São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Crise no Fortis abala mercado europeu

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Um grande banco em dificuldades, que obriga o ministro das Finanças a vir a público para tranqüilizar os clientes. Uma nova injeção bilionária dos bancos centrais para tentar ressuscitar o mercado de crédito. E as Bolsas em queda, de olho no impasse sobre a aprovação do plano de resgate americano.
Assim foi mais um dia de incertezas nos mercados financeiros da Europa. O susto de ontem foi causado pelo banco belgo-holandês Fortis, cujas ações caíram 21%, na quinta queda consecutiva. Não bastou o banco emitir nota afirmando que tem à disposição "uma base diversificada de fundos de mais de 300 bilhões" (US$ 438 bilhões). Aliadas à expectativa em relação ao pacote americano, as turbulências do Fortis ajudaram a derrubar as principais Bolsas européias: Londres fechou em queda de 2,09%, Paris, de 1,50%, e Frankfurt, de 1,77%.
Numa iniciativa destinada a atender à demanda de recursos, os três maiores bancos centrais europeus anunciaram nova injeção de liquidez, após as maciças intervenções da semana passada.
O temor, além da solvência das instituições financeiras, é que a paralisia do mercado de crédito comece a ter impacto em outras indústrias, que dependem de empréstimos de curto prazo para manter suas operações. O BCE (Banco Central Europeu) ofereceu US$ 35 bilhões, o Banco da Inglaterra (BC britânico) prometeu US$ 30 bilhões e o BC da Suíça injetou US$ 9 bilhões.
Em Bruxelas, o drama em torno do Fortis continuava. Para recuperar a confiança perdida, foram tomadas medidas drásticas: além da palavra do ministro das Finanças, o presidente da empresa foi substituído e o banco vendeu US$ 15 bilhões em ativos para mostrar liquidez e solvência. A beira do abismo espantou a relutância da Europa até agora em seguir o exemplo dos EUA na missão de resgate.
"Nós garantimos que nenhum cliente, nenhum poupador será abandonado ao relento", afirmou Didier Reynders, ministro das Finanças da Bélgica.
O Fortis, que já se desvalorizou em 71% na Bolsa neste ano, está na mira de possíveis compradores. O banco rival holandês ING, o francês BNP Paribas e o britânico HSBC estariam entre os candidatos, segundo analistas.


Com agências internacionais


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