São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Venda de aço cresce 55% em julho e bate novo recorde

Apesar de a alta dos juros e de o preço do aço já ter subido mais de 50% neste ano, as vendas do produto não param de subir. Em mais um recorde histórico, as vendas de aço em julho atingiram a marca de 409,3 mil toneladas, o que significa uma alta de 55% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo o Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço).
De acordo com Christiano da Cunha Freire, presidente do Inda, dois fatores explicam esse recorde de julho. Em primeiro lugar, o aquecimento do mercado interno. Só as vendas para a indústria automobilística cresceram 26% no mês e responderam por quase 20% do segmento de distribuição de aço. Também estão aquecidos os setores de máquinas agrícolas e de bens de capital.
Outra razão apontada por Cunha Freire para esse recorde foi o fato de muitas empresas terem antecipado as compras de aço para escapar de uma nova alta dos preços do produto. A partir de meados de julho, as usinas siderúrgicas começaram a promover novos aumentos da ordem de 15%. Foi o terceiro reajuste do ano, e o quarto não está descartado.
As vendas de aço estão concentradas no mercado doméstico. O país consome atualmente mais de 90% do que produz. Até poucos anos atrás, o Brasil era um dos maiores exportadores de aço do mundo.
"As exportações de aço simplesmente acabaram", diz Cunha Freire.
O grande risco desse ritmo alucinante de vendas de aço, de acordo com o presidente do Inda, é o de faltar produto no mercado. Essa preocupação já levou o governo até a estudar a adoção de algumas medidas para facilitar a importação de aço, mas a idéia não vingou até o momento.
Cunha Freire acha que o governo desistiu de abrir o mercado à importação do aço pelo fato de as siderúrgicas estarem atendendo plenamente as necessidades do mercado interno.

OS MILIONÁRIOS VÊM AÍ

A Sotheby's, especializada em venda de imóveis de luxo e leilões de obras de arte, quer facilitar a compra de fazendas e resorts no Mercosul para investidores estrangeiros. Peter Turtzo, diretor internacional da empresa, chegou a São Paulo ontem para discutir estratégias. Entre as iniciativas, estão o detalhamento das leis dos países e a publicação de folhetos com imagens de propriedades. Segundo Fábio Rossi Filho, diretor da Sotheby's no Brasil, a empresa vai sugerir imóveis comerciais em São Paulo, ilhas em Angra dos Reis, resorts no Nordeste e fazendas em todo o país. "Percebemos interesse estrangeiro em investir tanto em imóveis para negócios quanto em propriedades para lazer", diz Rossi.

VIAS DE FATO
Samuel Gomes, presidente da Ferroeste, foi contido por seguranças na ante-sala de Bernardo Figueiredo, diretor-geral da ANTT. Aos gritos, pedia acesso a uma nota técnica da agência reguladora sobre a concessionária. O acesso foi negado. Após ligar ao governo do Paraná, dono da ferrovia, Gomes saiu da agência, dizendo que obteria o documento de outro jeito. O presidente da estatal paranaense, que quase foi expulso da sede da agência, acusava Figueiredo de estar a serviço da ALL, outra concessionária de ferrovia.

CONSTRUÇÃO
EMPREGO SOBE 33% NO ACUMULADO EM 12 MESES

O nível de emprego na construção pesada teve a sexta alta mensal seguida, com avanço de 2,46% em julho, segundo o Sinicesp (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo). Em 12 meses, o aumento foi de 33,16%, com a abertura de 12.430 postos de trabalho no período. Em julho de 2007, o setor empregava 37.481 trabalhadores. Em julho deste ano, eram 49.911 empregados.

À MESA
O presidente Lula foi convidado e está inclinado a comparecer ao jantar de comemoração dos 60 anos do grupo Pão de Açúcar, no Fasano, em São Paulo, no dia 5.

PRETO E BRANCO
A crise no Citigroup está pesada. O maior banco dos EUA em ativos proibiu seus funcionários de fazer reuniões fora do escritório e reduziu o uso de fotocópias coloridas para cortar gastos, segundo a Bloomberg. O Citigroup fechou cerca de 14 mil postos de trabalho no primeiro semestre. Máquinas de cópias coloridas serão tiradas de escritórios. O luxo ficará restrito a apresentações para clientes. O banco não especifica quanto pretende economizar com isso.

País deve rever política industrial, diz economista

Além de definir o modelo de exploração para o petróleo que será retirado da região do pré-sal, é fundamental que o governo federal desenvolva também uma política industrial para toda a cadeia do petróleo, segundo análise do economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP.
"O desafio não é só agregar valor na exploração e comercialização do petróleo bruto, mas também da rede de empresas fornecedoras de bens e serviços associados", afirma o especialista.
De acordo com Lacerda, a atual política de desenvolvimento produtivo, lançada em maio, deve ser revista para atender as necessidades que surgirão com a exploração do petróleo.
O economista afirma que é preciso qualificar mão-de-obra e estimular a parceria de empresas com institutos de pesquisa e universidades.
A inovação tecnológica e a melhora da competitividade das indústrias locais serão fundamentais para que os investimentos no pré-sal gerem benefícios para a sociedade, afirma o economista da PUC-SP.

LIQUIDEZ
Os quotistas da corretora do mercado financeiro Liquidez Distribuidora de Títulos assinaram contrato de venda de suas ações para a BGC Global Holdings, da BGC Partners Inc.. A transação ainda está sujeita à aprovação do Banco Central.

DIÁSPORA
As visitas de internautas de fora do Brasil no site VoteBolsa (www.votebolsa.com.br), voltado ao mercado de ações, passaram de 6% do total das visitas em maio e junho para 3,5%. Segundo o site, a turbulência no mercado causou a queda e fez com que as visitas dos estrangeiros voltassem ao nível que era registrado antes do grau de investimento concedido ao Brasil.

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e HUMBERTO MEDINA



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