|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bolsa já acumula alta de 9,3% no mês
Com impulso de investidores estrangeiros, Bovespa avança 1,46% e se aproxima dos 60 mil pontos; no ano, avanço é de 34,3%
Expectativa de que banco central dos EUA volte a reduzir os juros anima
os mercados; dólar recua 0,70% e fecha a R$ 1,848
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O apetite dos investidores estrangeiros por ações brasileiras
garantiu à Bovespa a quebra de
mais um recorde. A alta de
1,46% de ontem levou os ganhos acumulados pela Bovespa
em setembro a 9,29% e a uma
marca inédita de 59.714 pontos.
Até o dia 21, as compras de
ações feitas pelos estrangeiros
na Bolsa no mês superaram as
vendas em R$ 2,51 bilhões,
montante mais elevado desde
os R$ 2,61 bilhões registrados
em janeiro de 2006.
O movimento de alta prevaleceu nas principais Bolsas do
mundo. Nos EUA, o índice Dow
Jones, referência do mercado,
valorizou-se em 0,72%; a Nasdaq ganhou 0,58%. A Bolsa de
Londres teve alta de 0,56%.
Na semana passada, o Fed
(banco central dos EUA) decidiu reduzir os juros básicos do
país de 5,25% para 4,75%, em
magnitude superior à expectativa da maioria do mercado.
Com juros menores, os investidores realocaram parte de seu
capital no mercado acionário,
que carrega maiores riscos de
perdas, mas que pode propiciar
retornos mais elevados.
"O Fed detonou uma onda de
apetite por risco. E o fluxo de
estrangeiros para o mercado
brasileiro tem sido muito positivo nos últimos dias", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Ontem, a divulgação de um
recuo mais intenso que o projetado nas encomendas de bens
duráveis nos EUA favoreceu o
mercado acionário global. Os
dados, que apontaram desaquecimento econômico, elevaram as chances de o Fed voltar
a reduzir os juros americanos
em sua reunião de outubro.
O volume negociado ontem
no pregão da Bovespa foi 20%
superior à média diária do ano,
alcançando os R$ 5,2 bilhões.
Isso demonstra que a busca por
ações foi intensa.
Mas analistas financeiros
lembram que, com a Bovespa
em patamares recordes, cresce
a possibilidade de haver realização de lucros. Ou seja, mesmo confiantes no momento positivo da Bolsa, investidores podem optar por vender ações para embolsar ganhos acumulados. Esse tipo de movimento
pode levar a Bolsa a recuar
mesmo sem notícias negativas.
No ano, a Bovespa acumula
valorização de 34,27%. Por enquanto, é o melhor resultado
anual desde 2003, quando houve apreciação de 97,3%.
"O mercado brasileiro tem
uma dependência muito grande dos EUA. Vemos um período
de bonança de curto prazo, motivado pela decisão do Fed
[banco central americano] de
reduzir os juros mais fortemente que o esperado pela
maioria na semana passada.
Mas o cenário econômico internacional ainda está muito
indefinido", diz Jason Vieira,
economista-chefe da UpTrend
Consultoria Econômica.
A crise de solvência do setor
de crédito habitacional de alto
risco dos EUA começou a afetar
negativamente o desempenho
dos mercados na última semana de julho. Em meados de
agosto, as Bolsas bateram em
seus menores patamares recentes -recuperaram-se apenas nas últimas semanas.
No mercado de câmbio, o dólar encerrou em seu mais baixo
valor desde 23 de julho, após
recuar 0,70% e ir a R$ 1,848.
Uma queda de cerca de 0,4%
hoje levará o dólar a sua mais
baixa cotação desde 2000.
Analistas esperam que o BC
volte a comprar dólares dos
bancos em breve.
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: Escravidão como estado de espírito Próximo Texto: No continente, só Brasil volta ao nível pré-crise Índice
|