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Brasil receberá US$ 3,9 bi do FMI para reforçar reservas
Fundo distribuirá US$ 250 bi entre países-membros para proteger contas externas
Com reservas de US$ 215 bi, país não deve usar a verba adicional, diz o BC, para quem o mais provável será que o Brasil socorra outros países
Rafael Marchante - 29.mai.09/Reuters
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Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, no Marrocos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro vai receber US$ 3,9 bilhões do FMI
(Fundo Monetário Internacional) como parte de um programa de injeção de recursos que a
instituição está implementando com todos os seus membros.
O dinheiro será depositado nas
reservas internacionais do Brasil, hoje de aproximadamente
US$ 215 bilhões.
Não se trata de um empréstimo, e sim de uma cota de recursos a que todos os países-membros do FMI têm direito. Ao todo, serão repartidos US$ 250
bilhões entre eles. A operação
será feita com uma espécie de
título emitido pela instituição,
por isso não envolverá nenhum
custo adicional nem ao FMI
nem a seus participantes.
O assunto foi negociado e decidido no encontro do G20
ocorrido no último mês de abril
em Londres, como parte do esforço a ser feito para amenizar
os efeitos da crise mundial.
Atualmente, o Brasil já possui
em suas reservas US$ 560 milhões desse tipo de papel, chamado de DES (Direito Especial
de Saque). Trata-se de uma espécie de moeda emitida pelo
FMI cuja cotação é calculada a
partir da variação do euro, da libra, do iene e do dólar.
Desde 1981, o FMI não fazia
uma distribuição desse tipo.
Os recursos injetados pelo
fundo agora só servem para
proteger os países em caso de
crises que afetem suas contas
externas. Em ocasiões dessas, o
país que estiver precisando de
recursos recorre ao FMI e pede
para que os DES sejam trocados por alguma moeda forte
-dólar ou euro, por exemplo.
Ao receber esse pedido, o
FMI pode determinar que um
ou mais países que estejam
com uma situação econômica
mais equilibrada forneçam os
dólares -ou outra moeda- necessários para que essa troca
seja efetuada.
Segundo a diretora de Assuntos Internacionais do Banco
Central, Maria Celina Arraes, o
Brasil não tem necessidade de
apelar para esse mecanismo
devido ao elevado saldo já mantido atualmente nas reservas
internacionais. O que pode
acontecer, diz ela, é o país ser
chamado a socorrer outros
membros do FMI.
Caso isso aconteça, o Brasil
pode ser chamado a emprestar
até US$ 7,8 bilhões ao FMI,
que, por sua vez, repassaria o
valor a outro país.
A injeção de recursos do FMI
será feito em duas parcelas. A
primeira, de US$ 3,5 bilhões,
está prevista para amanhã, e a
segunda, de US$ 433 milhões,
para o próximo dia 9.
Em junho, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva havia comemorado empréstimo de US$
10 bilhões do Brasil ao fundo,
dizendo que o país não tinha
mais motivos para temer o órgão. "Antigamente, as pessoas
ficavam de joelhos para o FMI.
Vocês viram que engraçado:
nesta semana eu emprestei
US$ 10 bilhões para o FMI",
discursou, à época. Foi a primeira vez que o país exerceu o
papel de financiador do fundo.
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