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Meirelles anuncia troca na diretoria do BC
Diretores de Assuntos Internacionais e de Fiscalização deixam o cargo e serão substituídos por funcionários de carreira
Diretoria de Administração, que estava sendo acumulada, ganha titular, e Copom
passa a ter oito pessoas com direito a voto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou
ontem mudanças na composição de sua diretoria, aumentando de sete para oito o número
de pessoas no comando da instituição. O diretor de Assuntos
Internacionais, Paulo Vieira da
Cunha, e o de Fiscalização,
Paulo Cavalheiro, pediram demissão alegando "motivos pessoais" e serão substituídos por
funcionários de carreira do BC.
Além disso, outro funcionário de carreira foi indicado para
ocupar a Diretoria de Administração, que estava sendo acumulada por Antônio Gustavo
Matos do Vale, diretor de Liquidações e Desestatização.
Com isso, passam a ser oito as
pessoas com direito a voto no
Copom (Comitê de Política
Monetária do BC). A posse dos
diretores depende de aprovação do Senado.
Segundo o presidente do BC,
Henrique Meirelles, a mudança anunciada ontem é "rotineira, parte do processo normal de
evolução dos profissionais".
Dos dois diretores demissionários, o que ocupava o cargo
havia mais tempo era Paulo Cavalheiro, que estava no posto
desde março de 2003. Ele é
funcionário de carreira do BC
há 31 anos e agora, diz Meirelles, "vai cumprir a "quarentena" e depois vai procurar se colocar no mercado de trabalho".
"Quarentena" é o nome dado
ao período de quatro meses em
que as pessoas que deixam o governo não podem trabalhar no
setor privado em áreas próximas às dos cargos públicos que
ocupavam. O segundo diretor
de saída do BC, Paulo Vieira da
Cunha, foi nomeado em junho
do ano passado. De acordo com
Meirelles, ele pediu para se
afastar do cargo para voltar a
morar com a família nos EUA.
Vieira da Cunha permanece
no BC até janeiro do ano que
vem, e Cavalheiro deve continuar até que o nome de seu
substituto seja aprovado.
A Folha apurou que, no BC, a
troca não é vista como problemática, pois os diretores que
saem não fazem parte do grupo
dos principais operadores da
política monetária. Dessa forma, a avaliação é que a notícia
não deve gerar reação negativa
no mercado financeiro.
As mudanças "rotineiras" vinham sendo negociadas com o
presidente Lula nas últimas semanas. O martelo foi batido
anteontem, quando Meirelles
acertou os últimos detalhes
com o presidente sobre as trocas no BC, que também foram
informadas ao ministro Guido
Mantega (Fazenda).
No Planalto, a avaliação também é que as trocas foram rotineiras e não têm relação com a
decisão do BC de interromper,
na semana passada, o processo
de queda dos juros. Foi comentado até que Vieira da Cunha é
próximo a Meirelles e estava na
lista dos menos conservadores
da instituição.
Trata-se da terceira substituição de diretores neste ano. A
mais polêmica foi em março,
quando Afonso Bevilaqua deixou a Diretoria de Política Econômica. Bevilaqua era apontado como um dos mais conservadores entre os diretores do
BC e, por isso, acumulava atritos com a Fazenda. Depois da
posse dos novos indicados, subirá para 14 o número de pessoas que já passaram pela diretoria do BC desde o início do
governo Lula, em 2003.
Todos os indicados para a diretoria são funcionários de carreira da instituição. Alvir Alberto Hoffmann, 44, será o diretor de Fiscalização, área em
que já trabalhou entre 1978 e
2005, ocupando cargos diferentes. Formado em contabilidade pela Universidade Federal do Paraná, Hoffmann trabalhou, nos últimos dois anos, no
Departamento de Assuntos
Monetários e de Mercado de
Capitais do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Para a Diretoria de Administração, foi indicado Anthero de
Moraes Meirelles, 43. Doutor
em administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, era gerente do escritório
do BC em Belo Horizonte.
A Diretoria de Assuntos Internacionais será ocupada por
Maria Celina Berardinelli Arraes, 54, mestre em economia
pela UnB (Universidade de
Brasília) e que entrou no BC
em 1973. Foi secretária-executiva do BC em 1998, na gestão
de Gustavo Franco, e desde
1999 trabalhava no Pnud (Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento).
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