São Paulo, quinta-feira, 27 de agosto de 2009

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Brasil receberá US$ 3,9 bi do FMI para reforçar reservas

Fundo distribuirá US$ 250 bi entre países-membros para proteger contas externas

Com reservas de US$ 215 bi, país não deve usar a verba adicional, diz o BC, para quem o mais provável será que o Brasil socorra outros países

Rafael Marchante - 29.mai.09/Reuters
Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, no Marrocos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro vai receber US$ 3,9 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional) como parte de um programa de injeção de recursos que a instituição está implementando com todos os seus membros. O dinheiro será depositado nas reservas internacionais do Brasil, hoje de aproximadamente US$ 215 bilhões.
Não se trata de um empréstimo, e sim de uma cota de recursos a que todos os países-membros do FMI têm direito. Ao todo, serão repartidos US$ 250 bilhões entre eles. A operação será feita com uma espécie de título emitido pela instituição, por isso não envolverá nenhum custo adicional nem ao FMI nem a seus participantes.
O assunto foi negociado e decidido no encontro do G20 ocorrido no último mês de abril em Londres, como parte do esforço a ser feito para amenizar os efeitos da crise mundial. Atualmente, o Brasil já possui em suas reservas US$ 560 milhões desse tipo de papel, chamado de DES (Direito Especial de Saque). Trata-se de uma espécie de moeda emitida pelo FMI cuja cotação é calculada a partir da variação do euro, da libra, do iene e do dólar.
Desde 1981, o FMI não fazia uma distribuição desse tipo.
Os recursos injetados pelo fundo agora só servem para proteger os países em caso de crises que afetem suas contas externas. Em ocasiões dessas, o país que estiver precisando de recursos recorre ao FMI e pede para que os DES sejam trocados por alguma moeda forte -dólar ou euro, por exemplo.
Ao receber esse pedido, o FMI pode determinar que um ou mais países que estejam com uma situação econômica mais equilibrada forneçam os dólares -ou outra moeda- necessários para que essa troca seja efetuada.
Segundo a diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Maria Celina Arraes, o Brasil não tem necessidade de apelar para esse mecanismo devido ao elevado saldo já mantido atualmente nas reservas internacionais. O que pode acontecer, diz ela, é o país ser chamado a socorrer outros membros do FMI.
Caso isso aconteça, o Brasil pode ser chamado a emprestar até US$ 7,8 bilhões ao FMI, que, por sua vez, repassaria o valor a outro país.
A injeção de recursos do FMI será feito em duas parcelas. A primeira, de US$ 3,5 bilhões, está prevista para amanhã, e a segunda, de US$ 433 milhões, para o próximo dia 9.
Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia comemorado empréstimo de US$ 10 bilhões do Brasil ao fundo, dizendo que o país não tinha mais motivos para temer o órgão. "Antigamente, as pessoas ficavam de joelhos para o FMI. Vocês viram que engraçado: nesta semana eu emprestei US$ 10 bilhões para o FMI", discursou, à época. Foi a primeira vez que o país exerceu o papel de financiador do fundo.


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