadante disse que Skaf não
deve ser carimbado como "chapa
branca". "Desde que o Mário
Amato disse, em 1989, que sairiam 800 mil empresários do Brasil com a eleição do Lula, muita
coisa mudou. Mudou o Amato,
mudou o Lula e mudou a Fiesp
com a eleição do Skaf."
Segundo Mercadante, há hoje
uma visão de que é necessário haver parcerias entre empresários e
setor público "de forma mais
transparente do que na base da
troca de favores". "A sociedade
amadureceu muito. O Skaf é um
bom negociador político, que
acompanhou discussões importantes no Congresso, como a reforma tributária", disse.
Já o ministro Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento) comentou a vitória de Skaf na Fiesp
e de Vaz no Ciesp. "Eu acho que a
eleição na Fiesp retrata uma situação ambivalente entre duas organizações que sempre foram gêmeas e que, neste momento, continuam irmãs, mas não gêmeas. E
a minha recomendação aos dois
vencedores é que trabalhem como industriais, como empresários, como brasileiros e que busquem uma convergência. Porque
o melhor para a indústria de São
Paulo é uma convergência."
Questionado sobre quais eventuais pontos negativos podem
ocorrer caso não haja essa convergência, Furlan, ex-executivo da
Sadia, desconversou: "Isso faz
parte do meu passado".
Colaboraram a Sucursal de Brasília
e a Sucursal do Rio
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