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Outro lado
Entidade diz ter o direito de prestar serviço
DA REPORTAGEM LOCAL
De uma pequena sala instalada em um prédio comercial na região central, Adolfo
Cardoso de Araújo, 50, comanda a Acesp (Associação
Comercial do Estado de São
Paulo), entidade que criou
em 1991 para "assessorar e
prestar serviços a novas empresas". Em meio a papéis
espalhados entre a mesa e a
estante, ele saca um documento com timbre oficial e
afirma "o direito de garantia
de propriedade foi concedido pelo Instituto Nacional da
Propriedade Industrial, somos patenteados há 11 anos e
detentores da marca".
Desde 1991, ele já abriu ao
menos três associações -comercial; de bares e restaurantes; e varejo de acessórios
para veículos. "As associações têm CNPJ, estão registradas em cartório, mas nunca funcionaram." A única em
funcionamento, diz, é a
Acesp, que envia em média
4.000 boletos por semana
para oferecer serviços.
"No boleto cobramos taxa
anual de R$ 389,98. Fornecemos telefone e endereço. Se
alguém telefona, deixamos
claro que a associação é livre.
Paga quem quer. De 4.000, se
20 pagarem é muito."
Um pequeno corredor dá
acesso a uma outra saleta
com computadores e impressoras. Em ao menos
duas mesas, pilhas e pilhas
de boletos dividem espaço
com exemplares do "Diário
Oficial" do Estado, fonte de
consulta para selecionar novos empreendedores.
Araújo afirma que a Acesp
funciona em nível estadual,
enquanto a ACSP, na cidade
de São Paulo. "A minha concorrente tinha prazo de 90
dias para nos impedir de usar
o nome registrado no instituto. Não fez isso nesse prazo, mas três anos depois. É
que na ACSP o lado político é
muito forte. Aqui não temos
presidente famoso."
Diz ainda que, pelo Código
Civil, a ACSP tinha prazo de
cinco anos para tentar impugnar a Acesp. "Entramos
com uma ação contra a ACSP
porque publicaram fatos que
não condiziam com a realidade. Mas a Justiça inverteu
o processo, nos proibiu de
usar o nome. Recorremos,
mas perdemos na segunda
instância. Perdemos por não
termos poder político."
Araújo diz que está esperando "apenas ser citado pela Justiça" para fechar a
Acesp. "Serei obrigado. Não
enviarei boletos, mas vou
continuar prestando serviço
aos que já pagaram."
A Folha não localizou as
associações que a ACSP informa atuarem irregularmente. São elas: Associação
das Empresas do Com. e
Serv. SP [como se denomina
nos boletos], Abrascom (Associação Brasileira do Comércio), Associação Nacional da Indústria e Comércio
e Acesp. O tefefone da Aceb
(Associação Comercial e
Empresarial do Brasil) não
está disponível.
(CR e FF)
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