São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Bolsa já acumula alta de 9,3% no mês

Com impulso de investidores estrangeiros, Bovespa avança 1,46% e se aproxima dos 60 mil pontos; no ano, avanço é de 34,3%

Expectativa de que banco central dos EUA volte a reduzir os juros anima os mercados; dólar recua 0,70% e fecha a R$ 1,848

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O apetite dos investidores estrangeiros por ações brasileiras garantiu à Bovespa a quebra de mais um recorde. A alta de 1,46% de ontem levou os ganhos acumulados pela Bovespa em setembro a 9,29% e a uma marca inédita de 59.714 pontos.
Até o dia 21, as compras de ações feitas pelos estrangeiros na Bolsa no mês superaram as vendas em R$ 2,51 bilhões, montante mais elevado desde os R$ 2,61 bilhões registrados em janeiro de 2006.
O movimento de alta prevaleceu nas principais Bolsas do mundo. Nos EUA, o índice Dow Jones, referência do mercado, valorizou-se em 0,72%; a Nasdaq ganhou 0,58%. A Bolsa de Londres teve alta de 0,56%.
Na semana passada, o Fed (banco central dos EUA) decidiu reduzir os juros básicos do país de 5,25% para 4,75%, em magnitude superior à expectativa da maioria do mercado. Com juros menores, os investidores realocaram parte de seu capital no mercado acionário, que carrega maiores riscos de perdas, mas que pode propiciar retornos mais elevados.
"O Fed detonou uma onda de apetite por risco. E o fluxo de estrangeiros para o mercado brasileiro tem sido muito positivo nos últimos dias", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Ontem, a divulgação de um recuo mais intenso que o projetado nas encomendas de bens duráveis nos EUA favoreceu o mercado acionário global. Os dados, que apontaram desaquecimento econômico, elevaram as chances de o Fed voltar a reduzir os juros americanos em sua reunião de outubro.
O volume negociado ontem no pregão da Bovespa foi 20% superior à média diária do ano, alcançando os R$ 5,2 bilhões. Isso demonstra que a busca por ações foi intensa.
Mas analistas financeiros lembram que, com a Bovespa em patamares recordes, cresce a possibilidade de haver realização de lucros. Ou seja, mesmo confiantes no momento positivo da Bolsa, investidores podem optar por vender ações para embolsar ganhos acumulados. Esse tipo de movimento pode levar a Bolsa a recuar mesmo sem notícias negativas.
No ano, a Bovespa acumula valorização de 34,27%. Por enquanto, é o melhor resultado anual desde 2003, quando houve apreciação de 97,3%.
"O mercado brasileiro tem uma dependência muito grande dos EUA. Vemos um período de bonança de curto prazo, motivado pela decisão do Fed [banco central americano] de reduzir os juros mais fortemente que o esperado pela maioria na semana passada. Mas o cenário econômico internacional ainda está muito indefinido", diz Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
A crise de solvência do setor de crédito habitacional de alto risco dos EUA começou a afetar negativamente o desempenho dos mercados na última semana de julho. Em meados de agosto, as Bolsas bateram em seus menores patamares recentes -recuperaram-se apenas nas últimas semanas.
No mercado de câmbio, o dólar encerrou em seu mais baixo valor desde 23 de julho, após recuar 0,70% e ir a R$ 1,848. Uma queda de cerca de 0,4% hoje levará o dólar a sua mais baixa cotação desde 2000.
Analistas esperam que o BC volte a comprar dólares dos bancos em breve.


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