Idéia de Gabrielli é obter recursos para explorar pré-sal e elevar participação do governo na estatal

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, apresentou ontem as propostas da estatal para exploração do petróleo dos campos da camada do pré-sal, entre elas uma capitalização da empresa, na reunião no Planalto da comissão que estuda o novo modelo do setor.
O teor das propostas foi classificado de "confidencial", e sua divulgação, proibida pelo governo para evitar especulações no mercado acionário.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou sigilo aos ministros que participam dos estudos, preocupado com o vazamento de informações que acabou tendo repercussão negativa para a estatal nas Bolsas.
Antes da reunião, por exemplo, um assessor do presidente Lula comentava não estar em discussão uma desapropriação das áreas do pré-sal já leiloadas. E que a especulação em torno dessa medida gerou críticas sobre algo que o governo não deseja adotar.
Ontem, todas as transparências apresentadas por Gabrielli tinham a tarja de confidencial. As cópias impressas entregues aos ministros foram recolhidas ao final para evitar riscos de vazamento dos dados.
Apesar do sigilo da reunião, uma das propostas da Petrobras é um aumento do capital da empresa para que a estatal tenha condições de fazer os investimentos necessários para explorar os campos e construir novas refinarias. A capitalização aumentaria ainda a participação do governo na empresa.
Cálculos de técnicos da estatal indicam, por exemplo, que apenas na região do pré-sal já leiloada, onde há uma estimativa de uma reserva que vai de 50 bilhões a 70 bilhões de barris, o investimento total pode chegar a US$ 600 bilhões -da Petrobras e das outras empresas com participação na área.
Seguindo a linha de evitar especulações, o governo agendou a divulgação de suas propostas finais para o novo modelo de exploração de petróleo no país exatamente para uma sexta-feira, dia 19 de setembro, depois do mercado fechado.
Ontem, antes da reunião da comissão de ministros que estuda as novas regras, o presidente Lula tratou da questão durante encontro com seu conselho econômico informal no Planalto. E voltou a dizer que ainda não há uma definição sobre o novo modelo, mas que seu objetivo é proteger os interesses da sociedade no negócio, buscando maximizar os lucros com a exploração do petróleo para a população brasileira.
Apesar de dizer que ainda não há definição, o governo continua inclinado a adotar um sistema semelhante ao da Noruega, onde há uma estatal que administra as reservas da União e um fundo soberano que cuida da aplicação das receitas advindas da exploração do petróleo no país.


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